terça-feira, janeiro 15, 2008

Perante o arco íris

Nada de extraordinário aconteceu, ou sim, consoante as prioridades que queremos que façam parte dos nossos desejos. Mas normalmente a caminho de casa, nada de especial acontece: reconhecemos as caras, sabemos o caminho, as poças de água que queremos evitar, as pessoas com quem não nos queremos cruzar, admiramo-nos por termos chegado uns minutos mais cedo. Mas a caminho de casa dão-se as coisas mais fascinantes, invisíveis na vida dos demais e essenciais na minha.
A caminho de casa fui acompanhada por um arco-íris (por acaso ele alguma vez voz fez isso a vocês?), ia ali juntinho a mim, era capz de o tocar se me apetecesse, íamos lado a lado como duas crianças a brincar a beira rio num final da tarde, eu voava sobre rodas estrada fora e ele ali a suster o céu que de tanta vergonha havia acabado de chorar compulsivamente uns dois minutos, dois minutos e meios antes.
Chego a casa, já sem o arco a meu lado, e vejo que não está ninguém em casa, não tenho chave e não posso entrar, nem sequer fiquei chateada, com o escuro não me apeteceu não conseguir ver as minhas mãos no escuro e saí para a rua.
Olhei para longe e vi algo para o qual olho todos os dias, sem nunca realmente (re)ver, senti arrepios de frio...ou terão sido de saudade?
O que quer que tenha sido desejei o Verão a partir desse arrepio.
As noites abafadas pelos calor, a "apanhada" inocente mato fora, as cigarras cantantes, a luz das estrelas, o cheiro a melão fresco acabado de talhar, a brisa do campo, o fresco da arca frigorífica.
Olho para longe, a noite depressa acorda.
Lá ao longe, aquele mesmo longe da infância, vejo nuvens cor de rosa, vagarosas, estendidas sobre o firmamento. Firmamento esse ocupado por árvores, as mesmas que receava aos 8 anos, e que de tão longíquas e tão altas me pareciam poderem picar as inocentes nuvéns cor de rosa, as mesmas árvores que eu julgava abrigarem bruxas que passavam as manhãs a colher maças vermelhas e a tarde a envenená-las.
O meu Verão cheira a vestidos aos quadradinhos, a dias passados na praia a comer sandes de fiambre, cheira a gomos de laranja, a sonhos a preto e branco, a areia corada pelo sol, salgada pelo mar, e pele quente, a uvas molhadas, a beijos peganhentos de vizinhas, o meu Verão sabe a gelado de baunilha, a dores de barriga, escuto o velho carro do meu pai, as bruxas continuarão lá?

4 comentários:

l00ker disse...

É sempre refrescante aqui vir! ;)

kisses

1 dia depois disse...

Até ao verão é um pulo! Há tanto para aproveitar até lá, há tanta coisa para fazer. O verão é uma doce miragem para os nossos olhos mas acalmemo-nos (espero não ter inventado uma palavra) e toca a desfrutar o momento.

Apetece-me um hamburguer rockeiro, e a ti?

Bu

Princess Aurora disse...

Oh bu isso é por acaso coisa que se pergunte a esta pecadora glutona??
Hein??

Daniela Lopes Moura disse...

:))) E vai ser um Verão muito do bom!!
Mas até lá, deixemo-nos acompanhar por esses arco-íris, que dizem ter um tesouro no fim. Deixemo-nos sonhar que poderíamos correr por aquelas listinhas coloridas e escorregar por elas fora como me lembro que faziam os Ursinhos Carinhosos, quando era pequenina.

Beijinho da Iogurta