segunda-feira, março 28, 2011

Chuva para o almoço

Às vezes, mesmo sabendo que não temos razão, prosseguimos e não avistamos para lá de entre as gotas de chuva. O Sol deixa de espreitar e não conseguimos opor-nos aos nossos próprios sentimentos, mesmo sabendo que não temos razão. Trata-se de uma sensação ridícula, um cansaço da alma que corrompe os sentidos e não nos permite ver com a clareza que precisamos. Saber que não se faz o certo e mesmo assim persistir, saber que a vida é boa e bela demais para ser medida em folhas de papel mal impressas. Deixemos a chuva cair e levar com elas os nossos medos, nada há a temer. Nada. Viver apenas, respirar o teu corpo e deixar-nos cair no trapézio sem rede que é a nossa vida.

quinta-feira, março 17, 2011

Surpresas que nos fazem

segunda-feira, março 14, 2011

Quando chove

temos de agir assim.
Aliás, temos de agir assim sempre, principalmente quando chove.

quarta-feira, março 09, 2011

127 horas

Pop.
É a palavra que encontro para descrever, mínima e pudicamente o filme de Danny Boyle.
127 horas é o filme sobre um homem só, encurralado pela mão que foi "ao encontro" de uma pedra, ou será que a pedra é que foi ter com a mão?
Tendo a solidão como condição Mr Boyle opta por realizar uma obra em que o espectador vê repleta de imagens de cor com multidões em contraste grosseiro com a condição do protagonista.
Mais que um jogo de cor, 127 horas é um objecto com função sensorial, melhor que nos transmite sensações, e porque o Cinema é isso mesmo.
Com poucas deslocações de câmera retemos tudo aquilo pelo qual Aron Ralston passa desde a privação de alimentos e água, a exposição à luz e calor de dia e frio (muito frio) de noite, às alucinações consequentes e os vários momentos de reflexão pelo qual o mesmo vai percebendo os seus limites, por vezes ilundindo-os mas sempre consciente de que se havia algo a fazer, teria que o fazer a só consigo mesmo.
James Franco é competente como em tudo o que faz, executa e bem o papel, algo difícil atendendo ao facto de se tratar de one man show, tal como era difícil para Tom Hanks em Castaway.
Normalmente a academia premeia sempre este tipo de trabalhos o que é fácil de compreender, o actor tem margem para "brilhar" tal como tem margem (e como tem) para se espalhar ao comprido como se diz por aí... James Frnaco brilha por estar só, por transparecer toda uma gama de sentimentos e angúsitas, medos e ansiedades pelos quais uma pessoa numa situação limite daquelas poderia trasmitir.
O actor já nos tem maravilhado com alguns desempenhos, desde James Dean, a prostituto Sonny no filme de Nicolas Cage, que na altura mereceu boas críticas, aqui trata-se de um grande papel, apenas ofuscado pelo filme em si e no modo como a História se desenvolve ao ritmo avassalador de imagens colocadas que dão descanso ao espectador, nem por isso ao actor. Basicamente Danny Boyle oferece ao espectador a oportunidade de respirar através de explosão de imagens, é a botija de ar que recebemos de bónus, de outro modo o filme era uma tortura e o tema central deixava se ser o desempenho do actor. Porque verdade seja dito, as pessoas gostam de sangue, e é sangue que querem ver neste filme, Danny Boyle dá a volta à questão!
A reter: o olhar de Franco, a banda sonoro forte, a montagem e fotografia, a visão e projecção inteligente do realizador.

segunda-feira, março 07, 2011

A dois

Um estrondo interior, fervoroso e em crescendo.
"A dois" é algo que fazemos, juntos e que ninguém mais sabe.
Do nada, uma luz que se acende e ascende. Do nada e num ímpeto, um encontro de corpos em movimentos coreografados pelo som do bater dos corações.
Os corpos que se encaminham acompanhados ao final do dia pelas divisões do espaço, a sombra da noite infantil que se esbate na fronteira da Lua. Uma enchente de alegria, dois suspiros, um minuto e todo o mundo a acontecer: naquele preciso momento.
Prolongada a sensação, vida, sangue, fruição, dez sentidos, pares que se repetem, o teu gosto no meu, o meu corpo no teu, um sorriso esboçado que parece uma tela impregnada de cor, viva, bela e amante.
O poema de uma canção ainda a ser composta, a dedicatória de um livro já com muitas páginas lidas, uma pena leve que teima em cair sobre nós, o nosso sonho, a nossa vida. Isto é todo um reino de flores e rios prontos para nos receber.

terça-feira, março 01, 2011

Mudar de casa...mudar de vida?

Mudei de casa.
Aliás, estou ainda em fase de mudanças, transporto de uma casa para outra parte da minha vida, coisas e mais coisas que se colocam dentro de caixas livros, folhas, antiguidades e preciosidades chegadas do meu coração.
Mudo-me para uma nova casa, na nossa cidade, na artéria que nos faz chegar mais depressa a todas as coisas que fazem da nossa vida aquilo que ela é. E como foi bom percorrer aquele caminho hoje, lado a lado contigo. Caminhando entre o sol e a sombra, a brisa fria da manhã de Inverno e todas as outras pessoas do mundo nesta nossa cidade.
Não me é difícil mudar, nunca foi. Trata-se de uma nova etapa, que já iniciei há algum tempo sem me aperceber muito bem. Muda o local, o resto permanece, muda outra coisa, antes partilhava tudo comigo mesma, agora partilho-o contigo, todos os dias, dia a dia.
É bom descer a rua abraçada a ti, caminhar calmamamente, conversar enquanto o fazemos, é bom saber que sentes a minha falta à noite quando te deixo por breves momentos a dormir, é bom deixar a nossa casa e saber que a ela vamos regressar ao cair da noite.
À nossa!
Bem hajas.