segunda-feira, dezembro 31, 2007

De que são feitos os sonhos

O mal da revisitação de um ano que adormece para dar lugar a um que quer acordar, é chegar à conclusão de que por melhores ou piores que algumas coisas tenham sido, a verdade é que já não estão a fazer-nos companhia. As boas lá estão elas sorridentes e gloriosas acenando com coroas de louro num pedestal de mármore; as más quietas e sisudas e infelizes por já não nos poderem amedrontar mais, as pobrezinhas. Decidi hoje de manhã que este dia não seria o último de nada, mas antes a continuação de algo que teima em principiar-se! Se hoje é dia para ficar pensativa, que seja só pelas coisas boas que estão para vir e não pelas más que vieram cobrar uma vistinha rápida, deixar uma lembrança e enfim obrigar-nos a dar uma volta maior àquela prevista. O que me interessa, hoje, esta manhã e esta noite é exactamente- o momento: este estado de permanente ansiedade que me faz pular da cama todas as manhãs e apreciar o nascer do dia e o céu cor de rosa. Esse "nascer" que quero ver até ao momento derradeiro, porque se ele nasce todos os dias não é de bom tom não o ver, "o sol quando nasce é para todos" certo? São os projectos fáceis aqueles que transformo em "resoluções", são esses que me confortam, que me transmitem a ideia de "tarefa cumprida", gosto de metas perfeitamente transponíveis que me possibilitam os sonhos que ficam por sonhar, tenho para mim que são esses os que mais queremos ver realizados...são os sonhos que nem imaginamos que temos! São esses sonhos que que fazem de nós pessoas felizes. E cada filme não será em vão, nem cada fuga, nem cada ausência, nem cada sorriso, nem cada abalo à normalidade, nem cada conspiração estrelar para que os nossos caminhos turtuosos se alinhem, nem cada descoberta, nem o "oops" da minha cara amiga ao imaginar que estava a destruir a manga da minha camisola roxa, nem a cara de felicidade daquele menino que tinha mais chocolate e chantily na cara que na caneca, nem terá sido em vão o sol a fazer brilhar o azul infantil do céu do meio dia, nem as nuvens na presença da ausência de estrelas no meu regresso a casa, nem as mensagens trocadas com o amigo que não se importa de ler o que as melgas escrevem. Se as coisas fossem fáceis o que seria de nós? O momento. O regresso. O cair da noite. A música. O fogo. A face alva. As pequenas coisas. O anel gigantesco. A floresta encantada. O adeus. O Olá. O 2007 e o 2008! Foi um bom ano? Será com certeza!

Depedindo-me sem o fazer realmente

e já que coloco o maravilhoso labirinto no topo da minha lista deste ano, deixo aqui o teaser do próximo filme (espanhol)do mesmo cineasta: 'The orphanage', o melhor é mesmo não criar grandes expectativas!

domingo, dezembro 30, 2007

Top 6 de 2007

Costuma ser o top 3, 5 ou 10, pois bem o meu é o top 6 e refere-se a filmes visionados nas nossas salas (independentemnete do ano de produção): 1. Pan's labyrinth, Guilhermo del Toro 2. Eastern Promises, David Cronenberg 3. Zodiac, David Fincher 4. Rescue Dawn, Werner Herzog 5. Les chansons d'amour, Christophe Honoré 6. Elizabeth: the golden age, Shekhar Kapur

sábado, dezembro 29, 2007

quinta-feira, dezembro 27, 2007

Despojos de um Natal fílmico

Quanto ao último post, não há muito a dizer apenas que ainda não a preparei como deve de ser, é que tenho de arranjar uma música de coro, uns cartazes gigantes e tentar captar a inocência maquievélica do olhar de Andrew Lincoln, ah e este tipo de coisas só tem piada no Natal com neve e assim, por isso para o ano que vem a coisa faz-se, por isso é bom que neve no Natal de 2008! Mas devo dizer que ontem foi um dia altamente produtivo, dia 26 de Dezembro é o dia mais deprimente do ano, ficamos com aquela sensação de "Oh já acabou..", a mim apetece-me ficar de molho na cama a contemplar o tecto, e a pensar que "para o ano há mais", quase que me apetece tirar prazer de um cigarro. Ontem fiquei mesmo muito deprimida, arrasei com tudo o que era essa grande fatalidade do pós Natal chamada RESTOS, comi mais ontem que nos dias 24 e 25, e não sei se ria, se chore ou se fuja para a Suiça (Su queres-me aí?) é que pelo menos lá usamos roupa para lá de larga e bem que podemos estar grávidas de trigémeos que ninguém dá pelos putos! Agora mais a sério, ontem como estava a empaturrar-me de doces (ah Nini obrigada pela caixa de chocolates Garoto sua ORDINÁRIA, sim eram muitos bons, não já não há chocolates, sim a caixa tenho-a ali cheia de papéis vazios, GOrda és tu!). Mas como ia a dizer, uma Princesa deprimida que faz ela? Pousa a sua pança nobiliárquica no seu leito real, tapa-se com os gordos (até eles) cobertores, rebola para a esquerda e para a direita para chegar aos comandos e vê filmes! O primeiro da lista foi o maravilhoso Conto de Natal dos Marretas Logo a seguir à meia caixa de Ferrero Rocher veio este Serenata à chuva que foi uma estreia para mim, não não nunca tinha vsito e...gostei. Mas logo a seguir veio aquele que é o MEU FILME DE NATAL, posso mesmo dizer que este é o único filme (e reparem que é tão grande que tenho de virar o dvd para o LADO B a meio) que ainda não está a acabar e eu já estou a recuar uns quantos capítulos (fazendo batota..diria o meu sábio irmão) e a desejar que ele não termine nunca. Ah e sim choro sempre com a Scarlett a dizer "Tomorrow is another day!", ah e acho que este como é enorme o acompanhei com uma sandes (quem mandou comprar pão fresco a meio do dia) e comi aquelas coisas horríveis chamadas frutos secos... "um bocadinho de sal para cortar o doce" (diria a Vanessa)! E tudo vento levou E não contente, e já batendo as 10 e meia da noite, saco do cd para fora do leitor, e mudo para a rtp "só naquela" e que vejo eu? Charlie e a fábrica de chocolates Sim isto...Era Deus Nosso senhor e o filho recém nascido juntos a dizer "PECADORA, pensas que não te topámos sua leitoa mal assada, agora levas com o Willy Wonka (salvo seja) e nem mies"...e eu lá o vi com um sorriso nos lábios e algum medo do Todo Poderoso! Palavars finais, algumas. Foi bom rever o filme do sô Burton porque já não me lembrava das duas homenagens a senhores como Kubrik e Hitchcock (parodiando-os claro) e Busby Berkeley nas cenas musicais! Foi pena ter de levar com (outra vez esta falaciosa expressão) o Die Hard na tarde de 24, enquanto já me podia estar a deliciar com o meu Charlie (talvez dia 26 tivesse sido um dia diferente). Ah e palavra final, NÁUSEA!

segunda-feira, dezembro 24, 2007

O Natal da Princesa

Nunca tive um Natal diferente do anterior. O que é curioso porque eu mudo de ano para ano. Com estas duas ideias apercebmo-me da razão pela qual esta época é tão especial e tão chegada à caixinha mágica de música que é o meu coração. No fim, este dia mais não é do que todo o tempo que o antecede e o nosso desejo caprichoso de que ele páre para que de lá não saiamos sequer por um momentinho. Pois bem, o Natal não é o momento mas sim todo o que lhe antecede, o Natal é esta precisa hora, é a passagem da tarde com a chegada daquels que amamos, são as refeições fartas de sorrisos e boas vontades, é a espera, a espera. O Natal é a minha ilusão da chamada Noite Branca envolta em criaturas selvagens que se tornam dóceis ao cair da escuridão, são os postais feitos à mão ostentando casas feitas de pedra perdidas num manto também ele branco, tão branco que parece cinzento azulado, tão branco que se torna inantigível, tão branco que se perde no fumo da chaminé que é só minimazada porque a luminosa Lua espaçosa e soberba reluz solitariamente. Para lá do postal, o Natal são as atitudes, é o respeito das vontades dos outros, são os sorrisos nos olhos dos mais velhos, a esperteza arisca nos mais novos, é a saudade daqueles que já não estando comnosco são aqueles que realmente nunca nos deixam. ...Voltando ao postal ou ao filme, ou ao conto, lá no longe permance o castelo, pano de fundo esmagado pela noite estrelada, habitado pela alegria, reinado pela paz e graciosidade, e aí reside toda a sua poesia, e felizes daqueles que abrem os postais, lêem os contos, abrem os postais( vejam sempre os "postais" que vos são oferecidos), reparem na letra em que são escritos!! ...E no castelo é aguardada a Princesa, atrasada e ofegante, de capa vermelha e vestido esvoaçante, corre ela por entre as árvores escuramente protectoras, corre para junto da lareira alumiada e que faz "dos cabelos louros ouro e das barbas brancas prata". A Princesa é aguardada ansiosamente, manda os passarinhos voarem na sua direcção para que avisem os que a aguardam, que os acalmem "ela vem aí, ela vem aí", e ela com os presentes no regaço feitos vermelhos em flor, eis que chega a Princesa que vê o seu mundo "finalmente", o mundo dela. A princesa abranda, arranja o vestido, deixa cair a capa nos ombros, passa as portas gigantes e diz de si para si "valeu mesmo a pena, toda a pena...", e emociona-se com a felicidade dos outros. O Natal é uma tiara banhada de amor- ouro, cravejada de brilhantes- luz e fechada com beijos- mil, coroa uma cabeça livre, forte e encantada. Feliz Natal a todos, voltem também vocês aos vossos castelos porque sem eles nada faz sentido, voltem enquanto ainda podem voltar.
Agora sim, um natal perfeito.

domingo, dezembro 23, 2007

ए इस्तो é पर टी!

Ontem regressei a casa depois de um longo, mas não muito frio dia. Saí cedo e voltei tarde, tal como se quer. Pelas ruas de Lisboa deliciei-me no meio de multidões felizes a fazer compras, a procurar desejos encantados nas prateleiras que são repostas à velocidade da luz. Caras cansadas, cores fortes, luzes que vão para lá da nossa percepção, uma espiral mágica que só um ser com uma grande capacidade de nos arreliar não se consegue deixar sensibilizar. Matei as saudades da minha irmã, almoçámos dois kilos de sushi enquanto conversávamos sobre os Natais passados: "Lembras-te?" gosto tanto dessa expressão, dá-me a sensação de uma existência feliz na Linha do Tempo fiado pelas Parcas, aquele aprisionado nas fotografias meio dobradas. Seguiu-se um último adeus a alguém especial (sim, sim "já lhes falei sobre nós e reagiram bem"),falámos do Futuro (essa incerteza, os planos, os sonhos, a cidade), recordámos o Passado mais pobre e não menos alegre, apenas diferente, onde algo se perdeu e algo se deixou ficar na nossa memória ecoando nos nossos actos, e falámos do Presente, mas esse passa tão depressa que mais vale vivê-lo. Fazes-me bem! É incrível como frases como "está bem, está bem" colocam tudo a perder e frases como "mãos de fada" e "ai uma passadeira" nos fazem emergir do subsolo e nos fazer ascender a uma existência mais plástica, mais concreta, mais próxima daquilo que queremos para nós, mais longe dos afectos mas mais perto de tudo o resto. É incrível como um mesmo lugar nos pode trazer boas e más memórias, as boas para nos fazer prosseguir, as más para nos ajudar a crescer. Este post vai inundado de borbotos e por isso sabes que é para ti. Se nem sempre vemos aquilo que olhamos, sei também que não é fácil olharmos para aquilo que vemos. Eu vejo aquilo que quero, olho muito pouco, mas vejo sempre, e tu estás sempre lá, no meu lado esquerdo.

Não resisti...

David Fonseca sings "Amazing Grace" O melhor videoclip deste Natal de um músico português (só orgulho)

sábado, dezembro 22, 2007

Um dia de cada vez

Refeita do sonho, debruço-me sobre um problema que apoquenta silenciosamente um elevado número de pessoas neste alterado mundo. Sabemos que existem coisas absolutamente desnecessárias e sem as quais já não conseguimos imaginar as nossas vidinhas, existe o telemóvel (esse cada vez mais complexo aparelho que além de fazer telefonemas, manda palavras indecifráveis para os telemóveis dos outros, permite fazer contas complicadas, tira fotografias, e eu acho mesmo que vem aí um novo modelo que tira umas tostas mistas ui, ui!). Mas não é só o telemóvel, existem os cartões disto e daquilo (nenhum deles com dinheiro corrente), os porta chaves mais estranhos e bizarros,e eu devo admitir que possuo mesmo um relógio despertador que projecta a hora na parede, enfim..ninguém disse que eu era perfeita, já tentaram mas eu refuto a ideia com este belo post! Ele há pessoas que temem coisas como não fazer depilação e logo nesse dia partir uma perna e ir direitinha (ou direitinho) ao hospital, ou usarem as suas piores meias ( e rotas) no dia em que tiveram um valente acidente rodoviário, e digo sobre isto que são medos perfeitamente justificáveis, há coisas toleráveis, mas acidentados com roupa interior para lá de medíocre é do piorio. Mas meus caros, devo confessar que o medo com o qual convivo todos os dias tem outro nome, e ele é O MEU MP3. Vá eu onde vá, não me consigo imaginar sem dois fios brancos a sair-me pelos ouvidos, já tentei sair de casa mas voltei atrás para os ir buscar, e quando me faltam as pilhas..ui fico danadinha!! E sei que não estou sozinha nesta luta contra a dependênncia, já me foi adiantado que é um processo gradual, cada dia é uma vitória, mas com a ajuda daqueles que me amam sei que vou conseguir. Sei bem que este é um problema geral do qual muitos padecem, a sociedade emaranha-nos nas suas astutas teias e é de lá muito difícil de sair diria aquele psicólogo que às vezes vai ao telejornal da Sic, mas meus caros o meu grande medo não são "as meias rotas", ou a lingerie cor de carne (sem lacinhos nem nada), nem muito menos a depilação por fazer...e se os paramédicos me vão escutar o MP3? "Perdida" meus caros é como ficarei, dirão algo como " Eh pá esta gaja é caso perdido, desliguem mas é as máquinas, salvemos quem quer ser ajudado!", meus caros e eu morrerei vítima de uso e absorção sonora e abusiva de MP3. O MP3 é perigoso porque não ouvimos coisas como "A linha amarela está temporariamente encerrada", ou " A menina sabe onde fica a sala 2.1?", e isto é o início da nossa alienação social, e vocês sabem como é que terminam os casos de alienamento social! Tomei uma decisão, entrei na sala, puxei duma cadeira e disse "Olá eu sou a Leila e sofro de uso abusivo de Mp3!" e escutei do outro lado "Olá Leila!" A lista do MP3 (a razão porque os paramédicos me chamaram de CASO PERDIDO: All That she wants- Ace of Base Enchanted Melody-The Righteous Brothers Un'altra te- Eros Ramazzotti I saw the sign- Ace of base No rancho fundo- Tieta The first Noel- Elvis Presley Bem Bom- Doce Macarena- Alvin and the chipmonks Roseira Brava- Paco bandeira Sobe, sobe balão sobe- Manuela Bravo

quinta-feira, dezembro 20, 2007

A luz na (e da) cidade dos meus sonhos...

... e enquanto vou aguradando impacientemente pela hora do brownie e da chávena de chá Earl Grey procuro uma imagem que reflicta uma pequena, pequena imagem que reflicta uma grande, grande sensação do que é estar na minha cidade! As ideias são leves como folhas amontoadas nas beiras dos passeios esquecidos, as imagens âncoras que não nos deixam fugir para lado nenhum, são corações feitos de sonhos que nos enfeitiçam e nos deixam lá ficar e me fazem dizer que este ano voltando, fico lá.

terça-feira, dezembro 18, 2007

Eu adoro os senhores da Amazon

(A preciosidade pela módica quantia de 9 euros e picos) E obrigada Bu pelo encaminhamento do processo!

Let's put a smile on that face!

sábado, dezembro 15, 2007

O fim da aventura

Estou neste preciso momento a abraçar carinhosamante um trabalho a que me propus fazer. A ideia é simples: uma análise comparativa entre dois filmes, o original e o que lhe seguiu, o chamado remake. Se no ano passado me deleitei a fazer um trabalho do género, mas com vista a um romance e a sua respectiva adaptação fílmica, desta vez não são duas obras a relacionar, mas sim três porque resolvi complicar um pouco a coisa, e assim tratarei dois filme e o livro que lhes deu origem. Tenho então encontros marcados com The end of the affair de 1955 e The end of the affair de 1999 que serão os meus objectos de estudo e sim o de 1999 é um dos filmes da minha vida, e ambos baseados num dos mais tocantes e perturbadores romances que já li, The end of the affair de Graham Greene. A história é simples, uma mulher casada mantém um romance com um outro homem, entre os dois surge a guerra que lhes possibilita os encontros furtuitos, e um outro ser mais presente que tudo, surge Ele e todos os seus esmagadores valores, que faz lembrar, lembrar e nunca esquecer. Ele que devia unir as pessoas e mais não faz que as separar, que as obriga a fazer promessas e a corromper as suas almas ancorando os seus sentimentos, Ele que diz que o desejo é quando satisfeito é sinal de que merecemos ser castigados, Ele que que fala em Amor e não acredita em coincidências, Ele que levou Sarah apenas porque Sarah O amava, e porque ela trocou a sua Paz pela Paz dele. O que deveria ser um romance sobre o ódio a Deus consubstancia-se num texto (talvez O texto) mais angustiante que já li e que tem o poder de se transformar na mais bela declaração de amor feita por um homem perdido na Terra a uma mulher perdida no Céu. Porém ao terminá-lo percebi que este livro não é sobre ódio, e sim sobre Amor,e só odeia quem é capaz de amar seja o que for, Bendrix tinha medo de não ter conseguido amar Sarah, mas Bendrix consegue odiar Deus. E Sarah viu-se obrigada a desejar a morte daquele a quem mais amou, Sarah partiu numa tarde de bombardeamentos em Londres e nunca mais voltou, passando o resto dos seus dias a tentar encontrá-Lo em vão:
Perdi a Paz. Quero Maurice. Quero o vulgar e corrupto amor humano. Ó meu Deus, bem sabes quanto desejo desejar a dor que me ofereces, mas, neste momento não. Afasta-a de mim por um instante, oferece-ma noutra altura.
Deus não escutou Sarah.
Sarah: Love does not end just because you stop seeing each other.
Bendrix: That's not my kind of love.
Sarah: Maybe there's no other kind.
Gosto de fazer trabalhos assim.

O que é bom é para ser visitado pela princesa!!

E portanto aqui ficam os links de:

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Globos de Ouro

Ui este ano é caso para dizer "há pó menino e pá a menina!", pois que este ano choveram nomeações para aquele lado do globo, dilataram-se as correntes de nomes que coroam cada categoria e prevejo já muito filme a ganhar numa ou duas categorias. Sim este ano será difícil haver "o grande vencedor da gala".
De qualquer modo,a minha felicidade ao ver Atonement na frente, algum desagrado pela omissão de nomes como Joaquin Phoenix, Daniel Day Lewis e Russel Crowe (eu não gosto dele, mas não posso deixar que o ódio me domine nestas situações), Christian Bale também é com pena que não o vejo por lá, e a ausência de Vincent Cassel na categoria de melhor actor secundário também me custa um pouco,
O certo é que entre mortos e feridos, são mesmo assim bem jeitosinhos os sobreviventes, para o resto da lista..já sabem o que fazer!

quinta-feira, dezembro 13, 2007

That's how you know...

que não há nada como um filme inocente para brindar ao Natal!
Mas também ajuda ouvir o Patrick Dempsey a dizer:
I don't dance.
And I really don't sing.
Já não se fazem Príncipes como antigamente.

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Qualquer semelhança (não) é pura coincidência

Quando me preparava para deixar umas palavras sobre Funny games e sobre a sua colagem inspirativa em Clockwork Orange, não só pelo tema (ou melhor uma simples cena do filme de Kudbrik), pela cor, pelo "mind games", pela parecença física entre Michael Pitt e Malcolm Macdowell e pela violência explícita, eis que me deparo com a verdade Funny games é um ramake shot by shot do filme com o mesmo nome de 97 de Michael Haneke.
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Assim vejo-me na obrigação de reformular a minha ideia, Funny games com Naomi Watts, Michael Pitt e Tim Roth é um remake shot by shot do filme de 97 com o mesmo nome, mas com todas as influências do filme de Stanely Kubrick. Deste modo trata-se de um remake que nasce declaradamente de um outro filme (uma homengagem portanto como Gus Van Sant fez com Psycho) e nasce também para não fazer esquecer a ultra violência de 1971!
É por isto que gosto de cinema, porque aqui nada é coincidência!

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Hi Tekk feat Nikkfurie

Todos dizem que dos três o douze é o pior, mas eu cá como gosto mais de ver o que de melhor um filme tem do que o que de pior (acho mesmo que há gente paga para o efeito)!
Aqui fica Thé à la Menthe do duo francês La caution, "a fantástica cena dos lasers do Ocean's 12"....Enjoy (clicar na imagem)
Sim, porque não é só a Nini que posta "as malhas" de que gosta!!

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Hoje a caminho de casa

Hoje a caminho de casa, decidi apanhar o metro, nem sempre o faço, prefiro caminhar demoradamente pelas ruas nestes dias, são frios mas têm um encanto especial, o chão é cama feita para as atordoadas folhas secas das árvores que se abanam para delas se verem livres, e os pássaros corajosos voam vagarosa e destemidamente pelos céus mais próximos a nós. Hoje a caminho de casa, decidi apanhar o metro, tinha tempo, tinha bastante tempo mas fi-lo.
No metro também acontecem coisas. Entrei na carruagem que me escolheu na estação, e encontrei facilmente um lugar que me foi cedido pela ausência de alguém. Entrou também uma senhora, devia ter uns quarenta anos, era activa, mala às cotas, botas altas, camisa fina (“fina demais” achei eu). A senhora cativou-me. Não por ser bonita. Também não era feia, mas sentou-se estacionando o carro de uma criança à sua frente, notei que a senhora falava com alguém mas não percebi com quem, também não percebi o que dizia ao certo, eu ia de fones, esse vício irritante e pouco estético (não há nada mais sem graça que uma pessoa com dois fios a sair dos ouvidos). Como dizia, não percebi o que dizia mas percebi do que falava: era do seu filho. Era um menino ainda mais cativante, de olhar vago, que movia a cabeça de modo lento e pouco preciso, o olhar dele era compenetrado, tudo o chamava a atenção, desde a luz da carruagem ao vermelho dos bancos, e ele parecia oscilar entre uma presença ausente e um sono acordado. O menino é um daqueles meninos que “não é normal”, as mãozinhas dele também eram sinal dessa desobediência aos parâmetros mais sociais que humanos, os dedos pareciam querer agarrar algo que lá não estava (ou se calhar estava, e eu não conseguia ver). Hoje a caminho de casa, aquela mãe que enquanto falava e gesticulava (era tão engraçado vê-la do meu lugarzinho encostada à janela, eu uma “sua espia acidental“ ), ela não largava o seu menino que a olhava repetidamente pedindo-lhe atenção (pensei eu), talvez não, porque sempre que ele o fazia, ela retribua o olhar e fazia-lhe festinhas no nariz e nas bochechas. Hoje a caminho de casa, quando pensava que nada mais faria deste dia um”dia normal”, eis que chego ao meu destino. Levanto-me do meu lugar, e dirijo-me à porta para sair da carruagem, não pude evitar, e olhei o menino, quis despedir-me sem o conhecer, por coincidência (ou simplesmente porque alguém percebeu que este não era um dia normal) o menino olhou também, eu sorri (faço-o quando me sinto numa situação embaraçosa..pois não o queria olhar como todos os outros o olham) ele retribuiu, tal como fez com a mãe, e tal como ela fez com ele. Hoje a caminho de casa aprendi que se tivermos o coração aberto, tudo nele pode entrar, que as asas que julgamos cortadas nos permitem voar em todas as direcções, que a alegria dos outros é a nossa alegria, que se os planos que fazemos não se concretizam é preciso acreditar e dar lugar a outros…a dignidade nada tem a ver o “não saber cair” nem com “o saber levantar-se“, a dignidade tem a ver com o amor incondicional pela vida humana. Hoje a caminho de casa, e depois de apanhar o metro, seguiu-se o carro familiar (com familiares e tudo), e enquanto deixava o Campo Grande para trás reparei num avião que aterrava, qual pena que descai pelos ares em linhas horizontais: senti paz no meu regresso a paz, estou em paz.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Put the blame on me boys

THE DARK NIGHT

Ainda sobre "Eastern promises"

Refeita do duplo visionamento da obra, sento-me finalmente em frente ao écran do computador e arrisco umas linhas, que mais não serão que uma mera constatação de factos e uma mera exposição de sensações obtidas após o acontecimento.
Raramente me sucede semelhente coisa, como é que se costuma dizer mesmo "choque pós traumático"? é assim?
Pois aconteceu comigo na passada sexta feira, voltei para casa sem saber o que pensar, dizer, sentir... e demorou-se-me cinco dias a passar uma caneta por um pedaço de papel (um recibo de multibanco), mas ainda não contente com o resultado fiz como os pais mandam aos seus filhos "ultrapassar os medos", "enfrentar o bicho papão", sabem aquela sensação de adrenalina, aquela de antecipação de dor, vais custar, e mesmo assim não lhe conseguimos fazer frente e deixamo-nos sucumbir; entregamo-nos de mãos atadas e assim fui eu de novo à mesma sala de cinema para rever a obra. E agora que já vos escrevi umas tantas linhas sobre mim, deixem que me redima:
Cronenberg resolveu pegar num argumento no qual o dedo pudesse ser colcado profunda e demoradamente na ferida "dói não dói?", essa ferida é feita sangrar fazendo-nos perder os sentidos e é depois sarada aquando do genérico final, o mesmo tempo que uma tatuagem leva a sarar, com efeito são os tais cinco dias que referi atrás, os mesmos que me levaram ao início deste texto.
Sempre gostei do modo como este homem revela os seus argumentos, gosto dele portanto como contador de histórias, e atenção porque aqui calhou-lhe um argumento dos bons!
Mas em Promessas perigosas, gosto do modo como são filtradas as sensações, os crimes, os esquemas, os silêncios, as festividades, a injustiça, o tráfico de mulheres e a paralela violação dos seus direitos.
O que fica é o compasso de espera, uma espécie de limbo "russolondrino" no qual os russos se queixam do tempo de Londres "nunca neva, nunca faz sol" agudizados com o som de violinos feitos tocar até fazer "a madeira chorar", a madeira somos nós claro.
O que fica também é a persistência dos protagonistas masculinos lacónicos, Viggo Mortensen é contido e tem aqui a sua melhor interpretação, Naomi Watts está bem (como sempre) e a sua vulnerabilidade é já um paradigma das protagonistas femininas deste realizador, mas para brilhar chamemos Vincent Cassel, essa luz francesa que em contraste com o protagonista, nos enamora pela sua impulsividade, a sua exuberância, o seu exagero que não é porém categorizável, nada parece ser caricaturado, tudo flui do actor em direcção a nós.
Se é um filme violento?
É sim senhor.
Se é melhor que Uma história de violência?
É sim senhor.
Porquê?
Não sei, porque não se explica (sente-se).
Aprendi alguma coisa?
Que o confronto com a verdade é atrasado de dia para dia, e que vítimas esperam por ela: "mantém-te viva."
Que o chauffer de uma família de mafiosos faz mais do que guiar carros.
Que todas as tatuagens devem contar uma história.
Que um homem sentado sozinho à mesa numa noite de Natal tem uma verdade para revelar, verdade essa "atrasada" por uma mentira necessária "mantém-te viva".
(queria que fosse um post mais técnico, mas desta vez não consigo)

domingo, dezembro 02, 2007

Coisas bem feitas? Eastern Promises é uma delas!

Se não choverem nomeações, a estes dois senhores, mais ao argumentista e ao compositor, então está na altura de me atirarem de um sexto andar, espetar-me um pauzinho no cérebro e tardar em chamar o tinóni...(texto crítico para breve, mas há que recuperar o fôlego)