segunda-feira, dezembro 31, 2007

De que são feitos os sonhos

O mal da revisitação de um ano que adormece para dar lugar a um que quer acordar, é chegar à conclusão de que por melhores ou piores que algumas coisas tenham sido, a verdade é que já não estão a fazer-nos companhia. As boas lá estão elas sorridentes e gloriosas acenando com coroas de louro num pedestal de mármore; as más quietas e sisudas e infelizes por já não nos poderem amedrontar mais, as pobrezinhas. Decidi hoje de manhã que este dia não seria o último de nada, mas antes a continuação de algo que teima em principiar-se! Se hoje é dia para ficar pensativa, que seja só pelas coisas boas que estão para vir e não pelas más que vieram cobrar uma vistinha rápida, deixar uma lembrança e enfim obrigar-nos a dar uma volta maior àquela prevista. O que me interessa, hoje, esta manhã e esta noite é exactamente- o momento: este estado de permanente ansiedade que me faz pular da cama todas as manhãs e apreciar o nascer do dia e o céu cor de rosa. Esse "nascer" que quero ver até ao momento derradeiro, porque se ele nasce todos os dias não é de bom tom não o ver, "o sol quando nasce é para todos" certo? São os projectos fáceis aqueles que transformo em "resoluções", são esses que me confortam, que me transmitem a ideia de "tarefa cumprida", gosto de metas perfeitamente transponíveis que me possibilitam os sonhos que ficam por sonhar, tenho para mim que são esses os que mais queremos ver realizados...são os sonhos que nem imaginamos que temos! São esses sonhos que que fazem de nós pessoas felizes. E cada filme não será em vão, nem cada fuga, nem cada ausência, nem cada sorriso, nem cada abalo à normalidade, nem cada conspiração estrelar para que os nossos caminhos turtuosos se alinhem, nem cada descoberta, nem o "oops" da minha cara amiga ao imaginar que estava a destruir a manga da minha camisola roxa, nem a cara de felicidade daquele menino que tinha mais chocolate e chantily na cara que na caneca, nem terá sido em vão o sol a fazer brilhar o azul infantil do céu do meio dia, nem as nuvens na presença da ausência de estrelas no meu regresso a casa, nem as mensagens trocadas com o amigo que não se importa de ler o que as melgas escrevem. Se as coisas fossem fáceis o que seria de nós? O momento. O regresso. O cair da noite. A música. O fogo. A face alva. As pequenas coisas. O anel gigantesco. A floresta encantada. O adeus. O Olá. O 2007 e o 2008! Foi um bom ano? Será com certeza!

Depedindo-me sem o fazer realmente

e já que coloco o maravilhoso labirinto no topo da minha lista deste ano, deixo aqui o teaser do próximo filme (espanhol)do mesmo cineasta: 'The orphanage', o melhor é mesmo não criar grandes expectativas!

domingo, dezembro 30, 2007

Top 6 de 2007

Costuma ser o top 3, 5 ou 10, pois bem o meu é o top 6 e refere-se a filmes visionados nas nossas salas (independentemnete do ano de produção): 1. Pan's labyrinth, Guilhermo del Toro 2. Eastern Promises, David Cronenberg 3. Zodiac, David Fincher 4. Rescue Dawn, Werner Herzog 5. Les chansons d'amour, Christophe Honoré 6. Elizabeth: the golden age, Shekhar Kapur

sábado, dezembro 29, 2007

quinta-feira, dezembro 27, 2007

Despojos de um Natal fílmico

Quanto ao último post, não há muito a dizer apenas que ainda não a preparei como deve de ser, é que tenho de arranjar uma música de coro, uns cartazes gigantes e tentar captar a inocência maquievélica do olhar de Andrew Lincoln, ah e este tipo de coisas só tem piada no Natal com neve e assim, por isso para o ano que vem a coisa faz-se, por isso é bom que neve no Natal de 2008! Mas devo dizer que ontem foi um dia altamente produtivo, dia 26 de Dezembro é o dia mais deprimente do ano, ficamos com aquela sensação de "Oh já acabou..", a mim apetece-me ficar de molho na cama a contemplar o tecto, e a pensar que "para o ano há mais", quase que me apetece tirar prazer de um cigarro. Ontem fiquei mesmo muito deprimida, arrasei com tudo o que era essa grande fatalidade do pós Natal chamada RESTOS, comi mais ontem que nos dias 24 e 25, e não sei se ria, se chore ou se fuja para a Suiça (Su queres-me aí?) é que pelo menos lá usamos roupa para lá de larga e bem que podemos estar grávidas de trigémeos que ninguém dá pelos putos! Agora mais a sério, ontem como estava a empaturrar-me de doces (ah Nini obrigada pela caixa de chocolates Garoto sua ORDINÁRIA, sim eram muitos bons, não já não há chocolates, sim a caixa tenho-a ali cheia de papéis vazios, GOrda és tu!). Mas como ia a dizer, uma Princesa deprimida que faz ela? Pousa a sua pança nobiliárquica no seu leito real, tapa-se com os gordos (até eles) cobertores, rebola para a esquerda e para a direita para chegar aos comandos e vê filmes! O primeiro da lista foi o maravilhoso Conto de Natal dos Marretas Logo a seguir à meia caixa de Ferrero Rocher veio este Serenata à chuva que foi uma estreia para mim, não não nunca tinha vsito e...gostei. Mas logo a seguir veio aquele que é o MEU FILME DE NATAL, posso mesmo dizer que este é o único filme (e reparem que é tão grande que tenho de virar o dvd para o LADO B a meio) que ainda não está a acabar e eu já estou a recuar uns quantos capítulos (fazendo batota..diria o meu sábio irmão) e a desejar que ele não termine nunca. Ah e sim choro sempre com a Scarlett a dizer "Tomorrow is another day!", ah e acho que este como é enorme o acompanhei com uma sandes (quem mandou comprar pão fresco a meio do dia) e comi aquelas coisas horríveis chamadas frutos secos... "um bocadinho de sal para cortar o doce" (diria a Vanessa)! E tudo vento levou E não contente, e já batendo as 10 e meia da noite, saco do cd para fora do leitor, e mudo para a rtp "só naquela" e que vejo eu? Charlie e a fábrica de chocolates Sim isto...Era Deus Nosso senhor e o filho recém nascido juntos a dizer "PECADORA, pensas que não te topámos sua leitoa mal assada, agora levas com o Willy Wonka (salvo seja) e nem mies"...e eu lá o vi com um sorriso nos lábios e algum medo do Todo Poderoso! Palavars finais, algumas. Foi bom rever o filme do sô Burton porque já não me lembrava das duas homenagens a senhores como Kubrik e Hitchcock (parodiando-os claro) e Busby Berkeley nas cenas musicais! Foi pena ter de levar com (outra vez esta falaciosa expressão) o Die Hard na tarde de 24, enquanto já me podia estar a deliciar com o meu Charlie (talvez dia 26 tivesse sido um dia diferente). Ah e palavra final, NÁUSEA!

segunda-feira, dezembro 24, 2007

O Natal da Princesa

Nunca tive um Natal diferente do anterior. O que é curioso porque eu mudo de ano para ano. Com estas duas ideias apercebmo-me da razão pela qual esta época é tão especial e tão chegada à caixinha mágica de música que é o meu coração. No fim, este dia mais não é do que todo o tempo que o antecede e o nosso desejo caprichoso de que ele páre para que de lá não saiamos sequer por um momentinho. Pois bem, o Natal não é o momento mas sim todo o que lhe antecede, o Natal é esta precisa hora, é a passagem da tarde com a chegada daquels que amamos, são as refeições fartas de sorrisos e boas vontades, é a espera, a espera. O Natal é a minha ilusão da chamada Noite Branca envolta em criaturas selvagens que se tornam dóceis ao cair da escuridão, são os postais feitos à mão ostentando casas feitas de pedra perdidas num manto também ele branco, tão branco que parece cinzento azulado, tão branco que se torna inantigível, tão branco que se perde no fumo da chaminé que é só minimazada porque a luminosa Lua espaçosa e soberba reluz solitariamente. Para lá do postal, o Natal são as atitudes, é o respeito das vontades dos outros, são os sorrisos nos olhos dos mais velhos, a esperteza arisca nos mais novos, é a saudade daqueles que já não estando comnosco são aqueles que realmente nunca nos deixam. ...Voltando ao postal ou ao filme, ou ao conto, lá no longe permance o castelo, pano de fundo esmagado pela noite estrelada, habitado pela alegria, reinado pela paz e graciosidade, e aí reside toda a sua poesia, e felizes daqueles que abrem os postais, lêem os contos, abrem os postais( vejam sempre os "postais" que vos são oferecidos), reparem na letra em que são escritos!! ...E no castelo é aguardada a Princesa, atrasada e ofegante, de capa vermelha e vestido esvoaçante, corre ela por entre as árvores escuramente protectoras, corre para junto da lareira alumiada e que faz "dos cabelos louros ouro e das barbas brancas prata". A Princesa é aguardada ansiosamente, manda os passarinhos voarem na sua direcção para que avisem os que a aguardam, que os acalmem "ela vem aí, ela vem aí", e ela com os presentes no regaço feitos vermelhos em flor, eis que chega a Princesa que vê o seu mundo "finalmente", o mundo dela. A princesa abranda, arranja o vestido, deixa cair a capa nos ombros, passa as portas gigantes e diz de si para si "valeu mesmo a pena, toda a pena...", e emociona-se com a felicidade dos outros. O Natal é uma tiara banhada de amor- ouro, cravejada de brilhantes- luz e fechada com beijos- mil, coroa uma cabeça livre, forte e encantada. Feliz Natal a todos, voltem também vocês aos vossos castelos porque sem eles nada faz sentido, voltem enquanto ainda podem voltar.
Agora sim, um natal perfeito.

domingo, dezembro 23, 2007

ए इस्तो é पर टी!

Ontem regressei a casa depois de um longo, mas não muito frio dia. Saí cedo e voltei tarde, tal como se quer. Pelas ruas de Lisboa deliciei-me no meio de multidões felizes a fazer compras, a procurar desejos encantados nas prateleiras que são repostas à velocidade da luz. Caras cansadas, cores fortes, luzes que vão para lá da nossa percepção, uma espiral mágica que só um ser com uma grande capacidade de nos arreliar não se consegue deixar sensibilizar. Matei as saudades da minha irmã, almoçámos dois kilos de sushi enquanto conversávamos sobre os Natais passados: "Lembras-te?" gosto tanto dessa expressão, dá-me a sensação de uma existência feliz na Linha do Tempo fiado pelas Parcas, aquele aprisionado nas fotografias meio dobradas. Seguiu-se um último adeus a alguém especial (sim, sim "já lhes falei sobre nós e reagiram bem"),falámos do Futuro (essa incerteza, os planos, os sonhos, a cidade), recordámos o Passado mais pobre e não menos alegre, apenas diferente, onde algo se perdeu e algo se deixou ficar na nossa memória ecoando nos nossos actos, e falámos do Presente, mas esse passa tão depressa que mais vale vivê-lo. Fazes-me bem! É incrível como frases como "está bem, está bem" colocam tudo a perder e frases como "mãos de fada" e "ai uma passadeira" nos fazem emergir do subsolo e nos fazer ascender a uma existência mais plástica, mais concreta, mais próxima daquilo que queremos para nós, mais longe dos afectos mas mais perto de tudo o resto. É incrível como um mesmo lugar nos pode trazer boas e más memórias, as boas para nos fazer prosseguir, as más para nos ajudar a crescer. Este post vai inundado de borbotos e por isso sabes que é para ti. Se nem sempre vemos aquilo que olhamos, sei também que não é fácil olharmos para aquilo que vemos. Eu vejo aquilo que quero, olho muito pouco, mas vejo sempre, e tu estás sempre lá, no meu lado esquerdo.

Não resisti...

David Fonseca sings "Amazing Grace" O melhor videoclip deste Natal de um músico português (só orgulho)

sábado, dezembro 22, 2007

Um dia de cada vez

Refeita do sonho, debruço-me sobre um problema que apoquenta silenciosamente um elevado número de pessoas neste alterado mundo. Sabemos que existem coisas absolutamente desnecessárias e sem as quais já não conseguimos imaginar as nossas vidinhas, existe o telemóvel (esse cada vez mais complexo aparelho que além de fazer telefonemas, manda palavras indecifráveis para os telemóveis dos outros, permite fazer contas complicadas, tira fotografias, e eu acho mesmo que vem aí um novo modelo que tira umas tostas mistas ui, ui!). Mas não é só o telemóvel, existem os cartões disto e daquilo (nenhum deles com dinheiro corrente), os porta chaves mais estranhos e bizarros,e eu devo admitir que possuo mesmo um relógio despertador que projecta a hora na parede, enfim..ninguém disse que eu era perfeita, já tentaram mas eu refuto a ideia com este belo post! Ele há pessoas que temem coisas como não fazer depilação e logo nesse dia partir uma perna e ir direitinha (ou direitinho) ao hospital, ou usarem as suas piores meias ( e rotas) no dia em que tiveram um valente acidente rodoviário, e digo sobre isto que são medos perfeitamente justificáveis, há coisas toleráveis, mas acidentados com roupa interior para lá de medíocre é do piorio. Mas meus caros, devo confessar que o medo com o qual convivo todos os dias tem outro nome, e ele é O MEU MP3. Vá eu onde vá, não me consigo imaginar sem dois fios brancos a sair-me pelos ouvidos, já tentei sair de casa mas voltei atrás para os ir buscar, e quando me faltam as pilhas..ui fico danadinha!! E sei que não estou sozinha nesta luta contra a dependênncia, já me foi adiantado que é um processo gradual, cada dia é uma vitória, mas com a ajuda daqueles que me amam sei que vou conseguir. Sei bem que este é um problema geral do qual muitos padecem, a sociedade emaranha-nos nas suas astutas teias e é de lá muito difícil de sair diria aquele psicólogo que às vezes vai ao telejornal da Sic, mas meus caros o meu grande medo não são "as meias rotas", ou a lingerie cor de carne (sem lacinhos nem nada), nem muito menos a depilação por fazer...e se os paramédicos me vão escutar o MP3? "Perdida" meus caros é como ficarei, dirão algo como " Eh pá esta gaja é caso perdido, desliguem mas é as máquinas, salvemos quem quer ser ajudado!", meus caros e eu morrerei vítima de uso e absorção sonora e abusiva de MP3. O MP3 é perigoso porque não ouvimos coisas como "A linha amarela está temporariamente encerrada", ou " A menina sabe onde fica a sala 2.1?", e isto é o início da nossa alienação social, e vocês sabem como é que terminam os casos de alienamento social! Tomei uma decisão, entrei na sala, puxei duma cadeira e disse "Olá eu sou a Leila e sofro de uso abusivo de Mp3!" e escutei do outro lado "Olá Leila!" A lista do MP3 (a razão porque os paramédicos me chamaram de CASO PERDIDO: All That she wants- Ace of Base Enchanted Melody-The Righteous Brothers Un'altra te- Eros Ramazzotti I saw the sign- Ace of base No rancho fundo- Tieta The first Noel- Elvis Presley Bem Bom- Doce Macarena- Alvin and the chipmonks Roseira Brava- Paco bandeira Sobe, sobe balão sobe- Manuela Bravo

quinta-feira, dezembro 20, 2007

A luz na (e da) cidade dos meus sonhos...

... e enquanto vou aguradando impacientemente pela hora do brownie e da chávena de chá Earl Grey procuro uma imagem que reflicta uma pequena, pequena imagem que reflicta uma grande, grande sensação do que é estar na minha cidade! As ideias são leves como folhas amontoadas nas beiras dos passeios esquecidos, as imagens âncoras que não nos deixam fugir para lado nenhum, são corações feitos de sonhos que nos enfeitiçam e nos deixam lá ficar e me fazem dizer que este ano voltando, fico lá.

terça-feira, dezembro 18, 2007

Eu adoro os senhores da Amazon

(A preciosidade pela módica quantia de 9 euros e picos) E obrigada Bu pelo encaminhamento do processo!

Let's put a smile on that face!

sábado, dezembro 15, 2007

O fim da aventura

Estou neste preciso momento a abraçar carinhosamante um trabalho a que me propus fazer. A ideia é simples: uma análise comparativa entre dois filmes, o original e o que lhe seguiu, o chamado remake. Se no ano passado me deleitei a fazer um trabalho do género, mas com vista a um romance e a sua respectiva adaptação fílmica, desta vez não são duas obras a relacionar, mas sim três porque resolvi complicar um pouco a coisa, e assim tratarei dois filme e o livro que lhes deu origem. Tenho então encontros marcados com The end of the affair de 1955 e The end of the affair de 1999 que serão os meus objectos de estudo e sim o de 1999 é um dos filmes da minha vida, e ambos baseados num dos mais tocantes e perturbadores romances que já li, The end of the affair de Graham Greene. A história é simples, uma mulher casada mantém um romance com um outro homem, entre os dois surge a guerra que lhes possibilita os encontros furtuitos, e um outro ser mais presente que tudo, surge Ele e todos os seus esmagadores valores, que faz lembrar, lembrar e nunca esquecer. Ele que devia unir as pessoas e mais não faz que as separar, que as obriga a fazer promessas e a corromper as suas almas ancorando os seus sentimentos, Ele que diz que o desejo é quando satisfeito é sinal de que merecemos ser castigados, Ele que que fala em Amor e não acredita em coincidências, Ele que levou Sarah apenas porque Sarah O amava, e porque ela trocou a sua Paz pela Paz dele. O que deveria ser um romance sobre o ódio a Deus consubstancia-se num texto (talvez O texto) mais angustiante que já li e que tem o poder de se transformar na mais bela declaração de amor feita por um homem perdido na Terra a uma mulher perdida no Céu. Porém ao terminá-lo percebi que este livro não é sobre ódio, e sim sobre Amor,e só odeia quem é capaz de amar seja o que for, Bendrix tinha medo de não ter conseguido amar Sarah, mas Bendrix consegue odiar Deus. E Sarah viu-se obrigada a desejar a morte daquele a quem mais amou, Sarah partiu numa tarde de bombardeamentos em Londres e nunca mais voltou, passando o resto dos seus dias a tentar encontrá-Lo em vão:
Perdi a Paz. Quero Maurice. Quero o vulgar e corrupto amor humano. Ó meu Deus, bem sabes quanto desejo desejar a dor que me ofereces, mas, neste momento não. Afasta-a de mim por um instante, oferece-ma noutra altura.
Deus não escutou Sarah.
Sarah: Love does not end just because you stop seeing each other.
Bendrix: That's not my kind of love.
Sarah: Maybe there's no other kind.
Gosto de fazer trabalhos assim.

O que é bom é para ser visitado pela princesa!!

E portanto aqui ficam os links de:

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Globos de Ouro

Ui este ano é caso para dizer "há pó menino e pá a menina!", pois que este ano choveram nomeações para aquele lado do globo, dilataram-se as correntes de nomes que coroam cada categoria e prevejo já muito filme a ganhar numa ou duas categorias. Sim este ano será difícil haver "o grande vencedor da gala".
De qualquer modo,a minha felicidade ao ver Atonement na frente, algum desagrado pela omissão de nomes como Joaquin Phoenix, Daniel Day Lewis e Russel Crowe (eu não gosto dele, mas não posso deixar que o ódio me domine nestas situações), Christian Bale também é com pena que não o vejo por lá, e a ausência de Vincent Cassel na categoria de melhor actor secundário também me custa um pouco,
O certo é que entre mortos e feridos, são mesmo assim bem jeitosinhos os sobreviventes, para o resto da lista..já sabem o que fazer!

quinta-feira, dezembro 13, 2007

That's how you know...

que não há nada como um filme inocente para brindar ao Natal!
Mas também ajuda ouvir o Patrick Dempsey a dizer:
I don't dance.
And I really don't sing.
Já não se fazem Príncipes como antigamente.

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Qualquer semelhança (não) é pura coincidência

Quando me preparava para deixar umas palavras sobre Funny games e sobre a sua colagem inspirativa em Clockwork Orange, não só pelo tema (ou melhor uma simples cena do filme de Kudbrik), pela cor, pelo "mind games", pela parecença física entre Michael Pitt e Malcolm Macdowell e pela violência explícita, eis que me deparo com a verdade Funny games é um ramake shot by shot do filme com o mesmo nome de 97 de Michael Haneke.
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Assim vejo-me na obrigação de reformular a minha ideia, Funny games com Naomi Watts, Michael Pitt e Tim Roth é um remake shot by shot do filme de 97 com o mesmo nome, mas com todas as influências do filme de Stanely Kubrick. Deste modo trata-se de um remake que nasce declaradamente de um outro filme (uma homengagem portanto como Gus Van Sant fez com Psycho) e nasce também para não fazer esquecer a ultra violência de 1971!
É por isto que gosto de cinema, porque aqui nada é coincidência!

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Hi Tekk feat Nikkfurie

Todos dizem que dos três o douze é o pior, mas eu cá como gosto mais de ver o que de melhor um filme tem do que o que de pior (acho mesmo que há gente paga para o efeito)!
Aqui fica Thé à la Menthe do duo francês La caution, "a fantástica cena dos lasers do Ocean's 12"....Enjoy (clicar na imagem)
Sim, porque não é só a Nini que posta "as malhas" de que gosta!!

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Hoje a caminho de casa

Hoje a caminho de casa, decidi apanhar o metro, nem sempre o faço, prefiro caminhar demoradamente pelas ruas nestes dias, são frios mas têm um encanto especial, o chão é cama feita para as atordoadas folhas secas das árvores que se abanam para delas se verem livres, e os pássaros corajosos voam vagarosa e destemidamente pelos céus mais próximos a nós. Hoje a caminho de casa, decidi apanhar o metro, tinha tempo, tinha bastante tempo mas fi-lo.
No metro também acontecem coisas. Entrei na carruagem que me escolheu na estação, e encontrei facilmente um lugar que me foi cedido pela ausência de alguém. Entrou também uma senhora, devia ter uns quarenta anos, era activa, mala às cotas, botas altas, camisa fina (“fina demais” achei eu). A senhora cativou-me. Não por ser bonita. Também não era feia, mas sentou-se estacionando o carro de uma criança à sua frente, notei que a senhora falava com alguém mas não percebi com quem, também não percebi o que dizia ao certo, eu ia de fones, esse vício irritante e pouco estético (não há nada mais sem graça que uma pessoa com dois fios a sair dos ouvidos). Como dizia, não percebi o que dizia mas percebi do que falava: era do seu filho. Era um menino ainda mais cativante, de olhar vago, que movia a cabeça de modo lento e pouco preciso, o olhar dele era compenetrado, tudo o chamava a atenção, desde a luz da carruagem ao vermelho dos bancos, e ele parecia oscilar entre uma presença ausente e um sono acordado. O menino é um daqueles meninos que “não é normal”, as mãozinhas dele também eram sinal dessa desobediência aos parâmetros mais sociais que humanos, os dedos pareciam querer agarrar algo que lá não estava (ou se calhar estava, e eu não conseguia ver). Hoje a caminho de casa, aquela mãe que enquanto falava e gesticulava (era tão engraçado vê-la do meu lugarzinho encostada à janela, eu uma “sua espia acidental“ ), ela não largava o seu menino que a olhava repetidamente pedindo-lhe atenção (pensei eu), talvez não, porque sempre que ele o fazia, ela retribua o olhar e fazia-lhe festinhas no nariz e nas bochechas. Hoje a caminho de casa, quando pensava que nada mais faria deste dia um”dia normal”, eis que chego ao meu destino. Levanto-me do meu lugar, e dirijo-me à porta para sair da carruagem, não pude evitar, e olhei o menino, quis despedir-me sem o conhecer, por coincidência (ou simplesmente porque alguém percebeu que este não era um dia normal) o menino olhou também, eu sorri (faço-o quando me sinto numa situação embaraçosa..pois não o queria olhar como todos os outros o olham) ele retribuiu, tal como fez com a mãe, e tal como ela fez com ele. Hoje a caminho de casa aprendi que se tivermos o coração aberto, tudo nele pode entrar, que as asas que julgamos cortadas nos permitem voar em todas as direcções, que a alegria dos outros é a nossa alegria, que se os planos que fazemos não se concretizam é preciso acreditar e dar lugar a outros…a dignidade nada tem a ver o “não saber cair” nem com “o saber levantar-se“, a dignidade tem a ver com o amor incondicional pela vida humana. Hoje a caminho de casa, e depois de apanhar o metro, seguiu-se o carro familiar (com familiares e tudo), e enquanto deixava o Campo Grande para trás reparei num avião que aterrava, qual pena que descai pelos ares em linhas horizontais: senti paz no meu regresso a paz, estou em paz.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Put the blame on me boys

THE DARK NIGHT

Ainda sobre "Eastern promises"

Refeita do duplo visionamento da obra, sento-me finalmente em frente ao écran do computador e arrisco umas linhas, que mais não serão que uma mera constatação de factos e uma mera exposição de sensações obtidas após o acontecimento.
Raramente me sucede semelhente coisa, como é que se costuma dizer mesmo "choque pós traumático"? é assim?
Pois aconteceu comigo na passada sexta feira, voltei para casa sem saber o que pensar, dizer, sentir... e demorou-se-me cinco dias a passar uma caneta por um pedaço de papel (um recibo de multibanco), mas ainda não contente com o resultado fiz como os pais mandam aos seus filhos "ultrapassar os medos", "enfrentar o bicho papão", sabem aquela sensação de adrenalina, aquela de antecipação de dor, vais custar, e mesmo assim não lhe conseguimos fazer frente e deixamo-nos sucumbir; entregamo-nos de mãos atadas e assim fui eu de novo à mesma sala de cinema para rever a obra. E agora que já vos escrevi umas tantas linhas sobre mim, deixem que me redima:
Cronenberg resolveu pegar num argumento no qual o dedo pudesse ser colcado profunda e demoradamente na ferida "dói não dói?", essa ferida é feita sangrar fazendo-nos perder os sentidos e é depois sarada aquando do genérico final, o mesmo tempo que uma tatuagem leva a sarar, com efeito são os tais cinco dias que referi atrás, os mesmos que me levaram ao início deste texto.
Sempre gostei do modo como este homem revela os seus argumentos, gosto dele portanto como contador de histórias, e atenção porque aqui calhou-lhe um argumento dos bons!
Mas em Promessas perigosas, gosto do modo como são filtradas as sensações, os crimes, os esquemas, os silêncios, as festividades, a injustiça, o tráfico de mulheres e a paralela violação dos seus direitos.
O que fica é o compasso de espera, uma espécie de limbo "russolondrino" no qual os russos se queixam do tempo de Londres "nunca neva, nunca faz sol" agudizados com o som de violinos feitos tocar até fazer "a madeira chorar", a madeira somos nós claro.
O que fica também é a persistência dos protagonistas masculinos lacónicos, Viggo Mortensen é contido e tem aqui a sua melhor interpretação, Naomi Watts está bem (como sempre) e a sua vulnerabilidade é já um paradigma das protagonistas femininas deste realizador, mas para brilhar chamemos Vincent Cassel, essa luz francesa que em contraste com o protagonista, nos enamora pela sua impulsividade, a sua exuberância, o seu exagero que não é porém categorizável, nada parece ser caricaturado, tudo flui do actor em direcção a nós.
Se é um filme violento?
É sim senhor.
Se é melhor que Uma história de violência?
É sim senhor.
Porquê?
Não sei, porque não se explica (sente-se).
Aprendi alguma coisa?
Que o confronto com a verdade é atrasado de dia para dia, e que vítimas esperam por ela: "mantém-te viva."
Que o chauffer de uma família de mafiosos faz mais do que guiar carros.
Que todas as tatuagens devem contar uma história.
Que um homem sentado sozinho à mesa numa noite de Natal tem uma verdade para revelar, verdade essa "atrasada" por uma mentira necessária "mantém-te viva".
(queria que fosse um post mais técnico, mas desta vez não consigo)

domingo, dezembro 02, 2007

Coisas bem feitas? Eastern Promises é uma delas!

Se não choverem nomeações, a estes dois senhores, mais ao argumentista e ao compositor, então está na altura de me atirarem de um sexto andar, espetar-me um pauzinho no cérebro e tardar em chamar o tinóni...(texto crítico para breve, mas há que recuperar o fôlego)

quarta-feira, novembro 28, 2007

VAI BUSCAR!!!

SIM eu tenho um poster de um filme no meu quarto (pequeno vá) de um filme que começa assim!(clicar na imagem)

terça-feira, novembro 27, 2007

Hot fuzz: "um filme porreiro 'pá!"

Ele há coisas do Demo, às vezes os filmes resultam simplesmente porque sabem fazer uso da velha máxima e prática do senhor realizador Quentin Tarantimo "é pôr tudo numa daquelas trituradoras 1, 2 3 e ver o que sai de lá!" (E se juntarmos um pouco de molho de tomate então é a maravilha sagrada) De facto, Hot Fuzz resulta por que é directo, é grosseiro, é violento e é longo! Nuncas as palavras "ketchup", "swan" fizeram tanto sentido, e é numa sala de cinema (procurar bem) que se encontra este miminho britânico. O que surpreende é que nesta obra não nos desmanchamos (logo) a rir, bem pelo contrário, há todo um jogo de alimentação de expectativas (essas gulosas), uma introdução pausada que vai ganhando consistência na bela vila algures na ilha da Rinha Isabel II. O filme de Edgar Wright parodia (ou faz ode) a toda uma sagrada obra cinematográfica que tem no seu centro a parceria policial, a típica história de dois polícias completamente diferentes que encontram um no outro o companheirismo, a produtividade e a amizade (está claro). Elevam-se aqui as grandes obras Point Break, Bad Boys II (eles sabem!!) com momentos manifestamente poéticos, de beleza e sentido, havendo ainda espaço para Shakespeare (sim leram bem). Uma comédia/filme de acção recheada de grandes momentos, mas se tiver de escolher uma:
está claro que é a alucinante cena de pancadaria (à bruta) no supermercado Sommerfield da vila....aliás é a partir daqui que a expressão "here comes the fuzz" se reveste de significado!
Fica para a posteridade sim senhora, mais que não seja pelo pontapé dado na cara de uma idosa mais fantástico da História do Cinema!

segunda-feira, novembro 26, 2007

Se isto não viesse na Bíblia...

tratar-se-ia do momento mais brechtiano na História do Cinema, mas como até anda por lá transforma-se num dos momentos mais estranhamente poéticos de que tenho conhecimento: it's not going to stop.
Magnolia, 1999

sexta-feira, novembro 23, 2007

Sunset Boulevard

Fale-se de coisas que permanecem, e eis que surge Sunset boulevard, actual, incisivo, divertido, bizarro, um ícone está claro!
Hoje que assistimos ao desfilar das ditas celebridades e espalhar brilho e algumas peças de vestuário por onde quer que passem, faz-nos ver esta obra de Billy Wilder ganhar tons proféticos, qual Nostradamus a prever ataques terroristas.
Está lá tudo, os nose jobs, os argumentistas (actualmente em greve laboral) que sucumbem ao comercial, a queda de grandes estrelas de outrora, o mundo das ilusões: viva o oportunismo e o comodismo!
Viva!
aqui fica a magnífica sequência inicial!
E umas memorable quotes:
Betty: "Fiz um teste para a Paramount, e não gostaram do meu nariz."
Joe: "eu gosto do teu nariz."
Betty: "Ainda bem, porque custou-me 300 dólares! Voltei à Paramount, e gostaram do nariz mas não gostaram da meu modo de representar."

domingo, novembro 18, 2007

O nascimento de um ícone

Existem imagens que recordadas anos e anos depois falam por si, esta arrisca-se a ser sinónimo de Atonement e de Keira Knightley, não são precisas descrições para que nos recordarmos daquilo a que remetem. O incrível é o assistir ao nascimento invísivel de um mito, e o como a magia do cinema não nos deixa de encantar.
Há o vestido esvoaçante de Marylin Monroe em Some like it hot.
As calças justas de António Banderas em Desperado.
O fato amarelo de Uma Thurman em Kill Bill.
O vestido de Julia Roberts aquando do momento em que recebeu o oscar por Erin Brokovich.
Há o vestido verde de Vivien Leigh em E tudo o vento levou (feito a partir de um cortinado).
E agora há o vestido também verde de Keira Knightley em Atonement.
Existem mais eu sei, quero que partilhem!

domingo, novembro 11, 2007

A razão porque sempre gostei deste tipo

(clicando na imagem é proporcionado o visionamento de parte deste encantamento) Brendan Fraser nunca foi ( e suspeito que nunca será) um actor de primeira linha em hollywood, mas nós espectadores sonhadores temos cá as nossas ilusões, a primeira ve que o vi foi num filme chamado Gods and Monsters, e lembro-me de ter pensado "este rapaz faz-se"! O rapaz fez-se! Não no actor de respeito a que eu me referia, mas antes num Indiana Jones mais fatela, mais musculado, de facalhão em punho lutando com múmias e escaravelhos, Rachel Weisz passou por lá e não foi afectada, porque é que Brendan ficou??...Mesmo sendo ele uma figura low profile, e tendo entrado nalgumas comédias mais fracas, vai mesmo assim fazendo ele coisas boas, Crash (onde todos brilham efemeramente, tal como o tal toque humano do choque entre os demais) deixa-nos a pensar, e agora este The air I breath tem o mesmo efeito. Talvez ninguém dê pelo filme, nem por Brandon, mas estou cá eu!! E sim gosto dos dois filmes da Múmia, são descomprometidos, fazem-me rir, e imitam os grandes à distancia criando a margem necessária para um estilo próprio e um franchise muito seu...adivinha-se um terceiro...o que me deixa a ponderar sobre a publicação ou não deste post...na dúvida aqui fica ele.

sexta-feira, novembro 02, 2007

Um Capricho Chamado Elizabeth

Se há sensação maravilhosa nesta vida é a de ver as nossas expectativas para lá de correspondidas, sim, porque este Elizabeth the golden age é simplesmente luxuosamente envolvente, como que um sonho que visto numa tela nos aprisiona e lá ficamos, e por lá queremos ficar.
Shekar Kapur não precisava de fazer este filme, havia feito o já tocante Elizabeth, mas esta nova aventura revela-se um capricho requintado e ainda mais esteticamente apurado que o seu antecedente, um verdadeiro filme de época, um hino à beleza e ao simbolismo históricos. Visioná-lo é como sentir que Bollywwod entra no período isabelino pela cor empregue e, que as forças do Bem e do Mal existem de facto e que figuras incontornáveis da História são mesmo pessoas inalcançáveis, prisioneiras de uma liberdade deveras controlada pelos deveres e obrigações
São notáveis as gigantescamente arrebatadoras cenas em que Cate Blanchett exprime culpa, hesitação, amor e ódio, ou as cenas em que a mesma actriz emprega toda a sua força em discursos precisos e concisos, carregados de humor e sentimento, uma verdadeira musa esta Cate capaz de fazer sobra a todo o restante elenco, muito menos presente. Este realizador, revela-se soberbo ao roubar as cores, a luz, a nitidez do nosso imaginário e aprisioná-lo na tela, e faz deste filme uma obra esmagadora, hipnotizante capaz de secar a fonte das palavras. Notas máximas para todos os elementos técnicos deste filme, fotografia, guarda roupa, caracterização, banda sonora, todos eles conjugados na recriação de uma tela que ganha vida com as captações de imagem sejam elas fruto de movimemtos circulares em torno das personagens, sejam elas à distancia abrindo campo a um mundo para que este se transforme num majestoso universo. Desta vez Shekhar Kapur entra ainda mais no interior desta figura, abrindo o seu filme a umuniverso mais alargado espacialmente, porém a falha sente-se na composição das restantes personagens. Outro ponto a seu favor é a boa gerência do factor tempo, e não há nada melhor do que ver um filme sem nos sentirmos minimamente cansados por díálogos, ou cenas de guerra, ou cenas ternas, ou planos simplesmente feitos para nos deixar repousar. Esta obra entra ainda num jogo simbólico, entre religioso e profano, entre sagrado e terrível, entre luz e escuridão, Elizabeth chega a vencer Deus, ganhando contornos icónicos. De notar ainda a maravilhosa alusão ao culto mariano do qual a figura da rainha é portadora, do início ao fim da obra. Se Elizabeth tem defeitos, é possível, mas existem filmes feitos para nos deixar levar, este sonho é prova disso.

quinta-feira, novembro 01, 2007

Doce ou travessura?!

O Halloween foi ontem é certo, mas foi somente hoje que me chegou este docinho (qual chocolate de leite em forma de bruxinha)!
A estreia será em 2008, e a figura sinistra é esta que se apresenta aqui em cima, um conhecido de todos, suspeito que desta vez menos cómico, menos apalhaçado, menos Jack "over the top" Nicholson, e mais Heath "over the mountains" Ledger!

quarta-feira, outubro 31, 2007

Happy Halloween

O Jack é mais poderoso no Natal, mas cheira-me que o Halloween é também para ele uma festividade a assinalar!
Portanto feliz noite das bruxas, seja lá o que isso quer dizer, mas percebem o que a princesa tem em mente, ah e não me apareçam mascarados cá em casa a pedir doces, que eu doces só tenho para as crianças que me vão aparecer amanhã de manhã de sacos meios vazios com umas quantas nozes e uns quantos rebuçados com sabor a limão e a café...também andei nesse peditório há muito, muito tempo...lembro-me que me deram um iogurte natural, que raio de coisa para se dar a uma criança, vou dedicar parte do meu dia a reflectir sobre o que terá passado pela cabeça desse senhor (sim era um homem) para me dar um iogurte natural, é que ainda se fosse daqueles a imitar as mousses e os cheesecakes ainda passava, mas "natural"??!

segunda-feira, outubro 29, 2007

Estou deveras revoltada

o motivo da revolta Sou grande apreciadora de algumas verdadeiras delícias dessas grandes superfícies comerciais popularmente apelidadas de " súperes dos do leste"! Há lá boa bolacha com creme e barata, boa lata de atum, arrozinho em conta carolino,e sacos de plástico do tamanha de uma pequena cidade, ok e algum vodka duvidoso... mas acima de tudo há essa grande iguaria, que é o iogurte light com pedaços de ananás. Ou melhor, havia, porque os senhores lembraram-se de alterar não só o invólucro,e até aí tudo bem, mas ainda tiveram a peregrina ideia de alterar o sabor da dita iguaria, mas com que direito pergunto eu??!! Estou indignada e com o estômago às voltas, porque com a comida não se brinca como diz e tão bem a minha santa mãezinha....

A vida interior de Martin Frost

" O mundo era uma ilusão que tinha de ser reinventada todos os dias."
Paul Auster
A vida interior de Martin Frost assume-se como adaptação de um romance, ou melhor parte de um romance de Paul Auster. Deste modo, autor de livro e realizador de filme assumem uma mesma identidade, pemitindo uma intromissão mútua nos diferentes suportes artísticos, intrmissão essa que se revela falhada. As duas "personas" parecem perder-se na passagem da palavra à imagem, e o muito que revela o livro ( uma obra sobre um realizador de cinema mudo) esbate-se e desaparece no filme, fazendo nascer uma outra história vazia e confusa.
Esta "vida interior" arrisca enveredar pelo mundo fantástico da mente de um criativo, mas falta-lhe fôlego, ritmo, e nem o poder das belas imagens bucólicas salvam determinados momentos, bem pelo contrário, fazem com que o filme se arraste ainda mais por um caminho tortuoso e confuso, e muito pouco apelativo.
A premissa é a história de um homem que escreve uma história sobre um homem que está a escrever uma história, e é essa história dentro da história o filme em si, a existência ou não da dita musa, pouco interessa realmente.
O filme pode mesmo dividir-se em duas partes, uma muito difícil de assistir e uma segunda parte com a chegada da personagem "Fortunato", que transmite alguma comicidade à la Beckett, na relação que estabelece com um "familiar" seu, mas por se revelar como algo imposto, traz consigo grande dose de inverosimilhança.
A obra não funciona como drama e muito menos como comédia, tendo um elenco reduzido, David Thewlis é comedido, mas não por isso a pior interpretação, deixemos essa para Irène Jacob que é neste filme ser sem vida e dinamismo (e não pela sua condição de musa), que ao querer transmitir jovialidade e alegria, oferece-nos um desempenho esforçado e pouco credível.
O filme em si traz consigo "marcas de autor" , e são alguns os pormenores que não servindo para elevar o filme não o deixam porém ficar pior do que aquilo que já é. Para os que leram o romance muitos são os pormenores decorrentes do mesmo, aliás a sua presença é marcada com a insistência do narrador em fazer avançar a história a partir de parágrafos que nos vai lendo d'A casa das ilusões, bem como algumas particularidades visuais que nos remetem também para a leitura do mesmo.
São curiosos os separadores de cenas, com imagens de objectos aliados à voz do narrador ( a quinta personagem) que nos remetem (talvez inconscientemente) para alguns quadros de Magritte nos quais palavra e imagem não correspondem àquilo que vemos, algo para o qual somos chamados à atenção a toda a hora.
Outro pormenor para os mais atentos prende-se com o gosto de Auster por jogos com nomes, ora vejamos, no romance Auster faz toda uma ligação entre um nome e o significado desse nome traduzido de uma língua para a outra, no filme há dois jogos, um implícito e um outro explícito, o implicito prende-se com o nome de família dos amigos de Frost, "Restau" leia-se "Auster" ao brincar com as letras, e explicitamente com o nome "Berkeley" o nome do filósofo e da Universidade que dá azo a uma das piores cenas do no filme, porque o espectador sabe atempadamente o que se vai passar, o que seria um exercício interessante, mas aqui revela-se frustrante e aborrecido, digamos que é como dar um jogo para crianças até aos 4 anos a uma de 10!
Salvando o acompanhamento muscial de Philip Glass que confere maior beleza ao travellings pelos pinhais lusos, a importância do emprego do preto e branco na tentativa de imortalizar a imagem da musa ausente, e a cena mais que "brechtiana" (leia-se " a cena da porta") entre os protagonistas, o filme falha o objectivo, por não se mostrar tão apelativo quanto o livro, mas mais do que adaptar parte(s) de um livro, eleva o romance, pena que essa elevação traga consigo a vontade de se querer esquecer o visionamento do filme.

domingo, outubro 28, 2007

quinta-feira, outubro 25, 2007

Les chansons d'amour

Imaginem que lhes apetece ir a Paris.
Imaginem que lhes apetece ver parisienses.
Imaginem que lhes apetece ver chuva em Paris.
Imaginem que não sabem muito bem o que achar do Amor e que um filme pode dar algumas respostas, ou deixar umas quantas questões pertinentes no ar.
Imaginem que vão ver o Les chansons d'Amour!

Com esta obra temos a oportunidade de entrar na cabeça, no coração, na casa e na voz de uma geração que não sabe muito bem o que fazer com o Amor. Não é que não o sintam, bem pelo contrário, sentem-no, misturam-nos e dissolvem-no no seu dia a dia, partilhando-o com um número de pessoas maior do que o normal(?).

Uma primeira análise deste filme pode levar-nos a conclusões estranhas, alguns comentários como "francesisses", mas se pensarmos um pouco mais, apercebemo-nos que não é bem assim, trata-se de uma visão sintetizada de como o amor e a paixão, o desejo e a sombra da "normalidade" podem travar batalhas nem sempre justas, nem sempre imparciais.

Vamos tendo surpresas no filme, a fotografia límpida de uma Paris vista de ângulos esquematizados, câmaras que se movem sobre carris ( vendo-se os carris), câmaras colocadas sobre carros, câmaras sempre em movimento, que se movem em simultâneo com coreografias dos actores simples e algo boémias, urbanas e quase teatrais, parece um pouco contraditório, mas há como que uma sussessão de tudo isto em diferentes cenas, uma salada russa num filme francês a bem dizer!

Outra surpresa, oh é um musical, e resulta tão bem que a partir de certo modo não queremos ouvir nada na língua francesa que não seja cantada, seja sobre o que as personagens estão a sentir, seja porque chove em paris, ou porque os "animais estão melancólicos", ou porque as crianças brincam no parque com as mães, mas são canções de amor, todas elas, o amor em todas as suas variantes, com todos os seus caprichos, o amor ao virar da esquina, o amor a três!

Interessante as diferentes formas de fixação de imagem como aquela em estilo fotodocumental usada de modo a tornar ainda mais presente e persistente e imagem da morte, o vazio avassalador que ela deixa, o rasto da dor que percorre toda uma rua escura como se a luz se extinguisse logo ao nascer do dia.

Saímos da sala pelo menos a pensar que não devemos dar nada por garantido, que a vida é curta, que cantar mesmo para dentro não faz mal, que dançar em plena rua não é pecado, que amar o próximo é correcto desde que nos faça feliz, que "tentar" é a melhor hipótese, que devemos acima de tudo sentir e procurar sentir, se não o fizermos morremos ainda antes do dia derradeiro!

Assim vale a pena repartir a relação entre a "partida" dela, a "ausência" de ambos e o "regresso" dele, sim faz todo o sentido, ah e já escreveram uma canção de Amor?

Apetece-vos esscrever uma canção de Amor?
Não percam tempo!!

quarta-feira, outubro 24, 2007

Já sei que sou chata!

Mas esta última canção leva-me para lugares do passado que não consigo apagar da memória qual Tom Wilkinson a dar numa de médico no Eternal sunshine of the spotless mind, e por isso deixo-vos um dos videoclips mais bonitos deste grupo em questão ( sim faz parte do albúm em cima) e umas das versões mais fantásticas da canção Shape do Sting (a minha favorita do cantor já que aqui estou porque não dizê-lo!)

E o Outono luta para ficar!

E deixo então aqui a linha directa a uma canção de Outono, faz parte da banda sonora de um filme no qual o protagonista (tomado por um actor publicitário) tem de fazer um anúncio a uma manteiga lighr detestável, a coisa parece absurda, mas acaba por ser um filme bem simples, bem doce e nada pretensioso, ah sim também envolve a invenção do elevador e viagens no tempo, mas foquemo-nos na manteiga e na canção! Espero que gostem, e façam figas para que o Outono fique pelo menos até que as estrelas envelheçam!

segunda-feira, outubro 22, 2007

Os despojos do dia

O dia seguinte é sempre um dia estranho, como se acordássemos de um sonho bom, e nos víssemos forçados a ter de arranjar outro sonho para podermos continuar a fantasiar. Porém, há um pequeno truque que podemos usar: Fingimos que continua tudo igual, não equacionando sequer a hipótese de que se pode vir a ver o fim de algo, baixamos um véu branquinho e metemo-nos lá dentro, (o véu não o vemos, vejam os que estão do lado de fora) os sonhos também resultam com os outros, enganamo-nos se pensamos que só nós é que sonhamos!
Neste dia seguinte acho-me mais dispersa que nunca, disse "dispersa" sim, e mais expectante por um mundo cada vez mais incompreensível, genuíno e misterioso. Apetece-me descobri-lo a cada instante, a cada noite dormida, a cada manhã madrugadora que me deixa ver bandos de pássaros que se afastam em busca de ares mais quentes, e a cada tarde frescamente adormecida, exaustamente silenciada e fartamente metaforseada ao cair das primeiras estrelas da noite. É agora a hora da plenitude, da (in) consciência porque a tristeza não mais é do que uma escolha, dos que escolhem não saber o que fazer com as sensações que não sabem decifrar, e se não nos consciencializarmos dela, ela passa, como quem passa por um caminho, disseram algures que tudo nesta vida nos é eventualmente tirado, até a própria vida. E que faço eu? Entristeço-me? Não. Exijo outras saídas, e não me contento com resignações. Percebo agora o que é a alegria, por vê-la nos olhos dos outros, que a vida é uma dádiva ( não se sabe de quem, nem porquê) e não se pode recusar ofertas "é de mau tom" (diria a minha mãe). O momento é agora, hoje, não amanhã, nem depois. Cresço sim, "já vai", crescer custa, mas o que custa dá mais prazer, fortalece, engrandece, faz-nos gostar ainda mais daquilo que já adoramos, deixemos então a moleza para os "vencidos da vida" diria o nosso velho Eça, e caso erremos finjamos que os anjos olham na direcção oposta, se porventura voltarmos a errar e se nos detestarmos por cair na armadilha uma terceira vez e não termos a capacidade (ou será vontade?) e a coragem de admitir as nossas culpas, lembremo-nos que démos o nosso melhor noutros tempos, e que outras oportunidades surgirão, e em todas elas nos poderemos redimir. Estou preparada. Para viver, para morrer, para morrer depois de viver de preferência, pois assim não morreri nunca, serei terna eternamente no coração dos que me sentem, na pulsão dos que me amam, no vento que se perpetua, porque nós vamos mas o vento fica, no véu da noite que cobre todos os telhados de todas as casas dos nosso imaginário. Serei folha caída na calçada, chutada e pisada vezes sem conta, floco de neve que derrete nos galhos de cristal das amendoeiras, serei sombra da rocha alta do deserto, serei água que escorre por entre as canas dos canaviais (gosto destas duas palavras), serei som no bailarico da aldeia numa noite de Verão, serei corpo aninhado nos lençóis finos, brancos e brandos, serei sussurro ao nascer do dia, serei a riqueza de um pobre, o supérfluo de um rico.

domingo, outubro 21, 2007

Anda dá-me a mão!

Estou mesmo feliz caramba, parece que todos neste mundo decidiram criar uma bola de protecção em meu redor, e não há maldades, nem desejos de vingança, nem rancores incoerentes que me afectem, que me abalem, e assim tudo o que é feio e mau, desaparece, evapora.
Sabermos que fazemos parte da vida de alguém pelos melhores motivos reconforta-nos a alma, abre-nos o coração, desperta-nos os sentidos, agita-nos o sangue e sem mais nem menos vemo-nos a sorrir simplesmente porque sim.
A minha mana ligou-me era ontem meia noite, ou seja hoje no primeiro minuto do dia, chamou-me de "princezinha"; e hoje eram sete e meia da manhã, fui pé ante pé para a cama dos meus pais, e já não fazia isso há demasiado tempo...e soube tão bem: aninhar-me no corpo quentinho da minha mamã, ouvir o meu pai a dizer "parabéns" na sua voz rouca e ensonada, isto depois de adormcer ontem (que era já hoje) com uma lágrima a escorrer-me pelos olhos porque me tinham chamado de "princezinha"...e hoje o beijo do meu mano, o telefonema da minha madrinha, as inúmeras mensagens que tanto me alegram, os emails emocionados.
Ah são estas as coisas que me fazem perceber que não há quadro de Renoir, nem 5ª sinfonia, nem poema de Florbela, nem balada de Nick Cave que exprima o que quer que seja. E quando assim é, percebo o quão pequenas são as palavras e o quão gosto delas pela sua pequenez, adoro-as porque nunca se chegam a intrometer, porque nuncam "chegam lá" verdadeiramente, andam perto sim, mas é só isso pura ilusão, como diz o filósofo Robbie Williams, só precisamos de "Sentir", e é só isso que nos falta nos dias que correm: Sentir!