domingo, agosto 25, 2013

Por mais tempo que passe

Voou.

O tempo voou. Parece que foi ontem, que foi há uns meses, há umas horas.O dia de sol quente no norte do país em frente ao lago verde, habitado por simpáticos e vigorosos patos que entre bicadas e guinchos compuseram a mais bela banda sonora da nossa tarde passada naquela cidade que é a cidade mais simpática que conheço. Uma tarde como as outras transformada na nossa melodia desde então.

Por mais tempo que passe, recordarei para sempre o nosso encosto um no outro como duas rochas que com a passagem dos anos se fundem tornando-se numa só. Recordarei os pequenos riachos que dos nossos olhos nasciam e que caiam em forma de pequenas cascatas frescas e salgadas sobres as nossas mãos.

Por mais tempo que passe.

Hoje, e passados tantos meses estamos mais perto que nunca do desfecho de mais um capítulo do nosso livro, o livro que abrimos juntos e que escrevemos a quatro mãos sempre que os nossos desejos se realizam.

E contigo meu amor, os meus desejos realizam-se todos os dias, e todos os dias adormeço com a certeza que a mais bela história de amor foi inventada numa noite escura de Novembro. Quando acordo, apercebo-me que tenho vivido dela desde então, e que não há outra forma de viver.

Por mais tempo que passe.










domingo, agosto 18, 2013

Há uns anos

Às vezes lembro-me das tardes que passava em salas de cinema. Chegava a ver o mesmo filme duas e três vezes no escurinho das salas que ficavam mais próximas da faculdade onde me ia entretanto entre as cadeiras de Análise filmica e História de Arte. Agora que olho para trás, com aquele olhar que a idade adulta nos transforma e devolve numa doce carícia na alma, e não me apetece voltar. Fui feliz, imensamente feliz, aprendia tudo, absorvia tudo, tinha tempo para ver e rever, ler e reler, passar a limpo e estudar com antecedência, era tudo fácil e não era mais do que aquilo.


quinta-feira, agosto 08, 2013

A ponte


O tempo passa. 
O nível da água sobe e desce numa constante luta silenciosa. A paisagem permanece muda e presencia todos os movimentos ascendentes e descendentes, calada e profunda. 

A ponte constrói-se. A quatro mãos, a dois corações. Ao mesmo tempo e em tempos quebrados pela distância. A ponte constrói-se fruto de uma vontade mútua, de uma vontade que não se amedronta, que é despida de interesses e livre de motivos inferiores.

A ponte só resiste ao tempo se construída (para uma dia) ser caminhada lado a lado na linha final da vida, quando o reflexo dos nossos rostos nessa mesma água revelar o valor daquilo que fomos um dia…juntos.

[Imagem via: http://eukendei.deviantart.com/art/The-Bridge-study-2-359979814]