segunda-feira, outubro 28, 2013

E também me podem seguir por aqui...


http://leilagato.tumblr.com/






É isso que eu vou fazer


O Cinema foi e será sempre uma das minhas grandes paixões. Ao longo de todos estes anos tenho ocupado a minha mente - e o meu coração - com momentos repletos da intimidade própria de uma sala de cinema. Chorei, ri, voltei a chorar, a suspirar, a assustar-me e a viver com personagens de bons e maus filmes, de excelentes obras e outras não tão grandiosas, mas que por motivos vários me tocaram.

O saldo é positivo, cresci entre corredores de salas escuras, de sessões ao início e meio da tarde, início e final da noite, só e acompanhada, com e sem pipocas. Cresci e cresci muito, constitui família, vibrei com sucessos e derrotas próprias do caminho que tenho vindo a traçar sempre de mãos dadas com a Sétima Arte.

Costumo dizer que tudo o que dizemos e vivemos dava um filme. É só querermos.

E o Luzcamaraccao cresceu comigo. Às vezes mais "alimentado", outras vezes menos e nem sempre pelo seu tema-rei: o Cinema. A verdade é que eu própria descobri em mim outros gostos e outras vontades, descobri o digital e o Marketing, as Redes Sociais que me dão um gozo tremendo e me mostram que o dia está a mudar, todos os dias.

Mal ou bem fui pioneira nos primeiros tempos de blogger. O meu grande Amor (poderia lá eu imaginar) nasceu de um comentário deixado e esquecido por aqui, anos mais tarde, vim a descobrir que a pessoa que amo já me "seguia" ainda nos tempos de faculdade, vim a descobrir um grande amor. Um amor tão alto e tão forte que me faz querer mais, e escrever mais. E é por isso que volto sempre, volto sempre aqui a este espaço que é onde me sinto bem, é a minha casa das palavras que poderiam dar filmes.

Do Cinema resta pouco, escrevo pouco sobre ele, mas volto "devagar, devagarinho". O Luzcamaracção vai continuar a viver, e não vai mudar de nome, exactamente porque tudo é uma questão de perspectiva: tudo pode ser transformado em filme. Se escrevo sobre memórias, é porque na minha cabeça elas voam nas asas de um caleidoscópio.

Este meu mundo vai continuar a mostrar aquela que sou, do movimento do digital, das redes que me movem e de casos que encontro e que acho que devem ser espalhados aos sete ventos. Do Facebook ao Instagram, do vídeo à imagem, das causas esquecidas e dos artistas que ficam por escutar.  É isso que vou fazer. A partir de hoje. É isso que eu vou fazer.

Imagem via Pinterest

domingo, outubro 27, 2013

O sonho

Parece que foi um sonho. Rápido, mágico e arrebatador. O dia amanheceu contigo e comigo juntos, de mãos dadas, como se fosse véspera de Natal.

Trocámos juras de amor, do nosso amor, e o nosso pequeno-almoço foi tomado com as nossas canecas, as nossas torradas, os nossos gatos, e os seus pêlos. Fui buscar o bouquet ao atelier improvisado na traseira de um carro e lá fui surpreendida mais uma vez. A brancura das flores escolhidas em contraste com o verde das suas folhas e com a fita de veludo azul que o prendia fizeram dele uma verdadeira jóia. A minha jóia.

Levei-o para casa e mostrei-to, sorriste-me em sinal de aceitação e até olhaste para o boutonniere com outros olhos, os olhos de quem muda de ideias. Despedimo-nos com a promessa de que nos voltaríamos a ver dali a umas horas, despedimo-nos com a certeza de que quando os nossos olhos se voltasse a cruzar, tu estarias de fato e eu de vestido, tu estarias à minha espera e eu iria em teu encontro. E assim foi.

Passei a tarde entre detalhes e preparativos, os cachos de cabelo agarrados e soltos, os saltos e a cauda. A gravação de momentos naquele quarto de hotel com vista para um jardim que parecia saído de um conto de fadas. E saí ao cair dos primeiros brilhos da noite, quando o céu esmorece e o seu azul quebra para dar lugar a um azul cinza que desabrocha num azul muito escuro. O azul do mar abençoou a nossa união e eu subi as escadas convicta de que o momento pelo qual esperámos tinha acabado de chegar.

E eu vi-te, do outro lado, a sorrir para mim e a dizer-me que eu estava linda com o olhar, eu fitei-te e sorri para que só tu soubesses que ver a tua cara naquele momento era o realizar de um desejo muito profundo, o nosso desejo cumprido. Abraçámo-nos e beijámo-nos, como nos filmes, sentámo-nos e ouvimos o discurso da nossa amiga que nos embaciou os olhos e apertou o coração. Ela terminou e foi como se um espartilho se abrisse para voltarmos a respirar.

Beijos e abraços, e deixei de te ver, tinhas desaparecido para te voltar a encontrar alguns minutos mais tarde. Nunca mais te larguei (ou pelo menos tentei), dançámos e flutuámos, trocámos olhares e dezlizámos pelo mármore frio do espaço escolhido.

Não poderia ter sido diferente, foi tudo o que quisemos e muito mais. Feliz por sermos assim, feliz por sabermos fazer as nossas escolhas, feliz por saber que temos algo difícil de ter e que é fácil para nós. Lemos juntos o nosso livro, um último beijo e um último deitar.

Somos felizes, a felicidade não é um momento, a felicidade é um mar de dias.

Castanho

Castanho. Não costuma ser uma cor de eleição, pelo menos, não costumo ouvir como sendo uma cor especial. Mas a magia do outono faz desta cor, uma cor real, uma cor extraordinária. Há dias viajei pelo norte do nosso país, vi o Douro. Finalmente, o Douro. Que bonito, que mágico, que grandiosidade feita de terra e folhas. As folhas, que foram verdes, são agora uma trilogia cromática repleta de magia ancestral. O dourado, o castanho e o vermelho. São as cores das uvas, do cheiro a terra orvalhada e cigarras cantantes nas noites amenas e estreladas. O castanho das madeiras, dos frutos secos, do cacau em pó. O castanho avermelhado dos topos das casas e do asfalto longo e paciente. O castanho dos doces e amargos, dos campos e das folhas, das mãos fortes que com os seus machados talham o quadro da viagem que fizemos os dois. Castanho.

Imagem via: Pinterest