sábado, dezembro 30, 2006

E para 2007...

...o sabor de eleição é o sabor a limão!!

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Agora que voltaste à casa que construi para nós

Frio, muito frio tanto que quse sinto o gelo nas pontas dos meus dedos, quais estalactites valiosas. Noite, noite fria, mais uma, uns chamam a este frio de "Inverno" eu chamo de "Ausência", a minha ausência.
Gritam por mim...tu não ouves, ouviste?
Tremo mas não pela "baixeza" da temperatura, antes pelo medo: calculado, premeditado, suor frio, um véu esbranquiçado, uma dor prazerosa.
És mesmo tu?
Porque me persegues?
Porque te busco?
Estás comigo mas não estás, dormes comigo mas não te sinto, magoar-te não consigo, só não quero sofrer....
Ofereceste-me vermelho, mas tudo o que tenho é negro, e eu prefiro vermelho, e tu possivelmente azul, tenho azul para ti se quiseres, se ainda quiseres, se ainda me quiseres. Sei fazer todas as cores, sou perita em magia cromática, nunca te contei? Não tive tempo...dá-me tempo, rouba-o se for preciso, arranja o relógio, dá-lhe corda, estica-a, há tempo, houve...e esse não volta mais.
E tu a mim, que me fazes?
Vendas-me os olhos, corrompes o chão com rosas brancas arrancadas da terra húmida, trespasas-me o corpo com os teus lábios, catapultas os teus braços em direcção ao meu pescoço, e consomes-me numa dança aprofundada pelo teu aroma, fragrância desconhecida, um veneno, um elixir, um enigma, uma vontade incontrolável de ser controlada por ti: paixão dizem eles...o amor, espero que não seja isto.
Continuo aqui, fechei, abri, voltei a fechar e a abrir os olhos, e tu...dormes profundamente, vives iluminado por outro Sol, contemplas uma outra Lua, choras ao ver outro mar, fere-te um outro vento, partilhas uma outra janela.
Eu era para morrer ontem, velada na neblina sepulcral da casa que mandei construir no monte esguio e macio, sepultada no seu topo: "Aqui jaz a tela pintada por ti". Tu havias pedido mil violinos a tocar ao vento, e eu os teria ouvido por debaixo do véu com que me cobriste a face alva e ainda morna por te sentir.
Virás sempre.
Virás sempre e eu sempre aqui permanecerei, a minha pele rosada ficará branca, os meus cabelos negros mais negros ficarão, os meus olhos jamais se voltarão a abrir...mas ver-te-ei, sim, incesante e apaixonadamente. O meu coração não voltará a bater, mas escutará o bater do teu.
Tu subirás o monte todas as manhãs, ao raiar do sol, lerás a frase, chorarás duas lágrimas, uma por mim...a outra por ti. Vais desejar-me mais do que nunca, lembrar-te-ás do quão felizes fomos e do quão seremos quando eu voltar, eu voltarei, nos teus sonhos far-te-ei sorrir, e ao acordares tornarei a tua sombra o meu amante, o ar que respiras ficará frio, vais sentir-me sem me sentir, desejarás a vida, a morte, o meu corpo: tudo aquilo que te foi negado.
E eu lá dentro suavizarei os teus dias até ao do nosso casamento...será Novembro próximo, choverá de tarde, corvos carregarão o meu véu, não haverá altar, nem cúpula gótica, só tu e eu, o monte e a brisa dourada, teremos gatos vadios como testemunhas.
Além do nosso casamento celebraremos a felicidade terrestre, no nosso leito conceberemos a paz e ofertá-la-emos aos deuses para que eles a façam molhar as cabeças dos homens, adormecendo o ódio num sono profundo e amaldiçoado, escondido e aniquilado.
Faremos os outros felizes, para isso voltarei, serei feliz só por te fazer feliz.
Casa comigo. Em Novembro próximo. No monte londrino, depois da floresta, de lá ouviremos as badaladas do gigante de pedra: serão três, uma atrás da outra, uma por ti, uma por mim...a outra para que tudo seja perfeito.
Tu vais trazer-me de volta à vida.

quarta-feira, dezembro 27, 2006

The pursuit of happyness

Se esta é uma época de mensagens bonitas e valores que espelham as atitudes dos outros, chega-me aos ouvidos (e aos olhos) um novo filme que estreará em breve: The pusruit of happyness.
Este filme conta com Will Smith como protagonista, interpretação que lhe valeu já uma nomeação aos golden globes, "this man can act" (when he wants).
A estória trata a relação entre um pai e um filho, relação familiar transportada da vida real para a película, uma relação já forte mas que se alicerça como nunca, em momentos mais difíceis: o que fazer se ele tiver fome e eu não tiver como o saciar, o que fazer se ele tiver frio e eu não o poder aquecer, o que fazer se ele não sorrir??
Podia trazer ao meu blog a antecipação de Babel, um grande, grande filme, mas muitos o farão e eu fiquei tão sensibilizada com a estória deste "nouveaux" de Gabriele Mucino, que já me suavizou uma vez a alma (recentemente) com o seu L'ultimo bacio (2001), dois anos amis tarde com o magnetizante Ricardati di me (2003), e agora entra em terras do Tio Sam para mostrar a italianada "à la arrabiata" que nos comove, faz pensar, responsabiliza!
Afinal o amor, tome ele a forma que tomar, só faz sentido se a partir dele fizermos o outro sorrir, se o pusermos à nossa frente, se antecipar-mos os seus sentimentos, se as nossas mãos falarem mais que as nossas bocas, se os nossos olhares espreitarem para lá do poço e virem uma luz amarela gelada!
Vão ao cinema, vejam Babel, vejam L'ultimo bacio (em dvd)...e percebam que o amor não morre com a rotina dos dias, mas é exactamente nesse moemnto que dá provas da sua grandeza, vejam The pusruit of Happyness (18 de Janeiro- estreia nacional), veja, escutem, felicitem, sorriam, peçam um desejo, e talvez ele se realize...não fosse esse muitas vezes o nosso maior medo!
http://www.sonypictures.com/movies/thepursuitofhappyness/

domingo, dezembro 24, 2006

***Ho ho ho***

E como disse hoje um senhor na "télévisão"...
Hoje que se calem as armas que o tempo é de paz!

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Querido Pai NataL:

Desde aquela noite fria e limpa que tudo mudou.
A ansiedade pelas doze badaladas, a cozinha a ferver pela multidão que de lá entrava e saía e "que só quer ajudar", o colinho à mesa com os olhos virados para o tronco doce e o bolo a que chamam de "rei"...
Andei o ano todo a sonhar com este dia, como se tivesse medo, muito medo que não chegasse nunca, idealizei cenários paisagistas ingleses cravados a neve e bolinhos de gengibre, a árvore gigantesca e luminosa, esse monstro da floresta, o chão branco, o céu azul escuro cravejado de jóias de ouro.
Andei o ano todo a sonhar com um só dia, a família que se une mais que nunca, numa azáfama incompreendida por alheios ao ritual, o cheiro a café e a pão torrado lambido com quilos de manteiga num beijo delicioso...não passam de descrições, é disto que eu gosto!
E não me digam que o Natal é comércio.
E não me digam que no Natal não devemos comer muito.
E não me digam que no Natal ninguém perde tempo a dizer "amo-te".
E não me digam que neste Natal não vai nevar (mais uma vez).
E não me digam que neste Natal tudo passará a voar.
E não me digam que é só no Natal que nos lembramos de ajudar
....pelo menos no Natal lembramo-nos....
E não em digam que não acreditam no Pai Natal.
E não me digam que afinal o menino Jesus nasceu num outro dia (lá para a altura do Verão).
Desde aquela noite fria e limpa tudo mudou, eu vi-te, sim eras tu, eu sei que eras, por mais que digam o contrário, terei sempre de lutar contra as opiniões dos outros (eles só não te viram como eu vi), se o sei é porque é só para eu saber.
Já fiz a minha lista ao Pai Natal, já pedi aquilo que queria, e pedir mais é injusto para o meu coração, que hoje está mais esponjoso que nunca emaranhado em fios de prata acorrentado a uma visão, escondida num cadeado, cuja chave tens tu!
Agora basta-me seguir a estrela até ao infinito.
Neste Natal pedi uma chave para abrir o meu coração!

quarta-feira, dezembro 20, 2006

É bom saber que não sou a única

L'ultimo bacio de Gabriello Muccino, 2001
(...) l'eroico coraggio di un feroce addio sono lacrime mentre piove, piove (...)

sábado, dezembro 16, 2006

Boneca de trapos

Alison Lonham, in Big Fish (2003)
Ontem vi-te!
Não quero acreditar que eras tu, mas acho que eras, e se eras, despedaçaste-me o coração feito de linhas azuis e vermelhas, frágeis como qualquer linha azul e vermelha!
Estava eu no meio da multidão, andando por andar, e vi-te, acho que eras tu!
E tu viste-me a mim, se eras tu.
Não pude dizer "olá!", e tu não me disseste "muito prazer!".
Por mais incrível que pareça não me recordo da tua cara, mas tenho a certeza de que te reconheceria em qualquer parte do mundo, eu reconheci-te.
Passaste, e eu virei-me para trás.O tempo parou como no Big fish, em que a personagem do Ewan Mcgregor teve de afastar as pipocas suspensas no ar para se mover melhor, eu não movi pipocas, mas olhei para trás, tu prosseguiste e não restribuiste a paragem.
Segui em frente, virada para Oriente ( onde tudo parece acontecer no meio de nuvens vermelhas espumosas)...
Mais tarde entrei na mesma carruagem de sempre, fazia frio, muito frio, a noite estava parada como se nunca tivesse existido outra igual, e eu vim para casa, sem sorrisos, sem esperanças, só comigo mesma.
Agora sei que me sinto como uma boneca de trapos desfiados, aquela que depois da idade dos carinhos às coisas simples, é lançada para o fundo do baú numa posição sentada, com a cabeça baixa e os olhos cingidos ao colo, nós nunca conseguimos ver a cara das bonecas de trapos por estarem nesta posição.
Ainda bem, porque na maioria das vezes elas estão a chorar por mal de amores, porque não passam de bonecas feitas de trapos, com duas tranças negras, um vestido colorido e um coração despedaçado.
A princesa que se torna numa comum mortal.
A comum mortal que se torna numa linda boneca de trapos.
Não deixem as vossas bonecas fechadas nos baús.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

A feiticeira

Numa troca de correio electrónico recentissímo debrucei-me sobre os temas preferidos das cartas de Amor: a felicidade e o Amor, a vida e o sonho...pares sempre abraçados, alianças trocadas numa catedral sem muros de pedra, sem pombas brancas, sem laços vermelhos a esvoaçar.
Não preciso das pombas nem do laço vermelho.
Se por algum (a)caso nos cruzarmos com a Felicidade, essa feiticeira de cabelos escuros e vestido branco como a neve, de mãos finas como galhos nús de árvores e voz doce como açucar fresco da cana, não a percamos de vista, não a afugentemos, não a silenciemos, deixemo-la rastejar, andar, correr e voar comnosco.
Tenho por vezes a sensação de que ela é só um momento na vida, não é um estado permanente... a feiticeira é como um espelho que se parte.Cai no chão e nós pensamos: "Tudo perdido!"...
... mas não, o que quebra pode ser colado, com cola feita de amadurecimento e cor (para dar consistência).
A feiticeira quando se parte, espalha no chão todos os momentos felizes, todas as alegrias, e ao serem reunidas de novo são como que réplicas que ecoarão para sempre nas nossas mentes.
São pedaços de vidros maiores uns que os outros, outros mais cortantes, outros mais escondidos por debaixo do tapete, outros mais visíveis.
O vento roçou agora o vidro da minha janela.
Por isso acho que ninguém pode ser feliz todos os dias da sua vida, acredito antes que só valorizamos a felicidade, porque a sabemos frágil e efémera e por isso tão valiosa, não a queiram dentro de uma caixa dourada e fechada a 7 chaves...arriscam-se a perder a chave, e depois só se podem fiar na vossa memória...e ela falha tantas vezes.
Quanto ao outro tema das cartas: a vida e o sonho. Não os consigo distinguir é só isso. Não acho o sonho um filme que invade a minha cabeça quando a encosto na almofada (que esta semana é verde) e descanso durante intermináveis horas. Não. O sonho é para mim vida. É o seu seguimento, é a sua Natureza. O sonho existe para dar seguimento àquilo que vivo acordada, eu preciso dos sonhos para que a vida faça sentido, se tivesse que viver sem sonhar ou sonhar sem viver diria ao meu raptor: "Mas como é que eu faria tal coisa?..Prefiro que me mate antes!Talvez morta continuasse a sonhar!O que me pede é perverso".
E ele deixa-me ir, e eu sigo para Oriente.
A realidade. Gosto dela. Ao menos é verdadeira.
Não me lembro dos passos. Lembro-me da linha: era vermelha como o laço de que não preciso.
Lá fora há luzes de natal a piscar. A Lua parece presa e não consegue sair. O gato que passou é seguido por outro. As estrelas já não caem como antigamente.
Estás à espera de quê? Vai, leva a Lua, ela pede, ela impõe, ela dança, ela seduz, ela vive aprisionada à noite. Ela não quer a noite. Ela quer o Sol, mas o Dia roubou-a e não a devolve. Antigamente, muito antigamente, a Lua aparecia de Dia e o Sol de Noite...depois vieram os alquimistas e agora é tudo o que temos.
Ouço um miar, qual dos gatos será?