sexta-feira, junho 29, 2007

o efeito do café

Dediquei o meu penúltimo post à marca que (na grande maioria das vezes)me acompanha pela manhã ao acordar.
Não se trata apenas de café, é muito mais do que isso, não um mero vício açucarado e encanecado, não é uma refeição, não é um ritual, é o café pela manhã.
Bebo-o lentamente, aqueço primeiramente a água, acabo sempre por deixá-la ferver, pó castanho no fundo da caneca (que tem um gatinho cor de laranja agarrado à pega) e junto-lhe a água fervida, o açucar qual cristal partido em infinitos grãos e bebo, bebo, e bebo...fecho os olhos, e sou inundada por incontáveis sensações, centenas de canções entoadas por vozes aladas e tocadas por instrumentos que ainda não foram inventados, vejo lugares, longíquos de tão perto que se tornam.
Abro então os olhos, vejo da janela da minha varanda aquilo que está do lado de lá, e percebo que há todo um mundo por descobrir, uma vontade de prosseguir e de ficar ao mesmo tempo, abro a janela ainda de caneca em punho, regozijo-me porque ainda me falta metade do café para acabar.
Janela aberta, brisa que entra, aroma que sai, aceno à idosa com o alguidar da roupa, ao senhor do pão, à vizinha que rega as flores, olho para trás e já nada importa, só o Bom vem por aí, só o Bom , porque o Mau não entra pela minha janela, porque o Mau nunca é assim tão Mau e o Bom é sempre ainda melhor.
Nao tenho fome, só sede pela vida, muitas janelas se abrirão, muitas águas ferverei, sou feliz porque me insatisfaço e não permito que ninguém o contrário me queira fazzer crer.
A felicidade é um momento. A insatisfação uma constante. E é assim que tem de ser, porque acomodados, tornamo-nos prisioneiros de nós mesmo, e a morte já instalada corre-nos nas veias.
Sou insatisfeita, sim muito insatisfeita, e quando não sorrio é porque vejo o quão satisfeitos os outros estão, estagnados, de janela fechada.
Não é o café da manhã, é o café: pela manhã!

quinta-feira, junho 28, 2007

Vou estar ali!

...no mar, e não no pára pente, porque a princesa é aventureira, mas também não exageremos, que das 7 já só tenho 5 vidas, e ainda não passei das duas décadas de existência!

sexta-feira, junho 22, 2007

Open Up Open Up

Um dos meus anúncios preferidos de todos os tempos, por acaso tem uma das músicas mais amorosas que já ouvi...há outro anúncio da mesma marca com uma canção bem mais conhecida, mas esta tem qualquer coisa que me afecta...Open Up, Nescafe :
You can be rich with no money to spend,
you can be everything when you understand,
you can be mother when you are a man,
open up - you know that you can.
Open your eyes,
open your mind,
open your thoughts - Don’t stay behind!
(Open up, open up, open up, open up)
Nescafé(Open up, open up, open up, open up)
The key is inside you to open your mind,
you know what is helping (outhere???)
- your heart can’t be blind,
open your eyes and open your mind,
open your thoughts - Don’t stay behind!
Open your eyes,
open your mind,
open your thoughts
Don’t stay behind!(Open up, open up, open up, open up)
Nescafé(Open up, open up)
You race all the boarders and start in your head,
open your mind to thoughts out and say,
open your eyes and open your mind,
open your thoughts and don’t stay behind.
Open your eyes,
open your mind,
open your thoughts
Don’t stay behind!(Open up, open up, open up, open up)
Nescafé(Open up, open up, open up, open upOpen up, open up,Open up, open up
Nescafé)
By Laurie Anderson

domingo, junho 17, 2007

Pechincha deste Verão!

Só me pergunto qual é a alma sábia e campista que levará uma sanita às costas e a colocará estrategicamente ao lado da sua tenda de três lugares, que comprará pela módica quantia de 29 euros e 99 cêntimos num outro qualquer supermercado, e a tenda ainda fica mais barata que a pecincha anunciada. Vêmo-nos em Tavira, ou lá se vemos! imagem: cortesia do supermercado Plus

sexta-feira, junho 15, 2007

se fizesse um filme era assim

É o bonde do dom que me leva
Os anjos que me carregam
Os automóveis que me cercam
Os santos que me projetam
Nas asas do bem desse mundo
Carregam um quintal lá no fundo
A água do mar me bebe
A sede de ti prossegue
A sede de ti...

Marisa Monte, O bonde do dom

terça-feira, junho 12, 2007

"I'm not Avery" (alguns spoilers, eu aviso sempre!)

Ontem assisti à mais longa investigação criminal de David Fincher.
Zodiac é longo, mas cada minuto da obra é de um pormenorismo incrível, não se tratam de cenas vagas feitas ao desvario, e atenções a belas paisagens, muito pelo contrário, tudo o que não é "conversa" no filme são vistas de São Francisco, o passar dos anos, as construções a ganhar forma, a manipulação da imagem para melhor nos dar a ilsuão (real) de que se passa muito tempo sem nada de relevante acontecer.
Os diálogos entre as personagems por serem tão bem interpretadas prendem-nos, envolvem-nos na teia, extremamente bem tecida e desfeita lenta e eficazmente durante mais de 20 anos.
O filme de Fincher foge ao seu estilo, mas de Fincher o que é de Fincher, este é um exercício livre e artístico sobre os anos 60, e 70 principalmente. A tendência noir é uma constante, ali qualquer um pode ser The Zodiac, até mesmo a intoxicante Chloe Sevingny podia, podia!! Esta obra revela-se como cinema dentro de cinema, o assassino e a ligação ao cinema mudo é brilhantemente tratada na obra, bem como a cena na cave, o clímax do filme em que a personagem que guia o cartonista nos faz lembrar um senhor de nome Nosferatu, esta reminiscência surge nos gestos, no movimento e na postura.
Os desempenhos são brilhantes, há um belo trabalho na composição das personagens, Jake Gyllenahll (um dos grandes da sua geração),Robert Downey Jr e Mark Ruffalo , e os secundários mas fortíssimos Brian Cox, Antony Edwards e Dermot Mulreony. Estão todos genias, e dizer isto é pouco mas muito, porque hoje em dia enfim é complicado ver filme em que os actores desempenham papéis ( e é para isso que são pagos).
A recriação de época torna Zodiac num bilhete postal, tudo é 70's: guarda roupa, música, Dirty Harry, cenários, pormenores como o pin do presidente Nixon na redacção, o logo da Warner Bros a preto e branco que foi possivelme encontrado nas gavetas da distribuidora, por vezes a excessiva obsessão por esta recriação fiel torna-se um pouco irrealista, um pouco caricatural até, mas resulta tão bem.
Ena gostei mesmo do filme, fiquei mesmo contente, as cadeiras reclináveis é que me tramaram o pescoço, ah e intervalo para quê?
Ah e agora Robert Downey Jr, acho por bem escrever umas linhas sobre este mal amado e "bom actor que sa farta", no filme faz de jornalista que no rodopio dos anos 70 se deixa envolver em dois turbilhões, o da investigação sobre o serial killer que se torna próxima demais, e o outro turbilhão aquele que envolve álcool e drogas, não sei se estão a ver qual é...
A sua personagem muito activa numa fase inicial, vai-se ausentando dando lugar ao também grande Mark Ruffalo notável no papel de polícia que tudo o que quer fazer é encontrar o assassino e "fazer o seu trabalho".
Robert Downey Jr, tem aqui possivelmente o papel mais autobiográfico da sua carrira, uma das suas últimas cenas é hilariante sentado num banco de bar com uma bomba de oxigénio, vemos a sua decadência de Avery e a sua entrega ao medo e à frustração de não encontrar o culpado, e que aparecendo fugazmente transmite o pouco humor do filme.
Em tom conclusivo, Zodiac é definitivamente um filme a ter em atenção, David Fincher não desilude não senhor, o que faz é abrir caminho, e mostrar que faz muitas coisas e tudo o que faz (oops.. Panic Room) fá-lo bem!

sábado, junho 09, 2007

"...sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura"

Bruno Nogueira é provavelmente um dos grandes comediantes do momento no panorama português, poderia eu ficar aqui a cravejar de diamantes linhas a fio elogiando o rapaz, afirmando a pés juntos o quão bom ele é, e o quão inteligente se mostra no como tem dirigindo a sua carreira no caminho turtusoso, que é a comédia por estas bandas.
O jardim de inverno é brindado até dia 30 de Junho, sugiro que se apressem porque o espectáculo esgota "que é uma coisa parva", a hora e meia passa voando pelo início da madrugada e de lá saímos com aquela ideia de que o humor é uma coisa muito, muito difícil de fazer, e que actores há muitos, poucos são os que com a simplicidade da sua presença e textos bem articulados e actuais nos entusiasmam, nos fazem rir e pensar "eh pá de facto somos mesmo uma cambada de insensíveis".
O Bruno Nogueira faz-nos pensar que de facto ridendo castigat mores, e que não se trata de uma questão de tamanho ou altura, de cultura ou laisser passer, basta apenas pôr a mão na consciência, ver as coisas como elas são e que o facto de nada fazermos para mudar o mundo não siginifica que não nos apercebamos exactamente do que é que o faz rodar!
Riam-se com os estrábicos, com a fome em África, com o the falling man, com a irmã Lúcia (agora reunida com Xico e Jacinta) , e com os anões, está lá tudo, o raio do puto topou-nos a todos!

Os 13 do Oceano!

Até que enfim que saí de uma sala de cinema feliz e contente!
É isso que acontece quando criamos expectativas ligeirinhas e nos aventuramos no início do Verão a ver alguma coisa que não possua a alcunha de "Bloco enorme", que é mais ou menos blockbuster em português (é melhor tirar isto da net, não vá nenhuma alminha importante ler isto e mandar esta dica para cima de uma mesa de reuniões, daquelas em que são decididos os nomes a dar a coisas que já têm nome nos outros países).
Para fãs do hilariante Ocens's 11 , este desfecho, que não é um desfecho, porque não se trata de uma trilogia, é totalmente do meu agrado. Os ingredientes mágicos estão todos lá, as privates jokes entre amigos, o guarda roupa, as personagens estilosas interpretdadas por actores que se sentem bem nessa pele, e o cheiro do gambling, e das slots a girar!
A premissa não é nova, o gang prepara mais um roubo a uma colossal casino, desta vez não porque precisem de dinheiro (embora venha sempre a calhar), mas antes para vingar um grande amigo! Claro que o casino tem um dono muito mau e rezingão (ou não fosse ele interpretado por Al Pacino), claro que vilões antigos regressam para o bem e para o mal ( Andy Garcia e Vicent Cassel) e há ainda um vislumbre do feminino, que a meu ver é a única peça que não encaixa no puzzle, desta vez muito simples montado por Soderbergh.
Ocean's 13 tem comopor base, uma ideia : diversão, não há papelões, mas sim reminiscências do Cinema antigo, o uso da cor quase obsessivo que parece pintado à la mode dos anos 80 (aquilo que fizeram com o Casablanca!!), cores vivas, muito vivas, realisticamnete irreais.
De juntar a tudo isto uma banda sonora do meu agrado, muito disco sound e muito "saxofonizada" (a partir de agora tenho uma nova palavra preferida em português!).
Se querem sair (nem que seja por um bocadinho) do marasmo próprio da explosividade desta época do ano, vão ver Matt Damon, Brad Pitt, George Clooney, Casey Affleck, Don Cheadle e quem sabe Oprah numa sala próxima de vocês.
É que não vão perder mesmo nada!
(Ah e sim fui ver o filme ao Alvaláxia, e sim a imagem é tirada do folhete semanal, cortesia Cinemas Millenium)

quarta-feira, junho 06, 2007

"Jazuj"

Num meio dia de Primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
(...)
Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pesoa da Trindade
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
(...)
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
(...)
O seu pai era duas pessoas...
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!
(...)
Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
(...)
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
o espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
(...)
E esta é a história do meu Menino Jesus.
Isto é Pessoa meus caros!
Guardador de rebanhos, Alberto Caeiro

sábado, junho 02, 2007

Esta pérola já cá canta!

"QUEM DÁ MAIS?" MAIS UMA PÉROLA CINEMATOGRÁFICA PARA A PAREDE DO QUARTO NO MEU PALÁCIO!

Parabéns!!

Lá fora (refiro-me a Inglaterra) as revistas de cinema trazem suplementos assim!! Picture from Collector's suplement, FILM magazine

Piaratas, piratinhas...e essas coisas do mar!

Mas também diz a bélica excelência
Nas armas e na paz, da gente estranha
Será tal, que no mundo ouvido
O vencedor, por glória do vencido
Os Lusíadas, est 56, canto VIII, v.5 a 8
Velhos truques, por vezes não passam de truques e velhos, coisas da idade. E num universo como é o cinema, coisa do ano passado é também coisa desse mesmo passado.
Sou fã incondicional de Johnny Depp, mas às vezes não chega o carisma do Homem mais versatilmente duvidoso da História do Cinema Contemporâneo. Nem chega mesmo o facto de o du, tri, quaduplicarem na tela...nem sempre cola, por maior que seja a geniosidade deste Johnny from wonderland!
Parece encerrada a história dos piratas, ou não...( para quem assistiu à pérola final) http://www.youtube.com/watch?v=b5FI4ZnHhnA), Orlando Bloom diz que o final desta trilogia é digno de uma grande epopeia, eu cá acho, Senhor Bloom que o melhor é esticar bem as velas que a nau precisa de abrandar (peço desculpa mas domino muito mal o vocabulários das lides marítimas). De facto a história do Capitão Sparrow terminou ( e é aqui que fazemos buáaaaaaaaaaaaa), mas por agora não faz sentido algum prosseguir.
Quanto a outras personagens, sim pode-se arranjar qualquer coisita, mas por favor esperem mais um pouco, aí uns 10 aninhos ou coisa do género!
O mar navegado por Gore Verbinsky, banhou todo um mundo, atingiu as metas comerciais a que se comprometeu, manteve um belo elenco, uma bela filosofia visual, a argumentativa, essa sim uma verdadeira banhada.
Não consegui deixar de notar grande cansaço (não, não do público, esse ficava 4 horas na sala se preciso), mas dos actores fulcrais à trama, nomeadamente o par romântico que numa de "ele ama-me, ele não me ama" não atava nem desatava, com diálogos fracos e olhares desviados.
A estrela da companhia é inantigível, não há critica negativa no meu horizonte, ele são os desequílibrios, os olhares estrambólicos, a peruca que de tão falsa só podemos dizer "ena pá parece memo verdadeira".
De louvar, está o guarda roupa, os cenários e os efeitos especiais, principalmente na cena envolvente (não pelo par) mas pela fusão de céu e mar ambos esterlados, entre Will e Elizabeth, uma mar reflectido no céu...ou seria o contrário (também quero uma noite assim!!).
Outra cena a referir é a esmagadora cena em que é descoberta a forma de alcançar os confins do mundo, e a entrada nesse mesmo lugar.
O bom deste franschise é o casamento entre Acção e Humor, da qual nasce o logotipo da Disney: brilhantismo cómico que já nos havia habituado nos dois primeiros filmes da trilogia, aqui o humor torna-se mais físico e feio, voam piratas, olhos, dedos congelados, e o resto fica a cabo do "you know who"!!
Mas, e este ano estão a haver muitos "mas", este Piratas não prende do início ao fim, o fogo é apagado a meio, nos "mares nunca navegados", nem as alusões odisseicas a ninfas Calipsos asseguram a frescura, nem a aparição da pedra rolante cuja esposa se assemelha ironicamente a um coco, nem Ken Watanabe, nem Jack Sparrow, ele multiplica-se mas não é (ainda) Deus!
Para dar estrelas, em 5 dou 4 (numa constelação puramente blockbusteriana)
e aqui estão elas
****