quarta-feira, maio 30, 2007

Parece-me bem,

parece-me muito bem! Produções fictícias em grande, como sempre.

quarta-feira, maio 23, 2007

A passagem do tempo

"- Preciso de comprar uma agenda filho! - Mas tu já não tens uma agenda mãe? - Ai filho, mas a que eu tenho, é que até tenho vergonha..." Escuto conversas todos os dias. Escuto os meus pais a conversar com o meu irmão; as senhoras na televisão; eu converso com o meu cão enquanto engomo roupa na varanda, a minha mãe sussura palavras frescas às plantas que rega. E quando não escuto, imagino conversas, escuto as cordas do violão a dialogar com as teclas do piano ao som de Miles DAvis, escuto Eça a ditar as palavras que verte para folhas amareladas na sua escrevaninha, Um fundo de melancolia, apesar de tão palrador, tão sociável, escuto a moldura enquanto se espreneia gritando-me que gostava mais da fotografia antiga que lá havia feito refém. Imagino o que escuto, mas nem sempre escuto o que imagino. E hoje escutei uma mãe a dizer a um filho que precisava de comprar uma agenda nova. Uma agenda. Já ninguém usa agendas. Sim aquelas agendas com sepradores de letras, uma letra para cada nome, para cada cara conhecida ou irreconhecível, para cada vizinha, para cada vivo e falecido, para cada membro da família, para que não seja ninguém deixado ao abandono por não ter uma morada e um número de telefone. Eu também tenho uma agenda, as pessoas que conheço é que já não têm morada, já ninguém diz onde vive, eu se calhar sou "à moda antiga", tudo comigo é à moda antiga, daí que goste de princesas. A mãe deste filho, tem uma agenda nova, comprou-a, mas não era aquela que ela queria relamente, ao que parece tem só duas folhas para cada letra, " não cabe quase ninguém". Até os comerciantes, acham que as agendas já não fazem sentido, tornou-se um bem desnecessário, e pouco avançado. Para quê uma agenda, se já ninguém mora? Se o correio hoje é electrónico e nem necessita de selo??! Que é feito do anúncio em que se cantava :" A minha agenda, a minha agenda!!"

segunda-feira, maio 21, 2007

Muito barulho para nada

A pequena e frágil Madelaine desapreceu. As equipas televisivas inglesas estão a "desmontar o estaminé" na Luz, parece que a possibilidade de fotografar sangue e fazer capas e capas de jornais sensacionalistas já não é uma realidade próxima. Coisas da vida. Mas o que importa é encontrar a criança. O que mais se me infiltra nas veias é ver tanta coisa em tanto lado e só ouvir falar da "caça ao raptor", a Madelaine fica melhor nos cartazes do que o retrato robô do dito raptor baseado em não sei o quê, que não sei quem achou que talvez lhe tenha parecido com... Coisas da vida. Tanta informação cruzada, tanto profissional da imprensa, e ninguém (repito ninguém) soube informar ( o uso da palvra "info" flexionada é intencional) que o russo afinal tem 22 e não 30 anos como passou em todos os rodapés de todos os canais televisivos...seria a polícia a querer enganar alguém na tentativa de salvaguardar informações preciosas que a levarão à recuperação do raptor, quer dizer da pequena Madelaine? Tanta informação revelada e não passa pela cabeça de ninguém que o dito raptor também deve ter uma televisão e que a ele lhe deve dar um jeitaço saber todos os "pums" dados pela PJ?? Entristecem-me injustiças e falsas modéstias, entristece-me a pedófilia, a prostituição inafantil e o tráfico de orgãos, entristece-me o esquecimento. Entristece-me que usem a imagem de uma criança para fazer "upa-upa" às audiências, entristece-me saber que foi feito um clip com imagens da Madelaine ao som de Simple minds e que isso seja também notícia na Sic...don't you forget about me... Não se esqueçam que todos os dias, e nos 10 minutos que levei a escrever este texto (tento escrever o mais depressa possível para diminuir o tempo e o número...falso consolo) dezenas de crianças despareceram. Hipermercados, cadeias e fast-food, gasolineiras vão afixar fotos de Madelaine para que não se esqueçam dela, quem dera que se tivessem lembrado disto antes, ou entao juntem a Madelaine as fotos de outras crianças, vítimas de todas as horas, de todos os anos, de todos os pesadelos. Sou cruel, mas só queria que aparecessem todas, as fotos e as crianças.

domingo, maio 20, 2007

Insensível

Muito, muito antigamente era assim...
Tornámo-nos nuns insensíveis.
Antigamente, ou há coisa de uns 4 ou 5 anos atrás, ver um filme ou seguir uma série televisiva era algo digno e respeitável, um ritual semanal!
Hoje?
Hoje, não é mais que um hábito desprovido de qualquer excitação. A quantidade iguala a qualidade dos produtos, o problema não são as séries em questão, o problema é o público. Antigamente, ou há coisa de uns 4 ou 5 anos atrás, uma em dez séries era boa e seguia em frente.
Hoje?
Hoje, dez em dez são tão boas que duram uma média de 5 temporadas.
Nós somos quem vê tudo sôfrega e desconfortavelmente na cadeira, com pouca ou nenhuma qualidade de imagem, com som desfasado e legendas em hebraico, nós que falamos tanto na qualidade das séries, não nos importamos nem um pouco de as seguir nestes propósitos, os artistas devem adorar ser aplaudidos vaziamente numa sala escura num écran do tamanho de um envelope!
E não nos ficamos por aqui, além de termos deixado escapar qualquer pingo de dignidade televisiva, escapou também aquela ansiedade de "cenas do próximo espisódio", já não conversamos com os nossos amigos (e uns quantos desconhecidos) sobre detalhes do último episódio exibido, sobre a possibilidade de virmos adquirir um desencaroçador de maçãs da teleshop que vimos no intervalo. Agora, falamos antes sobre qual o novo site onde já esta online a seguinte temporada, e extasiados comentamos "wow, ainda nem estreou nos EUA!".
É como ver um Guernica na net, e dizer o que nos vai na alma ao contemplá-lo (online), é tão poderoso como ler frases desconexas no messenger, frases descompensadas, com piscar de olhos e smiles marados, privates jokes tão privadas que não se dirigem sequer aos "privates".
Cadê a magia da caixa que mudou o mundo?

quarta-feira, maio 16, 2007

Coimbra 12 de Maio de 2007

Ladies and Gentleman Mr George Michael!
Someone has to shoot the dog!!
Nunca imaginei possível ver nascer o Sol às 11 horas da noite...

quarta-feira, maio 09, 2007

B.A.S.T.A

Ao folhear o Diário de Notícias de dia 8 de Maio de 2007 na parte inferior da página 28 deparei-me com uma das incontáveis atrocidades cometidas diariamente neste inóspito mundo, governado por homens tristes e autênticas bestas humanas, (passo a expressão).
Estou cada vez mais triste por saber que faço parte da raça humana, é triste mas é a verdade. Não sei se tenho o direito de mostrar no meu blog imagens e texto retirados de um jornal, se não tenho esse direito peço desculpa e caso me seja pedido retirarei ambos o mais depressa possível, mas tinha de mostar a minha revolta, o meu desespero, como criança que fui, mulher que sou, e humana que cada vez mais tenho vergonha de ser.