sábado, maio 29, 2010

O Passado é capaz de vos libertar

Olhem para a frente porque para trás não há nada que nos faça avançar. É incrível como por vezes se o usa o passado para não se prosseguir, como se ali, naquele tempo que se foi estivesse a caixa de Pandora capaz de nos fazer felizes (outra vez, como se foi outrora). Tão errado. A vida mais não é que uma sucessão de passados. Uns mais curtos, outros maiores, uns bons, outros errados, uns constantes e uns inundados em mar revolto. Passado é sinónimo de Lição. Presente também. Pensem nisso. Passado é a casa de infância, o cheiro a leite com chocolate e pão com manteiga. Passado é o cheiro do primeiro amor, que é apenas o primeiro dos sortudos que amam muitas vezes porque se entrgam, se deixam ir, e voltam ao mesmo lugar que é a si mesmos, alterados e melhorados. Deixem-se de padrões, construam algo novo, brinquem com a vida, brinquem com os brinquedos que vos são oferecidos pela vida. Amem o passado mas por aquilo que vos foi ofertado e não por aquilo que vos foi retirado, ou por aquilo que não souberam fazer perdurar (se soubessem não deixaria de ser passado). Usem o Passado. Abusem dele. Sintam-no para atingir Liberdade. Sim, o Passado é capaz de vos libertar. Quando libertos, o Presente é mais vivo, mais colorido naquela cor que é transparente de tanta clarividência, aquela que nos permite ver o que éramos e aquilo que conseguimos ser.

domingo, maio 09, 2010

Porque a Felicidade é um Império

E por vezes renunciamos à Felicidade por vaidade.
Por vezes, são vezes demais.
Entretanto chega uma diferente, aquela em que nos deixamos ir...numa doce queda, terna e sem rede por percebermos que a rede mais não é que vaidade camuflada.
Por isso, se estivermos felizes a rede deixa de ser precisa, e se sentirmos a felicidade a rede desaparece para sempre, aquele "sempre" que o nosso olhar conseguir alcançar.
Felicidade um Estado. Felicidade que se torna num Império.
Pausa breve.
Segue-se a sensação de alegria ao contemplar a manhã.
Pausa mais breve e ....
Recomeçar: o corpo insurge-se, move-se numa dança leve contemplada pelas estrelas que nunca estiveram tão perto. O corpo pára, serpenteia, sobe e baixa, reclama o grito abafado, comprime-se num espasmo absoluto e tremulamente quieto.
O corpo permanece, nú, íntimo, endeusado, vibrante, quente, desarmado e sedento do outro. Que fazer?
Abraçá-lo, entregar-me, e trocar-me pelo outro para poder ser livre.
E nisto surgem as palavras..., conheço-as profundamente e opto por não as escrever. Prefiro dizê-las, com a boca, com o olhar, com o ventre firme porém nervoso ao toque dos lábios, digo-o com a respiração ofegante, de cabeça encostada no peito ritmado ao batimento cardíaco naquele compasso binário transformado em caixinha de música. Digo-o com as mãos que se tocam e abraçam por já se conhecerem.
Prefiro dizê-las sonhando com o toque da espuma do mar na ponta dos pés, a espuma feita de aroma a sal que mais não é que a lágrima que cai quando choramos felizes.
Sou tudo o que mudou, alterada, guiada até este ponto, melhorada, e eternizada no Presente.
Gosto de saber que nada do que fiz é fonte de arrependimento, que tudo acontece para me fazer chegar a algum lado, ou a alguém que me destabiliza, me faz confiar na sua presença e me faz sonhar com a ideia de que a sua felicidade mais não é que a visão da minha própria felicidade. E essa felicidade tem a extensão de todo um Império.
E assim vieste... e alteraste tudo o que até hoje sabia... engraçado é que dou por mim a compreender a grande Lição que me dás: a de que sabia tão pouco.
Contudo, isso fica em segredo, mas Tu podes dizer-me aquilo que me costumas dizer, quantas vezes quiseres que eu escutá-las-ei a todas!
E prometo dizer-tas sempre que a minha boca fugir para a verdade.
Tua.
L.

Para a minha amiga

Por tudo o que já dissémos uma à outra.
Por tudo o que já te contei e tu ouviste, aconselhaste e consolaste.
Por tudo o que nos une, nos separa, e nos traz de volta.
Por tudo o que vimos juntas, rimos e voltámos a rir.
Por todos os momentos estranhos, as conversas desconexas e os risos epiléticos.
Por todos os dias que já passei sem ti e que são infinitamente maiores que aqueles que passámos na companhia uma da outra.
Por todas as palavras amigas, de consolo, de gratidão desnecessário.
Por todas as etapas superadas e as que ainda estão por vir.
Por todos os sonhos realizados e aqueles que ainda havemos de sonhar.
Por todas as garfadas juntas para que ficássemos a par uma da outra.
Por todas as perdas, consequências e regressos.
Por todas as desilusões, as injustiças, e as incompreensões.
Por todos os dias de sol, as tardes cálidas e uma de nós algures à espera da outra.
Por todos os momentos nas estações de Metro.
Por todas as vezes que não dissémos "adoro-te", por acharmos que não era preciso.
Por todas as horas, minutos e segundos partilhados.
Por todas as horas, minutos e segundos por partilhar.
Por tudo o que temos e teremos.
Por tudo o que perdeste, eu perdi também.
Por tudo o que eu ganhar, será teu sem pedires.
Por tudo isto e muito mais.
Por tudo o mais que nunca será muito.