segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Walk the line (from London)

"My momma told me so: Son, don't you mess around with guns! But I shot a man in Reno just to watch him die!" J Cash Walk the line e definitivamente um filme a ver por aqueles que conhecem a musica de Cash e por aqueles que nao conhecem e ainda querem ver bom cinema, como ha muito nao acontece. Quem me conhece ja sabe que eu so podia tecer elogios a um filme onde entra o insuperavel Joaquin Phoenix, e verdade eu amo o trabalho deste rapaz e este filme vem apenas consolidar ainda mais a minha opiniao e a dos criticos que este ano o elegeram um dos 5 melhores actores de Hollywwod do ano de 2005. Aqueles que me conhecem sabem ainda que prefiro que ele nao ganhe o premio pois nao o quero ver a chafurdar na lama como os ultimos vencedores, dos ultimos anos. E que sinceramente dou mais valor a nomeacao em si do que a estatueta na mao. Voltando a pelicula, o filme e a simbiose perfeita entre dedicacao de Mangold, Witherspoon e Phoenix, os desempenhos de ambos sao brilhantes bem como as suas interpretacoes das musicas. E não é que os putos até cantam, já sei, já sei, com muito trabalhinho e arranjos vocais a melhorar a coisa, mas convenhamos...Phoenix e Witherspoon aprenderam bem a lição. Walk the line conta uma estoria. Ok e um biopic (que esta cada vez mais na moda), mas ha amor na estoria do filme, um relato de uma epoca, o renascer de um heroi, um explicar dos acontecimentos, o filme em sim digamos que "light", nao ha nada que fira sensibilidades, e se calhar esse e o unico dedo a apontar, o facto de se querer ver um Cash hiper revoltoso e agressivo, tal como a sua musica!! Cash e uma figura como poucas, pela sua individualidade e pela su musica, pelas suas letras e pela sua presenca em palco. Esta tudo no filme, agora e so ver e deliciar-se! "Love is a burning thing! I fell in love in a ring of fire!" James Mangold esforçou-se por contar uma estoria digna de ser contada, foram cerca de 10 anos de pesquisa sobre Cash que sao passados para a tela a transbordar de amor por todos os lados. O guarda roupa do filme é digno de nota, bem como a banda sonora que claro so podia ficar a cargo do Man in black em si (nao fosse a venda da banda sonora pagar quase os cutos de producao do filme), música essa que nao deixa ninguem indiferente, musica que essa que caiu talvez no esquecimento e é agora relancada para a ribalta; as letras sao altamente tocantes e ate mesmo perturbadoras, tudo o que se quer no momento! O climax do filme e condensado numa cena incrivel em que Cash faz o seu comeback em Folsom prison depois de tempos dificeis, cenas essa que e deixada no ar logo no incio do filme...mais uma ode a Mangold, pela sua inteligencia em repartir os acontecimentos e em seguida estes nos serem oferecidos espaçada e inteligentemente!! Por favor vejam o filme, apreciei cada minuto, cada segundo, deixem-se levar e ofuscar, porque somos ofuscados por filmes como estes!! (Mas torçam antes por Philip Seymour Hoffman, ele sim deve ganhar o oscar por melhor actor este ano!! ) Peco desculpa pela falta de acentos e que o teclado british nao os tem, pura e simplesmente(em manutenção...)!

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Brokeback mountain

Cada dia sem gozo não foi teu (Dia em que não gozaste não foi teu) Foi só durares nele.Quanto vivas Sem que o gozes, não vives. Odes, Ricardo Reis Como é que se pode invadir um espaço, se nunca se deixou de fazer parte dele? A estória de Brokeback mountain é simplesmente umas das mais belas estórias de Amor no mundo do cinema.Um amor tão elevado como uma montanha, tão branco como a neve tão secreto, e tão mudo como todos os amores deveriam ser. Mais que sentimentos Brokeback é verdade acima de tudo, uma verdade que os outros não entendem porque não podem ou simplesmente porque não querem, ..." mas nós vivemos na prisão, e em cujas vidas o único acontecimento é a tristeza, temos de medir o tempo pelas palpitações da dor e pela recordação dos momentos amargos."...já dizia Oscar Wilde em De Profundis. O Amor não é nem nunca foi a plenitude da felicidade. O amor é violento quando sentido, é arrebatador, é consumidor...manipulador, é dor, é ausência...é carne, segredo, paz inalcancável, isso é o Amor.É o saber que nunca será como se deseja, por quem se deseja, porque quando o é quer-se fugaz para que possa ser todos apreciado no mínimo tempo/espaço possível.É fazer juras a quem já não está para nos ouvir, é sentir o seu cheiro na sua ausência e chorar para que se prolongue a sua existência. Não me vou alongar sobre a obra cinematográfica em si, fui de tal maneira envenenada pela sua beleza que tudo à minha volta perdeu quelquer significado e sinto-me incapaz de reproduzir qualquer momento ou carcaterística da obra de arte..raras são as vezes que isto acontece, infelizmente. Acoselho apenas a todos que o vejam. Não percam a oportunidade de perceber finalmente o que o Amor é. Fazem-se tantos filmes , tantos romances trabalhados em série, tantas canções lamechas e tão poucos Brokeback(s). Finalmente faz-se justiça a essa palavra tão banal, sem que por uma única vez que seja, se profira a frase mais célebre do mundo: "I love you.", fica portanto provado que as palvras são nada e o que elas dizem tudo. Vejam e percebam.

sábado, fevereiro 11, 2006

Munich e a vontade de chegar aos oscares

Im nin'alu Dal thae na di vim Dal thae na di vim Dal thae ma di rom Staring up into the heavens In this hell that binds your hands Will you sacrifice your comfort? Make your way in a foreign land? Whrestle with your darkness Angels call your name Can you hear what the're saying? Will you ever be the same? Isaac Para variar spielberg faz uma filme sobre a família. Sim disse famíla e não sobre a questão palestiniana e sobre a guerra que os Eua travam desde sempre com vista ao fim do terrorismo, um contrasenso eu sei... não será antes o desejo dos Eua de se tornarem num género de nova "terra prometida"?. Não quererão eles ser a nova jersusálem de outros tempos, até onde é bom ser patriota...patriotismo náo será mais que a germinação de um vírus chamado nacionalismo.... E quando me refiro a família, refiro-me àquilo a que chamamos de lar, pátria, coração, bandeira, sangue...pó... Não se pode dizer que Munich seja um filme de interpretações como Lista de Schindler, nem tão pouco um filme "à la Spielberg", com tudo a que temos de direito, não é mesmo. Eric Bana ( por muito que este actor me agrade) não convence...o ilustre Geoffrey Rush não desmotiva, funcionando não como a consciência do assassino com causa justa ( algo que nunca entenderei), mas mais como a voz da pátria que teima em exigir algo que jamais deveria ser exigível...carne humana. Como secundário, Daniel Craig resulta bem, uma personagem algo estereotipada como convém a Spielberg e ao grupo em questão, mas está sem dúvida à altura- o nosso nouveux Bond. A acção de Munich é lenta..diria eu mesmo muito lenta, é uma viagem pela Europa à procura dos senhores da acção terrorista, enquanto o grupo pelo qual torcemos (ou não) se mantém unido, e vive cada dia na esperança de que tudo termine pelo melhor...como se fosse possível, com muita jantarada à mistura, o drama familiar da praxe, e a vontade de acordar em casa. A banda sonora é para variar do majestoso John Williams, que eleva Munich a um nível compensante mas não profundamente satisfatório, que nos faz sorrir com as alusões musicais è época em questão, músicas de sempre..a música sempre a música. O realizador já sabemos que há muito que queria levar o assunto à tela, mas foi sem dúvida um erro dirigi-lo com um único objectivo: o dos Óscares- em tempo record, com uma pré e pró produção relâmpago (foi o que me constou), Munich tem falhas detectáveis até pelo olho menos treinado...e refiro-me ao meu, porque nem sempre reparo...mas...enquanto chove lá fora, sair de casa já molhado é gozar com os 5 euros e 20 centimos que nos custam os olhos da cara. Queria muito fazer desta minha visão do filme algo mais poético, mas não consigo, revela-se muito difícil, primeiro porque não me agradou de todo e segundo porque para variar é mostrada uma visão das coisas que não é nem pode ser a visão imparcial dos factos, mas vá lá desta vez não é a história de um americano a salvar o dia, porque não dava mesmo claro... Nomeaação a melhor filme...vai-se lá entender, o Spielberg que me perdoe porque admiro-o abbastaza bene, mas até os grandes se esquecem de coisas no momento da condenação política, mesmo quando esta é usada a nível particular de modo a expressar o mundial...aquele que volta vai sempre voltar...e quem mata, morre muito antes de premir o gatilho. E não esquecer que pappa was a Rolling stone!!

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

O outro lado do mundo

É possível chover de dentro de nós? Acredito que sim, tenho chovido nos últimos dias, uma chuva fria e ácida, irreflectida mas consciente, se é que é possível tal barbaridade. Por vezes preferia não ser consciente, não ser chamada à atenção à razão, habitar o meu mundo, o mundo perfeito o tal das maravilhas eternas. Mas depois penso... e depois? Se as maravilhas fossem sempre presentes como poderia eu dar-lhes algum valor...só temos falta daquilo quando "aquilo" começa a ser "aquilo" porque nunca foi "isto", nunca foi atingindo ou se o foi, efémera e inconscientemente, e vaziamente desfrutado, graciosamnete dispensado. No fim é tarde de mais, não há retorno possível, não há a quem pedir perdão, nem a nós mesmos, porque amanhã somos outros e o que fica são as memórias trazidas pelo tempo...porque o tempo é a única coisa que temos de genuinamente, esse é maior que Deus, mais implacável, mais ditador, mais e Deus nada. Estou segura de que Deus não existe, não pode, não quero. Estou segura de que Deus é uma manifestação do tempo, que demora a passar e que só preciso quando preciso, porque o tempo de nada precisa e nunca termina. Deus é esquecimento, é entrega a algo de que não me lembro, é uma ponte que me leva ao outro lado do mundo, é uma janela aberta que nunca fecho na esperança de ver o Sol, sempre. Não preciso de Deus para ver o Sol, não preciso de Deus, não preciso de Deus para lembrar, não preciso de querer, não quero precisar, e a vontade é minha, não preciso de Deus para ver as horas a passar, não preciso de Deus, preciso de tempo. Tempo para ver o outro lado do mundo.