quarta-feira, setembro 26, 2007

Não há vez como a primeira

Pânico. Suores frios. Susto. "Isto devo ser eu cheia de sono." Pânico renovado. " Ah isto é a brincar certo?"..." Mas afinal que m**** é esta!!??" Foi este o desfile de reacções que deixei flutuar pela passadeira vermelha dos meus receios mais profundos ao ler notícia de tal gravidade " A última Premiere sai a 4 de Outubro". Sempre me disseram que quando um projecto já não tem asas para voar, é cortá-las, para que novas crescam saudavelmente e ainda mais belas e resitentes, mas aqui a parte da frase em que se lê " já não tem" é uma afirmação falsa. Posso não ficar admirada por saber que não se trata esta a revista que mais se vendeu no nosso país, mas que p***a é a única que posso consultar de modo a inteirar-me do panorama nacional e internacional no que toca a cinema e festivais, e de grande importância: é onde leio as críticas feitas aos filmes, críticas essas que tantas vezes me enfureceram, me suspreenderam, me fizeram apreciar novos pormenores, me fizeram rever filmes para poder contestar à vontade, e me fizeram perceber que mais do que gostar de ver filmes, podemos também gostar de gostar de filmes, e agora que tenho eu? Eu digo-vos o que é que eu tenho: RAIVA! De facto como escrevi algures, tudo o que é bom neste país é sol de pouca dura, agora sem revista de cinema continuarei a recorrer a revistas internacionais, à internet (pois claro), mas gosto de folhear revistas, adorava o meu ritual no qual comprava a Premiere, me sentava numa mesa de café e a folheava, uma primeira vez de relance, e depois uma segunda, uma terceira com verdadeira atenção. Agora continuarei a beber o dito café, mas vai faltar a companhia sagrada. Tristemente será agora mais difícil ficar a par do que se faz no nosso país, do empenho luso numa indústria que ao contrário do que se pensa, é rentável por terras lusas, e que vai ganhando forma de modo lento mas preciso, incisivo e artístico. Dificilmente lerei numa Premiere de edição francesa, ou numa Empire de edição inglesa o que se faz por aqui. Ironicamente, li há umas duas semanas um artigo numa Film sobre o que conteceu ao elenco de Pulp Fiction, sabemos tudo sobre a bela Uma Thurman ou sobre "o meu" John Travolta, e o que se diz sobre Maria de Medeiros meus senhores é o seguinte, e passo a citar: " Before: Lots of obscure subtitled stuff (She´s Lisbon-born)" "After: Went fore more of the obscure subtitled stuff." Precisam de mais? O incentivo numa arte como a sétima tem de ser interno, e isto trata-se de um direito e não de um dever, não quero vir aqui com patriotismos de tijela meio vazia, mas não se pode esperar que outros façam coisas por nós, e se por acaso em pouco tempo se fizer outro Alice, pode ser que eu venha a saber disso num jornal da noite, porque passará no rodapé, entretanto vou matando as saudades nas minhas Premieres empoeiradas que tantas vezes folheio ao adormecer dizendo para mim "olha afinal este papel acabou por ir para o tipo do Fight Club!". O blog da revista Premiere permanece, felizmente. Desta vez sacrifica-se o Pai em vez do Filho, a História nem semper se repete.

domingo, setembro 23, 2007

Venha de lá essa Aurora

" Já terminou, está feito, é uma maneira triste de pôr as coisas, mas lá está, não há outra, por isso é que não gosto de catolicisses e "isses" do género, manifestações banais de mentes pouco ilucidadas e amedrontadas, por isso é que quando eu morrer quero uma festa em grande, cheia de comes e bebes, um caixão pintado a verniz e que brilhe tanto como um piano acabadinho de lhe ser puxado o lustro, ah e quero ir de vermelho, não quero cá lutos (porque o preto não precisa de ocasião para ser usado), não quro cá lágrimas (só se forem de crocodilo), e quero flores, montanhas de flores (peço desculpa aos senhores da Green peace e mais não sei o quê), e cartas presas nas coroas celestiais, cartas que lerei lá em cima enquanto bebo um cházinho earl grey e papo uns valentes biscoitos de manteiga na mesma mesa que a rainha Elizabeth I, isso é que vai ser vida...morte.(...)"
(Foi assim que iniciei uma carta a um amigo depois de dois dias menos felizes)
Não percebo a Igreja católica: a religião que me escraviza em convenções inumanas e pouco leais. O padre que disse uma palavras no velório disse umas palavras para reconfortar.
E o que é que eu senti?
Absolutamente nada. Apenas e vazio e uma pontinha de raiva.
O senhor padre às tantas disse "Deus concede na morte a Aurora do eterno descanso", quem precisa da Aurora depois de morto, "venha de lá essa Aurora" mas de preferência enquanto ainda temos a capacidade para a ver cá de baixo, encará-la de frente sempre, como se fosse a última!
Descansa em paz tio.

quarta-feira, setembro 12, 2007

Is this for real??!!

Nao deve para ler nas melhores condicoes, mas copiem a foto e devem conseguir ampliar ai nos vossos computadorzinhos!! (De momento estou a mil e nao posso transcrever o texto.)

segunda-feira, setembro 10, 2007

sábado, setembro 08, 2007

Lullaby

William Adolphe Bourguereau, 1875
"When you need me, but do not want me, then I will stay.
When you want me, but do not need me, then I have to go."
Nanny McPhee
As vezes inspiramo-nos a ouvir cancoes melosas, cheias de pianadas e acordes de viola tristes e vagarosos, outra vezes inspiramo-nos a ver comedias infantis ternas e moralistas, foi o que me aconteceu. Nem sempre nos apercebemos da falta que as pessoas nos fazem, seja porque nos fazem lembrar de outras, seja porque gostamos do seu cheiro, do seu sorriso, seja porque gostamos de nos zangar com elas, seja porque gostamos de sentir a sua falta. Correndo eu na direccao oposta, vou deixando de me sentir a vontade, como se o mundo- esse velho vagabundo- continuasse a rodar e nos permanecessemos dentro de uma gigantesco aquario, impavidos a ver a vida passar, porque estamos a fazer mil e uma coisa, mas no final nada se passa de concreto, e estamos ali, dentro de agua com os dedos enrugados, os labios roxos e a esquecermo-nos do nosso proprio nome de 4 em 4 segundos (amnesia marinha). Outras sao as vezes que optamos por fingir nao sentir a falta, e e desta mania nossa que me quero debrucar, qual sereia na rocha entrancando os seus longos cabelos lisos, esperando pelo marinheiro que teima em nao chegar, porque gosta do sol e odeia aquarios... Escuto incessantemente a melodia ecoada pelo buzio cristalino da memoria e nada me faz mais feliz, percebo agora que ja nao posso voltar atras, agora que a areia da praia me corta a planta dos pes como agulhas finas e prateadas e que a bruxa malvada me roubou a lingua para que eu nao falasse nunca mais, e as pedras da calcada ja nada de novo tem para me contar. Eu escrevi um poema novo, e lindo, lindo, mas a minha caixa de musica avariou-se, o marinheiro que gosta de sol e que gosta de ter razao nao lhe vai repor o seu real valor e eu nao vou poder adormecer no seu peito embalada pela batida do seu coracao. Como eu queria uma nova caixa de musica! As estrelas estao a espera. O marinheiro que se apresse porque eu sofro sem a sua melodia. Porque e sempre assim: "Quando precisares de mim, mas nao me quiseres, ficarei. Quando me quiseres mas ja nao precisares de mim, entao partirei."
E nao sei se quem escreve sou eu ou a sereia...

quarta-feira, setembro 05, 2007

Nina!

A dama nao tem videoclip mas esta pequena homenagem esta bem bonita " Sleep in peace when day is done, you know what I mean..."

Muse - Feeling Good

Longe vao os tempos em que Bridget Fonda dizia ao charmosissimo Gabriel Byrne no filme "Point of no return" (um remake de Nikita produzido por Luc Besson) que amava Nina Simone. Vai-se la saber nunca esqueci essa cena, nem a voz de Nina Simone. Foi ela a primeira a cantar "Feeling good", seguiu-se o Michael Bubble com uma versao bem catita, e a cereja no topo do bolo com cobertura glace e este grandioso cover dos Muse. Enjoy this marvelous cherry!

sábado, setembro 01, 2007

Um ultimo abraco e podes ir

O tempo tudo destroi. O tempo tudo destroi. O tempo tudo destroi.
E nao porque me faz esquecer,
e nao porque nos deixa morrer,
e nao porque o tempo demora muito tempo.
O tempo tudo destroi porque nos faz chegar depois de outro alguem ter chegado e ocupado o nosso lugar " um feroz adeus".
O tempo tudo destroi porque mente, distorce, inverte,
o tempo tudo destroi porque se deixa desfazer na chuva sem que o possamos contabilizar.
O tempo tudo destroi porque numa noite fria num lugar quente, um olhar nao bastou para que fosse trocado adoradamente.
O tempo tudo destroi porque porque e com Ele que aqueles de quem gostamos partem, e e com eles que passamos o tempo quando eles estao ao nosso lado.
O tempo tudo destroi porque o tempo fez o carro dele andar mais depressa quando eu corria a pe, implorando-lhe que ficasse comigo "so hoje, so hoje", implorando-lhe que pusesse o pe no travao e deixasse de me ver cada vez mais longiqua no retrovisor.
O tempo tudo destroi porque numa tarde de fim de Verao fi-lo prometer-me que nao olhasse para tras enquanto se afastava de mim e seguia na direccao oposta a do meu corpo tremeluzente e gelido, porque assim eu saberia o quanto "ele me amava" e eu estava a ama-lo ainda mais por deixa-lo ir passar o seu tempo com aquela que chegou antes de mim.
O tempo tudo destroi,
e por mais violinos que toquem ao vento,
e por mais pianos pregados ao chao que eu escute presa por fios,
ficarei sempre a sos com o tempo,
eternamente abracada a ele, eternamente afastada daquilo que ele prometeu aproximar.