domingo, outubro 25, 2009

Se a minha irmã lê isto dirá que estou de todo

Se eu permanecer e ficar igual a tudo aquilo que mudou, que quererá isso dizer?
Nem sempre é fácil fazer distinção entre coisas, entre mundos, entre pessoas.
Fácil é amar, sem questionar, seja o que for, seja quem for.
Lembro tudo como em caleidoscópio, uma plataforma a rodopiar entre súor e gestos ritmados, repetida noite após noite sem que tenha de acontecer. A mente é uma coisa extraordinária, capaz de nos libertar depois de nos enlouquecer. Que carcereira bondosa.
Peçam-me lucidez, dou-vos palavras desconexas, ideias transparentes e sorrisos ingénuos. Deixei a frieza lá atrás, segui em frente, levei-te comigo pela mão.
Como diz Oscar Wilde, o Amor é poderoso porque só se alimenta do puro, já o Ódio alimenta-se de qualquer coisa, daí ser tão fácil cair na tentação do Ódio, está mais à mão, e é gratuito.
Gosto de lá voltar. Ao início das coisas, naquele ponto cheio de novidade, em que tudo se alterou para sempre. Eu lembro diariamente, vejo sempre coisas novas, novos sinais, novos gestos e novas inglórias citações, citações minhas pois claro. Há que vender notícias.
O primeiro passo, o baixar do pescoço, a mão pesada, o corpo leve, a movimentação, a porta entreaberta, a luz na janela, o frio na rua, o frio de final de Janeiro, o quente daquele quarto, a interrupção, o grito mudo, a preocupação própria do momento. O mês de Maio e todos os que lhe seguiram. O saber que há mais algures e não querer procurar, o encontrar algo e pensar no que se perdeu. O mês de Dezembro. O recomeçar de onde se ficou, olhando sempre para trás, olhando sempre em frente. Retirá-lo do cofre e voltar a colocá-lo bem no centro de nós. A expressão, a revelação, o ir mais além, o sentir mais do que nunca. Estar vivo, sentir-se vivo, imaginar Vida. A animação de um sentimento descontroldamante quente, calculadamente agressivo, genuinamente amoroso, engrandecido pelo facto se encontrar no presente, pertencer ao passado e poder vir a ecoar no futuro.

domingo, outubro 18, 2009

De Profundis

Quando a Sabedoria de nada me servia, e a Filosofia me parecia árida, e as máximas e frases daqueles que procuravam consolar-me me sabiam a pó e a cinzas, a lembrança daquele pequeno e silencioso acto de Amor abria-me todos os poços da piedade, fazia com que o deserto florisse como uma rosa, e tirava-me da amargura do exílio silencioso para me harmonizar com o grande coração ferido e despedaçado do mundo.
Leio e releio-o vezes sem conta há anos, é o meu mentor, o meu senhor, o meu confidente e eu a sua leitora mais "harmonizada". Se pudesse escolher uma Figura com quem jantar seria Oscar Wilde, um ídolo Oscar Wilde, e um Oscar Wilde a viver em mim...sou uma dandy portanto!
Como li algures, Oscar Wilde podia ter escrito estas linhas hoje de manhã....

sábado, outubro 10, 2009

sexta-feira, outubro 09, 2009

Febre

Dê o primeiro espirro quem nunca teve uma febrezinha destas...sim sou uma daquelas ovelhas que vai sentadinha no metro com este livrito à frente do focinho!

Parabéns mana

Eu CORAÇÃO TU

quinta-feira, outubro 08, 2009

Pareço triste, mas não... às vezes escrevemos sobre o que achamos e não sobre o que somos

O tempo costuma deteriorar. Quando em presença deteriora, afastado faz com que se sinta falta de algo que nunca chegou a ser inteiro, total e contemplativo. Sinto-o com a força avassaladora, a mesma do furacão de sentimentos profundamente enraizados, os mesmos que desconcertantes uma vez, se tornam cruéis e insatisfatórios. É com fome que escrevo, mas uma fome diferente, uma que faz os lábios esboçarem um sorriso involuntário, como se pronunciassem palavras sem sentido. Uma fome. Uma impossível de saciar, uma incontrolável e que jamais se poderá suplantar por qualquer outra droga embriagadora.
Porquê ser marcada tão indelevelmente? Como deixei isso acontecer?
Nunca fui grande coisa a antever, nem a precaver...deixo-me sempre ir, não questiono, não pondero, não equaciono o que é melhor para mim..pelo menos quando se trata da luxúria do gesto.
Vou, deixo ir...e regresso sozinha.
O vazio instala-se, engrandece-se, e as pequenas coisas (anteriormente grandiosas) perdem-se no véu da memória do tempo fugidio...e assim essas pequenas coisas perdidas tornam-se num fardo pesado de carregar.