A "hot line" do INEM (acabada de ser copiada do blog do "looker")!
E porque tudo o que vejo, vejo como nos filmes. E porque tudo o que fazemos e sentimos pode ser recordado nas asas de um caleidoscópio em pleno movimento. Se há "acção" eu revelo por aqui.
quarta-feira, janeiro 30, 2008
domingo, janeiro 27, 2008
sábado, janeiro 26, 2008
ATONEMENT
Falar bem de Atonement é já um 'lugar-comum' entre críticos e aspirantes a, mas não será por isso que deixarei de o fazer juntando-me ao grupo, aliás é por isso mesmo que também eu o irei fazer.
Joe Wright aprendeu bem a lição e brinda-nos com a sua aprendizagem feita obra-prima, que podendo ter sido um exercício frustrado dada a complicação do material narrativo a ser tocado, e cuja circularidade literária se estende ao longo de todo o romance, se transforma numa bela e fiel adaptação, uma transição perfeita da palavra íntima à imagem que se quer partilhada.
Dario Marianelli ( Orgulho e preconceito e V de Vingança) através da sua espantosa composição musical leva-nos a percorrer todos os espaços físicos e psicológicos, seguimos os pezinhos da pequena Briony, o olhar vago de Robbie, a pena de Cecilia pela jovem irmã e por si mesma. A música de Marianelli deve ser focada exactamente pela sua fluidez, rapidez e envolvência e quase mecanicismo, compassada ao ritmo de uma máquina de escrever, pautada por pausas, reticências, pela força da imaginação, pela força da culpa e pela força própria de uma máquina Corona.
A música serve ainda de elo de ligação, nos longos e audazes travellings que acompanham o caminhar de Briony pela casa, pelo campo, pelo hospital e pelas ruas de Londres; este realizador monta assim uma estrutura impulsiva mas pensada ao pormenor, tudo ali é filmicamente verdadeiro e realmente falso: sejam os enquandreamentos, os valores icónicos, a "crucificação" de Cecilia em dois momentos da obra (uma na biblioteca e outra no final da obra), o apriosionamneto de Briony num vitral onde se pode ler "Matilda", a mesma do poema cujo início é Matilda told such dreadful lies, it made one gasp and stretch one's eyes.
Joe Wright é um verdadeiro plantador de imagens fortes na nossa memória, assim ficam Robbie numa bela panorâmica num campo de papoilas, fica o encontro dos amantes num salão de chá e o jovem Turner a tremer por saber que terá apenas 30 minutos com Cee, (e aqui uma ponta de raiva da minha parte por não ver o nome de James Macavoy na lista dos Óscares de nomeados a melhor actor) fica a sua aura angelical ao ver-se numa luta que não lhe pertence, com um passado que não forjou e com um futuro que não planeou, na memória fica uma Keira Knightley inicialmente selvagem e que se vai decompondo num ser frágil e amargurado, na memória fica Saoirse Ronan de olhar determinado e diabolicamente infantil, bem como Romola Garai cuja frase "There is no Briony" marca efectivamente um momento importante do filme.
Se posso acusar Atonement de algo, é do uso excessivo de citações cinematográficas (a mim não me incomodaram minimamente), ou o uso algo cansativo de longos planos- sequência (que fazem todo o sentido para um antes de espectador, leitor), bem como a cena de Robbie frente a uma tela de cinema clássico.
Mas a memória, essa fatalidade dos deuses, deixa ainda a fantástica reconstrução histórica na praia de Dunkirk, o vestido verde de Cee, o acabamento perfeito com Claire de Lune de Debussy e a expiação de uma mentira que levou toda uma vida a ser revelada, injustiçando um Amor entre um Homem e uma Mulher, empenhando a vida de ambos nas "amarras" daquilo que foram uns breves momentos passados numa biblioteca escura numa quentíssima noite de Verão.
sexta-feira, janeiro 25, 2008
À la grande et a la française!
Em reunião de esclarecimento aos alunos da Faculdae de Letras da Universidade de Lisboa convocada pelo senhor Reitor, os visados foram informados de que os "rumores" que apontavam para o encerramento da Faculdade foram efectivamente negados.
Falou-se (sim pouco se discutiu) numa reestruturação da orgânica da instituição, do plano de mobilidade que quando instaurado serviria para reforçar os conhecimentos dos alunos, podendo estes ter a oportunidade ( e já agora a honra, o privilégio) de ususfruir de cadeiras completas e precisas para o curso ao qual se candidatam.
Ou seja, inscrevemo-nos numa Faculdade mas as coisas que interessam aprendemos noutros sítios, só temos de nos deslocar até lá, pagar os transportes e usufruir, ah e depois voltar à nossa Faculdade para aprender o resto.
Parece que vão assim "parir" (é o termo) mais dois cursos deveras importantes para o desenvolvimento do país: Estudos asiáticos e Estudos eslavos, dois cursos que formarão jovens enérgicos a ingressar numa qualquer cadeira de supermercados do país, trabalhando como operadores de caixa, empacotadores, e afins.
Melhorar as infraestruturas já existentes, não consta, reorganizar os departamentos dos cursos que sobrevivem mal e timidamente, não está nos planos, proporcionar bem-estar e esperança nos jovens finalistas, nem sequer se pondera, docentes aptos para leccionar cadeiras de Artes tendo eles formação em Línguas, cada um faz o que pode, VIVA A POLIVALÊNCIA!
Pago 700 euros de propinas numa instituiçã pública e não posso mesmo pagar mais, levo ainda grátis uma reunião que mais não é do que uma ode à capacidade de verborrear, passando por termos como "repto", "Senado" e "paridade" que se sucediam a uma velocidade extraordinária, lá está domina-se a Língua Portuguesa na perfeição, mesmo seguindo-se o modelo francês!
A ver se os rumores não são justificados.
repto: provocação, desafio
paridade: qualidade de par ou igual, semelhança
Senado, do Lat, Senatu assembleia dos velhos (Senex) = reunião de corpo docente de uma Universidade
Ou seja: a reunião foi um repto cujas ideias circulares eram uma paridade proferidas pelo Senado!
Assina: Leila Gato aluna da faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, finalista do (agora) curso de Estudos artíticos- variante de Artes do Espectáculo.
quarta-feira, janeiro 23, 2008
4/04/79.22/01/2008
Nunca me custou tanto dizer o que me vai na alma, a confusão que se gerou na minha cabeça quando recebi a notícia: "morreu".
Mesmo agora estou a esforçar-me muito para fazer deste post algo de sentido e correcto. Há já algum tempo que me apercebi de que as pessoas morrem. Não é justo, nunca foi e nunca será quando gostamos delas, não é justo podermos apenas eternizá-las nos nossos corações, queremo-las sempre connosco, é um egoísmo sim, que todo o egoísmo deste mundo fosse esse.
Heath Ledger achou (parece) que merecia algo melhor, ou pelo menos que temporariamente merecia alguma paz, será que se arrependeu no último instante?Será que...
Era jovem, era bonito e era talentoso (como se com isto estivesse a dizer algo de importante que o descrevesse realmente), arriscava-se a tornar um grande artista (os artistas são perigosos), digo arriscava, porque num mundo como o de Hollywood ter talento é um risco. As chamadas "estrelas" têm tudo ao seu alcance, rodeiam-se de pessoas, de coisas, alacançam-nos e afastam-se de tudo o resto, fica tudo falsamente próximo, fica a faltar o principal, o essencial, o primordial, algo que não se verbaliza, que se sente e que se deseja mais do que tudo, sem qualquer possibilidade de nomeação .
O problema de Heath é o problema mais normal do mundo, sentimo-nos deslocados, com tanto para dar e pouca vontade de enfrentar os demónios que nos apoquentam, escrevo e falo na segunda pessoa do plural porque no fundo somos todos assim, estamos todos uns para os outros, todos nós temos medo, tanto medo que nalgum momento uma coisa dessas pode passar-nos pela cabeça, podemos perfeitamente deixar de acreditar, e sem esperança, sem nada com que sonhar, então mais vale parar, ficar por ali, dormir mais um pouco.
Corajoso o que tenta, cobarde o que o faz?
Escolhi uma foto onde fosse visível o seu belo sorriso, é assim que o vou recordar, a sorrir. Relembrar os seus bons trabalhos, antecipar duas obras que estão a aparecer, tentar perceber?Acho que todos nós percebemos, James Dean falava em "conquistar a Eternidade", não creio que seja esse o nosso projecto, prefiro acreditar que seja antes essa palavra FELICIDADE: aquilo que nos anima, a palavra está gasta bem sei, não é um estado permanente, não é o início de nada, são pequenos nadas, e às vezes nem nos apercebemos do quão felizes somos, só olhando para trás é que se torna claro!
Um sorriso por Heath Ledger.
Façam o favor de serem felizes.
segunda-feira, janeiro 21, 2008
Sul coreanos ao ataque!!!
Na mesma semana em que toda uma Cidade Universitária é evacuada porque alguém achou por bem mandar janela fora uma coisa que metia enxofre e mais não sei o quê, dou comigo a folhear em plena livraria no Saldanha um livro pouco maior do que a minha mão direita (e/ou esquerda separadamente) e que custava aproximadamente 9 euros, livro esse que tinha como título algo como Simpatias e mezinhas, abri-o no capítulo que me ensinava a " Como evitar perder-se numa mata Virgem", até aqui tudo bem!
Pois, e quando euzinha pensava que já nada poderia superar o poder desta magnífica obra literária (a não ser o visionamento do filme Inland Empire e os consequentes sonhos que tive com anões e com a mãe da laura Palmer e com homens com cabeças de coelhos), eis que sou aboradada na rua ( a caminho da Faculdade de Letras que fica onde? Sim na mesma zona onde são deitados fora resíduos estranhos em jeito de "água vai") por um casal de sul coreanos que queriam o quê?
Informações?
Não nada disso.
Queria somente envangelizar-me.
(Pausa sentida desta que abusa do abuso do efeito surpresa)
Não só me prometiam o descanso eterno como me queriam baptizar uma segunda vez (como se a primeira não e tivesse já bastado..), leram-me partes GRANDES da Bíblia traduzida para português, e ouvi-los foi nervosamente esgotante, e pediram-me ainda que tentasse ir buscar a Salvação na Igreja do reino de Deus na Avenida de Roma.
Perguntam vocês?
"Já lá foste?
Ainda não fui não senhora, mas é que eu e o Nosso Senhor nem sempre nos mantemos em contacto, às vezes eu ligo e ele diz que está ocupado e tentar resolver isto e aquilo, depois ele liga-me a mim e eu ignoro as chamadas em atitude de protesto pelas nóticias do jornal da noite do dia passado, e a modos que eu e Ele, Ele e eu não somos as pessoas mais próximas.
Eu até gosto dele e tal, mas ele é como o outro "fala fala e eu não o vejo a fazer nada!", e eu é claro que fico revoltada!!
domingo, janeiro 20, 2008
Sem inspiração para títulos
Depois de um dia como o dia 18 (dia esse que jamais arrancarei das páginas do meu calendário) dou comigo a tentar clarificar o sentido da palavra "escuridão". Não me vou pôr a procurar a origem etimológica da palavra, nem o seu significado no dicionário de Lingua Portuguesa da Porto Editora (passo a publicidade), tentarei eu própria inventar um.
A caneca de café (hoje saiu-me fraco não sei bem porquê) aquece-me as 4 entradas do coração que se quiseram fechar ao contemplar-te. Será a escuridão um simples apagamento da luz, a morte da Aurora, será Vida adormecida, Morte alertada, Claridade enraivecida, Espectro pecador, Profundidade esvaziada, Voo estéril, Veneno injectado, Elíxir refrescante, Poesia enegrecida, Narrativa fechada, Vício, Força, Descanso ou Agonia?
Ainda sem resposta e já sem café, factos que contribuem grandemente para o meu duplo embaraçamento, vejo-me na obrigação de te entregar uma "folha" em branco, não tenho resposta, mas minha AMIGA quero que saibas que em momentos de escuridão como este, estou mesmo aqui ao teu lado, podes não me ver por causa da escuridão (lá está, sempre ela), mas cá estou eu, e sentir-me-às sempre na imensa Escuridão.
Continuo a saber muito pouco sobre muita coisa, mas ao ver-te no dia 18 a guiar aquele carro daquele modo, percebi que não nascemos para nenhum fim determinado, isto a que chamamos de "Vida" não tem significado algum, aliás o seu significado é o acto de viver em si mesmo.
Portanto como vês, enquanto buscava o significado de uma coisa encontrei o de outra, o de algo que de facto vale a pena lutar por.
Two figures by a fountain
Dearest Cecilia,
the story can resume. The one I had been planning on that evening walk. I can become again the man who once crossed the surrey park at dusk, in my best suit, swaggering on the promise of life. The man who, with the clarity of passion, made love to you in the library. The story can resume. I will return. Find you, love you, marry you and live without shame.
sábado, janeiro 19, 2008
Porque não quero um "Antes do anoitecer" só meu
Visionei o filme que todos já visionaram e revisionaram, todos menos esta pessoinha detestável.
Before sunest é doce como uma cereja colhida em pleno Abril (peço desculpa pela reminescência primaveril), é tocante, falsamente naive, e ao mesmo tempo uma pequena elegia ao amor adiado.
Os 77 minutos nos quais decoore o reencontro do par romântico relembra-me algo que ainda não vivi, e temo só de pensar que o posso vir a viver.
Tantas e tantas vezes me passa pela cabeça e pela ponta dos dedos que não tenho a força para dizer o que é preciso dizer a quem é de direito!
Dou por mim a tentar imaginar-me com trinta e poucos anos ( e tenho quase a idade dos membros do par romântico aquando de Before Sunrise ) a dizer as mesmas coisas timidamente, a agir nobremente a favor das aparências e contra os meus desejos mais íntimos, a fugir modesta e falsamente através de olhares evasivos porque "no fundo não foi nada de especial, aquilo que senti, ou que pensei sentir, ou que quis sentir, ou que pensei que seria genial sentir, afinal eu nem sequer me recordo da cor do refelexo da pequena barba dele iluminada pelo Sol, nem nada, afinal eu era uma jovem...".
Não quero dar comigo a aparentar numa funesta simplicidade que há sempre Tempo para me tornar adulta, e dar comigo a acordar ao lado de alguém que respeito e porém não amo, a trabalhar nalgo que justifico e porém não desejo, e querer estar em qualquer lugar, e em lado nenhum (porque sou de todo o mundo e e de nenhuma parte ao mesmo tempo).
Não, não é pecado querermos alguém e entregarmo-nos a outro noite após noite lutuosamente, se é desculpável é porque não é pecado, é só castigo, só castigo comumente aceite.
Fica a faltar o reencontro aos trinta e poucos anos nestas mesmas condições, porque felizmente para o mal de muitos há a esperança de podermos ter o nosso "momento Casablanca" e dizer que teremos sempre Paris.
quinta-feira, janeiro 17, 2008
Vou daqui a nada encaminhar-me para um teste de Análise fílmica, tentei estudar Alá sabe bem como, mas em vão. Acho que é daquelas coisas que só quando nos são realmente apresentadas é que percebemos se "ah tanta coisa para isto" ou pelo contrário "eh pah alguém que me espete o lobo parietal com um aramezinho por favor..."!
Agora agradecimentos e pedidos:
a) Obrigada Senhor João pela dica quanto às palavras iniciais.
b) E claro que comentarei a frase deixada no último 'post', fá-lo-ei assim que desencarcerar o dito do arame do não menos dito do lobo!
Porque raio estou a ouvir Jamiroquai às 8 e meia da manhã??!!..
quarta-feira, janeiro 16, 2008
Imagina apenas
"Imaginar", (persisto na ideia de que os artistas são seres perigosos simplesmente porque o fazem)
Bem Dani agora que já o terminaste já podemos discutir a coisa como deve de ser, vai ser um belo almoço de tertúlia, com um (hmmm talves dois) I Padrino a assistir! (é impressão minha ou esta última frase ganha contornos bizarros colocada nestes termos...)
E dia 17: a estreia de Expiação, nunca é demais lembrar!
terça-feira, janeiro 15, 2008
Perante o arco íris
Nada de extraordinário aconteceu, ou sim, consoante as prioridades que queremos que façam parte dos nossos desejos. Mas normalmente a caminho de casa, nada de especial acontece: reconhecemos as caras, sabemos o caminho, as poças de água que queremos evitar, as pessoas com quem não nos queremos cruzar, admiramo-nos por termos chegado uns minutos mais cedo. Mas a caminho de casa dão-se as coisas mais fascinantes, invisíveis na vida dos demais e essenciais na minha.
A caminho de casa fui acompanhada por um arco-íris (por acaso ele alguma vez voz fez isso a vocês?), ia ali juntinho a mim, era capz de o tocar se me apetecesse, íamos lado a lado como duas crianças a brincar a beira rio num final da tarde, eu voava sobre rodas estrada fora e ele ali a suster o céu que de tanta vergonha havia acabado de chorar compulsivamente uns dois minutos, dois minutos e meios antes.
Chego a casa, já sem o arco a meu lado, e vejo que não está ninguém em casa, não tenho chave e não posso entrar, nem sequer fiquei chateada, com o escuro não me apeteceu não conseguir ver as minhas mãos no escuro e saí para a rua.
Olhei para longe e vi algo para o qual olho todos os dias, sem nunca realmente (re)ver, senti arrepios de frio...ou terão sido de saudade?
O que quer que tenha sido desejei o Verão a partir desse arrepio.
As noites abafadas pelos calor, a "apanhada" inocente mato fora, as cigarras cantantes, a luz das estrelas, o cheiro a melão fresco acabado de talhar, a brisa do campo, o fresco da arca frigorífica.
Olho para longe, a noite depressa acorda.
Lá ao longe, aquele mesmo longe da infância, vejo nuvens cor de rosa, vagarosas, estendidas sobre o firmamento. Firmamento esse ocupado por árvores, as mesmas que receava aos 8 anos, e que de tão longíquas e tão altas me pareciam poderem picar as inocentes nuvéns cor de rosa, as mesmas árvores que eu julgava abrigarem bruxas que passavam as manhãs a colher maças vermelhas e a tarde a envenená-las.
O meu Verão cheira a vestidos aos quadradinhos, a dias passados na praia a comer sandes de fiambre, cheira a gomos de laranja, a sonhos a preto e branco, a areia corada pelo sol, salgada pelo mar, e pele quente, a uvas molhadas, a beijos peganhentos de vizinhas, o meu Verão sabe a gelado de baunilha, a dores de barriga, escuto o velho carro do meu pai, as bruxas continuarão lá?
Podia ter sido eu a primeira a dizer...mas foi Bergman
Filme como sonho, filme como música. Nenhuma outra forma de expressão artística é capaz de, como o cinema, vir ao ao encontro dos nossos sentimentos, penetrar nos recantos mais obscuros da nossa alma. E tudo graças a um efeito de choque no nosso nervo óptico: vinte e quatro quadradinhos por segundo, iluminados, separados pelo escuro que o nosso nervo não regista.
Lanterna mágica, Ingmar Bergman
sábado, janeiro 12, 2008
Para o nosso próprio bem far-se-ão sempre grandes filmes, e longos também. Felizmente fui ver The assassination of Jesse James by the coward Robert Ford num final de tarde e que bem que me soube sair daquela sala na qual passei perto de 3 horas (três horas assim compensam a valer).
Este é um daqueles filmes que tem tantos pontos positivos que é injusto escrever sobre eles, as palavras faltam neste tipo de situações, porém arriscarei a parte mais fácil e para já deixo a mensagem de que esta é uma obra onde imperam os dourado das cearas de trigo, o azul do céu, o branco da neve e o preto do sangue, e vemos todas estas cores em planos-sequência de uma ausência transpirada de beleza e harmonia que extasiam os sentidos do espectador.
No fundo são manifestações de uma Natureza presente que pondera por nós (e só para nós numa comunhão
intima) sobre o que acabámos de ver e ouvir, são separadores "naturais" que fazem o filme evoluir no tempo da intriga. O mais próximo que vi desta grandiosidade foi no The New world, quem o visionou percebe e alcança o que tento dizer.
Quanto à intriga, não há muito a dizer apenas que está tudo no título, é um pouco como pegar na peça A morte de uma caixeiro viajante..sim é o mesmo tipo de exercício: não há o factor surpresa, não há nenhum twist no final, não há acidentes de percurso, é apenas a história de um homem que fazia sombra a outro, ou a história de um que sentia simplesmente na sombra de alguém.
Os homens: Brad Pitt, arrisco-me a dizer que tem aqui o seu melhor desempenho de sempre, capaz de numa mesma cena revelar extrema tristeza como logo a seguir se mostrar o homem mais alegre à face da terra, estados depressivos têm destas coisas.
Vislumbramos depois um nada coward Casey Aflleck, com um desempenho soberbamente desequilibrado, este Senhor opta por um registo nervoso e maquievélico, capaz de nos fazer duvidar na nossa própria bondade, e... limita-se a falar no filme, pouco mais faz que isso. Aliás se faz mais alguma coisa no filme é matar um tal de Jesse James e arrepender-se desse feito para o resto dos seus tristes e vazios dias.
A obra do quase estreante Andrew Dominik é um caminhar vagaroso pelos últimos dias da vida de Jesse James: as pessoas com quem se cruzou, a melancolia de uma Netureza beijada por acordes de violinos e pianadas que parecem chorar as pedras da calçada fria e cortante a cargo de um tal Senhor chamado Nick Cave e outro Warren Ellis.
São as cearas de trigo que dão passagem a Jesse James, a neve que lhe gela o peito, o passar do tempo que teima em não se mostrar caridoso com uma alma atordoada, um caminho pela mente de um fã perigoso que muda de opinião porque a inveja é coisa feia e muito pouco saudável.
Feitas as contas, vemo-nos inundados por uma esmagadora onda de poesia cinematográfica, a arte tem dessas coisas, não se faz só de si mesma, preferindo alimentar-se de tudo o que sirva para justificar este mundo.
The assassination of Jesse James by the coward Robert Ford não é um filme de accção, não é uma comédia e para drama falta-lhe o tal "dramatismo", aqui nada acontece por acontecer, tudo é explicado, tudo flui como as águas do rio e Brad Pitt brilha emoldurado pela soleira de uma porta , enquanto que Casey Affleck entra sorrateiramente pela mesma, e devo dizer é esta a beleza deste primeiro grande filme de 2008!
Os dois primeiros pares de 2008
terça-feira, janeiro 08, 2008
Êstano ná' globo pa' ninguém
À semelhança do que aconteceu com o Lisboa-Dakar o Golden globe awards foi cancelado.
Pelo menos a cerimónia que marca o acontecimento.
Ou seja ,vão haver globos sim senhora (o título é só para chocar os leitores, e... enganá-los, como tão bem se faz nas capas dos nosso jornais e revistas bem dispostos): monta-se-se um estaminé meio Feira do Bombarral, meio Feira do Livro, meio Feirão do Feira Nova, e serão anunciados os nomes vencedores em cada uma das categorias, coisa que levará aí uma hora fazer-se, salvaguardando-se as celebridades do possível confronto com as odes grevistas, raivosas e com alguma razão!
Não haverá o discurso da noite, muito menos bebedeira, nem o vestido Valentino, nem o actor todo coiso e tal que leva a mãe em vez de uma brasileira toda jeitosa e praticamente nua, não meus senhores não haverá nada disso, ah nem a nossa amiga do AXN a fazer a cobertura do evento com os seus comentários altamente frutíferos...
A ver o que acontece com os Óscares...é a crise meus caros (dos argumentistas).
domingo, janeiro 06, 2008
Isto aqui fuma-se?
Ontem tomei pequeno almoço numa pastelaria já ao abrigo da nova lei do tabaco que entrou em vigor no dia 1 de Janeiro de 2008, e eis que um senhor conhecedor desta lei pousa os óculos sobre o jornal deitado na mesa na qual lia e bebia café e levanta-se de cigarro na mão e pergunta ao criado mais próximo:
Onde é que fica a sala de chuto?
sexta-feira, janeiro 04, 2008
OLHA-ME SÓ ISTO
Tirei uma carta ao acaso e sai-se-me esta coisa, e eu "Eh lá saiu-me uma carta com bonecos!!"..só que depois li o conselho do dia: Momento de recuar. Recuar? Passamos o ano todo a recuar, logo agora que estava a juntar-me ao grupo dos cool (malta perseguida é malta cool) fumadores, apetece-me ser contra o sistema, pertencer a clubes privados, andar com uma fita no braço a identificar-me pelas minhas acções e pelas minhas escolhas, ter alguém ou algo a dizer que se está a fazer isto e aquilo pela minha rica e santíssima saúde, e a dar razões a pessoas para serem ainda mais mal educadas, porque agora o Estado dá-lhes razão, ah e Andreia a partir de agora não nos podemos ver mais, "pah tu fumas e eu não", nunca iria dar certo.
É uma relação condenada desde o início, e condenada pelo Estado. O Estado!!
Andreia como estamos mal de massas se marcarmos os nossos rendez-vous nos casinos a coisa faz-se, aí ao menos posso fingir que sou a Lauren Bacall e apostar umas coins nas slots!
E vão ver que agora os saudavelzinhos é que nos vão dar umas lições de civismo, o poder confere isso ao ser humano, arrogância, meus amigos arrogância feia, fingida, intolerante e não- fumadora!
Mas agora esta carta...alguém tem para a troca?
Troco a Lua pelo o Enforcado!!
quarta-feira, janeiro 02, 2008
Love in the time of cholera
Baseado no romance de Gabriel Garcia Márquez de 1985, Amor em tempos de cólera é o novo filme de Mike Newel, com Javier Bardem (essa coisa imperdível), Giovanna Mezzogiorno (l'último bacio), Benjamin Bratt, Fernanda Montenegro, entre outros.
Persisto na ideia de que adaptar um romance deste escritor é coisa impossível de se fazer, se é que existem impossíveis neste mundo, mas reforço a ideia de que escrever e ler 'relva azul' não é o mesmo que a ver, pelo menos a minha "relva azul" não.
A crítica dá forte e feio nesta ideia e arrasta a obra fílmica pelas ruelas mais porcas e feias:
Estreia prevista a 24 de Janeiro (IMDB), leiam o livro depois!
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