quarta-feira, novembro 29, 2006

O estranho do Oriente

Uma cena digna de filme.
Um metro que perdi.Estava cansada e desanimada, estranhamente desalinhada, mas impecavelmente em sintonia com os meus pensamentos.Achei melhor sentar-me, não fosse o banco sentir outro corpo e eu ter de repensar tudo de novo...em pé.
Entretanto dois polícias distintamente endireitados e de bastão na mão inspeccionavam suspeitamente a estação, e as linhas dos carris, olham um para o outro e vão embora, para surpresa e desalento de todo o público "das 17"na estação.
Um grupo de três chama-me a atenção, conversam alegremente sobre auto-rádios enquanto comem gelados em copos de plástico.
E o metro sem chegar....
De repente..............................................................
Passa alguém, não o conheço nem ele a mim suspeito seguramente.Ele move-se apreensivo, seria o bombista o carteirista, o furagido??Não, não devia ser.
Percebi que me olhava há algum tempo, percebi-o quando ergui os meus olhos e ele nervosamente desviou o olhar...vocês sabem como é. Mexe atrapalhadamente no telemével, não consegue estabelecer comunicação.Baixo os olhos, mas percebo que ele se move de um lado para o outro. Sinto-o no meio do barulho dos anúncios musicais com músicas natalícias e ofertas de cd's de bandas sonoras às melhores cinco frases a concorrer: "Eu até podia tentar!"...
Virou as costas: "Já posso olhar?"...enverga um blazer de bombazine não sei se verde seco ou castanho claro, sei que conjuga ambas as cores, já só não me lembro do como...consegue finalmente falar...ao telemóvel, parece-me aliviado.
O metro chega.
Ele podia chegar-se à frente para entrar primeiro, mas prefere ceder-me o lugar em pé encostada à porta.Ele continua a falar, parece estar a resolver um qualquer problema de trabalho, mudanças na casa nova, projecto para entregar...por aí...por ali...eu olho para tudo e não vejo nada, ele olha enquanto fala pelo vidro das portas que se abrem consoante a paragem e o arranque sem solavancos do transporte rápido e fantasmagórico, acaba o telefonema, e se eu, e se ele..ninguém diz nada, que tristes que somos, também dizer o quê?
Chegámos, ele sai primeiro, mas caminha devagar, eu ultrapasso-o e ele percebe e sorri..eu subo as escadas apressada, ele prefere as rolantes, eu não gosto das rolantes...percebo também que ele vai sair da estação,a viagem dele está no fim, a minha vai continuar...foi na Alameda que deixei de o ver.E nem sequer nos despedimos.
Que nome terá ele?
Espero voltar a ver-te e dizer "Prazer em conhecer-te!", e tu "O prazer foi meu!"
Porque é que há tanto por onde escolher?
Prometo que da próxima vez descubro o teu nome.
Ah o meu é Leila.
E ao pensaer nisto, a única coisa que em vem à cabeça é "You're beautiful..", parece que o tenho a cantar-me isto ao ouvido, há coisas que acontecem a toda a gente não é?

2 comentários:

Anónimo disse...

Também kero um encontro amoroso de 3º grau como este,é tão romantiko!

Anónimo disse...

Sim é um encontro comum num lugar comum, ctg é fácil ter desses encontros..quer-se dizer, eu se te visse no metro fazia como esse estranho "olhava-te por longos momentos" e quem sabe ate me atreveria a dedicar-te algumas palavras!
Vou começar a ir mais a Oriente!
Belo blog