quinta-feira, outubro 04, 2007

Turutururu...Lararirê

Algo começa, recomeça...estive ausente, comigo levei as palavras guardadas nas malas de viagem, e não as usei com medo de as gastar. Fi-lo inconsciente e desperadamente, como tudo o que faço na vida.
Por mais que viva, e vivo todos os dias e todos os instantes fugidios, vejo-me sempre insatisfeita, não há volta a dar (nunca percebi o caminho a que estas "voltas" nos pretendem levar).
Entro agora no meu mês preferido do ano, na altura que mais me cativa, são as folhas que vejo no chão douradas e crepitantes, o senhor que trocou o gelado pela castanha assada, as senhoras que não fazem ideia daquilo que devem e podem escolher, é o cheiro do chocolate quente, da bolacha que se aconchega na manta feita de retalhos, do acordar frio e arrepiado, do som do vento na janela à noite, dos filmes britânicos (porque lá está sempre a chover e as pessoas usam sempre cachecóis bonitos), da cor do Verão que se esvai como água a correr numa cascata, do som da caça nas florestas, é o mês daquilo que se esconde. É o mês depois de terminar alguma coisa, são os despojos de um dia, de uma semana, de um ano que já não volta. E ainda bem que não volta, porque quando não se pode repetir é sinal de que foi mesmo bom!
Sinto-me insatisfeita (como já vem a ser um hábito), e apetece-me escrever sobre coisas alegres e que me alegrem. Faz parte da época, é uma manifestação natural em mim. Hoje acabei de ver um filme daqueles bem antigos, com aquelas actrizes com penteado inimtáveis, vestidos imaculados e senhores com brilhantina nos cabelos, coisas do cinema a preto e branco, feito de whisky e cigarros. E tudo isto numa sala escura e repleta, coisas simples sãos as melhores deste mundo!
E como digo sempre a alguém (alguém que me queira ouvir) o amor vive de pequenas coisas, ela dizia que "a vida é feita de pequenos nadas" que são o tudo, são gostos que se chocam para se encontarem numa esquina escura, pormenores que nos enchem a alma, sensações orvalhadas nos nossos coraçoes trazidas pelos véus da memória fina e levemente adocicada.
"There are so many special people in the world."
(quem dera conhecê-las a todas)

1 comentário:

Daniela Lopes Moura disse...

Sabe tão bem chegar à Faculdade e saber que lá vamos encontrar algumas pessoas com quem vamos falar de coisas sérias e com quem também vamos rir. Sabe tão bem chegar a casa e ler coisas como este post e pensar como sabe bem ler coisas de quem pensa parecido connosco. Sabe tão bem dizer que sim, que quando estiver frio e andarmos com os cachecois bonitos vamos comprar castanhas e vamos comer um pastel de Belém. Porque são pequenas coisas, as que nos deixam um nózinho na garganta por serem bonitas. :)