Ele levou-a de carro ao cair da noite até ao Porto.
A viagem foi um longo breve momento em que as palavras se somavam e multiplicavam umas às outras, sem nunca se atropelar, sem nunca se sentirem solitárias.
Na manhã seguinte, ou talvez na primeira "leva da tarde", os seus pés entraram juntos pela porta da chocolataria que ela só conhecia dos emails que ele lhe enviara com o roteiro imaginado da sua primeira viagem juntos. A viagem após a qual nada voltou a ser o mesmo.
Com os pés lá dentro, os narizes frios e os corações aquecidos como manteiga que se vai derretendo na frigideira, lá foram eles espreitando e descobrindo os segredos do chocolate, a quem ela já se confessava regularmente e a quem ele se confessava de forma tímida e até um pouco a contragosto.
Aquele lugarzinho pequenino e escondido na longa rua Sá da Bandeira, só se fazia descobrir através do maravilhoso cheiro a chocolate que de lá dentro inundava as suas narinas e do grandioso comboio que estava ainda a ser construído na montra.
Eles provaram chocolate quentinho, bolinhos, chocolatinhos e tudo o que possa acabar em "inho" ou "inhos". Levaram com eles uns "pacotinhos" à antiga atados com rafia e uma caixa de cartão com um soldadinho deitado lá dentro que haveria de ser a estrela dá árvore de natal daqueles dois.
Aqueles dois foram muito felizes ali. Aqueles dois são muito felizes hoje.
Esta é a chocolataria deles, esta é a chocolataria do nosso amor.
Todas as imagens foram retiradas da página de Facebook da Chocolataria Equador (Ilustração de Celestino Fonseca)
1 comentário:
..que texto tão quentinho e saboroso :) obrigada!
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