quarta-feira, novembro 13, 2013

E quando alguém morre

E quando sabemos que alguém morre, uma parte de nós morre também. Não porque nos é próxima, não porque sentimos por ela aquele amor que só entregamos numa caixa de ouro selada com a nossa alma. Não é nada disso. Apenas porque sei que ela partiu e o mundo que vemos neste preciso momento deixou de ser visto pelos seus olhos.

Esta ideia sempre me arrepiou. Esse alguém não vai respirar mais este ar que nem sempre apreciamos. Não se vai emocionar com a mensagem de um anúncio de televisão ou com uma a de um filme, ou com o diálogo final daquela peça de teatro. Não vai voltar a dizer "amo-te", nem vai ouvir essa mesma palavra proferida por aquela outra pessoa que vê nela a sua continuação. Não vai voltar a sentir o sabor do seu fruto preferido, não vai cantarolar no banho, nem vai voltar a apreciar as primeiras horas do dia que nasce.

Lido mal com a morte. Sempre lidei. A ideia de que caminho na sua direcção faz-me questionar uma série infinita de coisas cuja resposta receio. Qual o meu propósito. Serei boa o suficiente? Serei merecedora? Porque é que nunca parti? Quando vou partir? Quando vão eles partir? Quando vão partir aqueles que amo. Voltarei a vê-los? E que lhes digo quando os reencontrar?

Continuo sentada à frente deste teclado e sinto muito pouco, mas o que sinto faz ricochete na cena deste filme...



The Tree Of Life - Terrence Malik

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