domingo, abril 12, 2009

Arrepio ( e o facto do cavalo ser o meu animal preferido)

Não sei se é por ser carne, se é porque é sexual, sensual, respiração, constatação, indignação, apenas sei que Ary dos Santos era sábio nas palavras e neste magnífico poema interpretado por Mafalda Arnauth se espelha aquilo que todos sentimos uma ou outra vez na vida: um instante, uma vida, uma passagem, um retiro eterno, um sentimento por alguém, um acordar de manhã e querer correr contra a ternura:
Minha laranja amarga e doce
Meu poema feito de gomos de saudade
Minha pena pesada e leve
Secreta e pura
Minha passagem para o breve
Breve instante da loucura
Minha ousadia, meu galope, minha rédia,
Meu potro doido, minha chama,
Minha réstia de luz intensa, de voz aberta
Minha denúncia do que pensa
Do que sente a gente certa
Em ti respiro, em ti eu provo
Por ti consigo esta força que de novo
Em ti persigo, em ti percorro
Cavalo à solta pela margem do teu corpo
Minha alegria, minha amargura,
Minha coragem de correr contra a ternura
Minha laranja amarga e doce
Minha espada, meu poema feito de dois gumes
Tudo ou nada
Por ti renego, por ti aceito
Este corcel que não sossego
À desfilada no meu peito
Por isso digo canção castigo
Amêndoa, travo, corpo, alma
Amante, amigo
Por isso canto, por isso digo
Alpendre, casa, cama, arca do meu trigo
Minha alegria, minha amargura
Minha coragem de correr contra a ternura
Minha ousadia, minha aventura
Minha coragem de correr contra a ternura
E lido isto, ouvido isto, nada fica a dizer...basta sentir.

Sem comentários: