E porque tudo o que vejo, vejo como nos filmes. E porque tudo o que fazemos e sentimos pode ser recordado nas asas de um caleidoscópio em pleno movimento. Se há "acção" eu revelo por aqui.
quinta-feira, dezembro 22, 2005
A minha mãe mudou a posição das coisas da sala
The river of light
A minha mãe mudou a posição das coisas da sala, é como se me tivesse mudado também, e eu gosto, mas não mudei verdadeiramente, as coisas são as mesmas, eu é que talvez tenha mudado porque estou consciente de que sou alterada todos os dias permanecendo sempre .
Ao acordar, acordo sempre outra, alguém feliz ao acordar, e não sei o porquê. Essa felicidade vai-se desvanecendo ao longo do dia, culminando com a tristeza da noite, uma tristeza interesseira e antecipadora de uma felicidade plena que aguardo laboriosamente, a felicidade da manhã (aquela de há pouco).
A minha mãe mudou a posição das coisas da sala. Agora há uma divisão aparente entre "jantar" e "de estar", e eu gosto. Gosto principalmente do facto do meu adorado sofá azul (aquele que depois de 15 minutos nos oferece uma ligeira e languida dor nas costas) ficar de fronte à janela.
... A janela que fica virada para Norte, o Norte que é tocado pelo campo, o campo que é beijado pelo verde, o verde que é lavado pela água da chuva, a chuva que vejo cair do céu como lágrimas de um Deus velho e cansado, um Deus que eu não vejo, não sinto, não falo, que não dá por saber que vai tirar, um Eu que crê na beleza da vida e na tristeza do Homem, um Homem que respira o ar compassado e necessário, todos os dias, até que o último chegue sem ele saber, porque o Homem nunca sabe e feliz é aquele que sabe que não sabe.
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