terça-feira, novembro 18, 2008

Romance

Tenho tantas ideias para um romance.
Estou sempre a pensar nele, sem conseguir porém delinear sequer uma estória. É mesmo complicado. Porquê?!! Sabem porquê?
É que tudo na vida surge tão inesperadamente que acabo sempre por achar que jamais conseguirei imprimir nas minhas palavras essa atmosfera fantástica da surpresa tão digna de leitura.
Porque quando começo a escrever delimito, e delimitar representa tudo aquilo que não quero fazer...delimitar. Ainda se fosse ilimitar...
Há depois, claro aquela triste ideia de fazer das nossas vidas, espelho turvo da matéria escrita. Nunca é real...mas gostávamos que fosse.
Imaginem vocês que há três meses "criei" a estória de uma heroína triste, eu estava triste, a pobre coitada da minha heroína levou por tabela...depois achei que deveria antes criar um romance mais alegre, e por isso deixaria de ser romance sobre a sua bem humorada recuperação.
Passos simples: uma dose semanal de "Swirl choc and chip", com extra de chantilly, muita passeata na praia, muito revivalismo cinematográfico, muita paradela em mesas de esplanada a espiar os traseuntes desalmados, deslavados e pelintras, muita palavra solta, muita sopa de letras, muito "Porquê? Porquê?", muitos planos para o futuro que agora já não fazem sentido algum porque entretanto o vento levou a melhor e desnorteou as minhas decisões resolutas!
Foi assim, porque teve de ser assim. Foi assim porque quando estamos tristes, percebemos que o lado bom da tristeza é o facto de sabermos que ela vai terminar, ou seja também ela possui um "rótulo" : o prazo de validade.
OU SEJA: a tristeza é como um iogurte!
Quando chega o dia devidamente assinalado, surgem opções:
Comer o iogurte fora do prazo e rezar de seguida para que nada de muito prejudicial aconteça ao longo de todo o tubo digestivo, o que pode originar duas consequências: ou o comemos e nada acontece porque as bactérias ainda não estão em ponto de rebuçado, ou pelo contrário...o tubo digestivo sofre das boas!
Outra opção, deitar o iogurte fora e comprar um "packezinho" novinho , e com sorte traz um brinde sei lá...assim estendemos a validade, fazemos um pequeno investimento, comemos livres de preocupações e comer não deixa de ser um prazer. Sofrer é preciso. E o cálcio também pois claro. No fundo o sofrimento mais não é que o invólucro temporário de alguém que somos tods nós, cientes de que nem tudo é perfeito, mas há sempre opções, tantos nas prateleiras dos hipermercados como na nossa própria estrutura emocional!
Ah e pensar que terminei este texto a escrever sobre iogurtes...a ideia era o romance...perdoem-me a incoerência, foi um dia longo de trabalho!

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