sexta-feira, abril 06, 2007

This is Sparta!!

Como não tenho vindo a rechear linhas com pensamento cinéfilos, hoje parece-me um bom dia para tal efeito. Diz-se que esta Sexta feira é diferente das outras, diz-se que é Santa, pois eu não me apercebi, não me lembro bem do que é que ela fez para ser canonizada, mas também não é sobre isso que vou debruçar(por agora).
Muito se tem já dito e escrito sobre 300.
Graças a esse "zum zum" proporcionado por um trailer apelativo, uma banda sonora entusiasmante e uma falsa modéstia tão própria do nosso tempo " pois nós fizémos este filme com um orçamento muito reduzido!", obtém-se como resultado algo não muito mau, fazendo com que só se possa dizer bem, o que acaba por iludir.
Assiste-se a duas horas que passam num ápice, graças a um grande ritmo próprio do campo de uma batalha, não se perdem minutos precioso a pensar grandes planos de ataque e defesa, não o Rei Leónidas tem o seu papel bem decorado.
Está lá tudo, violência (que não é brutal), sangue (que não jorra como é de esperar), e muitas frases feitas, há também a amostra exageradamente heróica dos 300 frente a um rei que se vê como a um Deus, que tudo o que quer é que se ajoelhem a seus pés...mas os espartanos também só querem andar de cabeça bem erguida, daí a guerra.
A mensagem política de que tanto se tem falado por fora dos circuitos cimatográficos, torna-se um aspecto importante e que vem trazer ainda mais publicidade à película, fala-se muito de "liberdade" ao longo de 300, um povo que não se quer subjugar a um outro só porque este é maior e porque se acha no direito divino de mandar e desmandar onde muito bem lhe entender. O rei Xerxes menciona "trocas culturais" e "económicas", mas Leónidas percebe "escravidão" e vazio pessoal, O rei Bush menciona "educação" e o Médio Oriente percebe Jesus Cristo em vez de Maomé...se ao menos fizesse sentido...
Incompreensão. Poder. Domínio. Morte. Religião. Petróleo. São as palavras de ordem, no passado a última não se usava, mas também não se faziam pastilhas elásticas na altura.
Esquecendo a "mensagem", fiquei com aquela sensação de dejà vu ao ver 300, percebi-o como um híbrido entre Gladiador ( as cenas idílicas nas cearas de trigo) e Sin City (mas a isso não podemos criticar, trata-se do Universo Frank Miller). Não vi nada de novo, não me entusiasmei, não cheguei a torcer pelos espartanos, não senti o pulso forte do seu rei, não me emocionei com aquela rainha sensível e inteligente ( pelo menos era isso que queria dar a entender), e não saí satisfeita da sala, apenas minimamente confortada.
Dourado e vermelho são cores bem combinadas, 300 usa-as como estandarte, mas água que as dissolveu foi muito mal engarrafada por Zach Snyder, e ateção não é por falhar a fidelidaded ao comics, pelo contrário, talvez por uma colagem tão desavergonhada que a tentativa de superação não vai álem do efeito visual e esse sim esmagador. Não deixa de ser um dos filme de 2007, pelo menos muito se dirá sobre ele!
"Alguma mensagem para a Rainha?
Nenhuma que deva ser dita."

2 comentários:

António disse...

Concordo em absoluto com o teu comentário. Finalmente alguém que não saiu extasiado do filme. Também me deu o deja vu das searas de trigo.. só faltou dead can dance para o paralelo ser total.

http://yggdrasil.blogspot.com

Anónimo disse...

Assino por baixo.
É melhor não assinar, mas concordo absolutamente, embora tenha gostado do genérico no final, tu não?
Depois dizes-me

Beijo
To