quinta-feira, dezembro 28, 2006

Agora que voltaste à casa que construi para nós

Frio, muito frio tanto que quse sinto o gelo nas pontas dos meus dedos, quais estalactites valiosas. Noite, noite fria, mais uma, uns chamam a este frio de "Inverno" eu chamo de "Ausência", a minha ausência.
Gritam por mim...tu não ouves, ouviste?
Tremo mas não pela "baixeza" da temperatura, antes pelo medo: calculado, premeditado, suor frio, um véu esbranquiçado, uma dor prazerosa.
És mesmo tu?
Porque me persegues?
Porque te busco?
Estás comigo mas não estás, dormes comigo mas não te sinto, magoar-te não consigo, só não quero sofrer....
Ofereceste-me vermelho, mas tudo o que tenho é negro, e eu prefiro vermelho, e tu possivelmente azul, tenho azul para ti se quiseres, se ainda quiseres, se ainda me quiseres. Sei fazer todas as cores, sou perita em magia cromática, nunca te contei? Não tive tempo...dá-me tempo, rouba-o se for preciso, arranja o relógio, dá-lhe corda, estica-a, há tempo, houve...e esse não volta mais.
E tu a mim, que me fazes?
Vendas-me os olhos, corrompes o chão com rosas brancas arrancadas da terra húmida, trespasas-me o corpo com os teus lábios, catapultas os teus braços em direcção ao meu pescoço, e consomes-me numa dança aprofundada pelo teu aroma, fragrância desconhecida, um veneno, um elixir, um enigma, uma vontade incontrolável de ser controlada por ti: paixão dizem eles...o amor, espero que não seja isto.
Continuo aqui, fechei, abri, voltei a fechar e a abrir os olhos, e tu...dormes profundamente, vives iluminado por outro Sol, contemplas uma outra Lua, choras ao ver outro mar, fere-te um outro vento, partilhas uma outra janela.
Eu era para morrer ontem, velada na neblina sepulcral da casa que mandei construir no monte esguio e macio, sepultada no seu topo: "Aqui jaz a tela pintada por ti". Tu havias pedido mil violinos a tocar ao vento, e eu os teria ouvido por debaixo do véu com que me cobriste a face alva e ainda morna por te sentir.
Virás sempre.
Virás sempre e eu sempre aqui permanecerei, a minha pele rosada ficará branca, os meus cabelos negros mais negros ficarão, os meus olhos jamais se voltarão a abrir...mas ver-te-ei, sim, incesante e apaixonadamente. O meu coração não voltará a bater, mas escutará o bater do teu.
Tu subirás o monte todas as manhãs, ao raiar do sol, lerás a frase, chorarás duas lágrimas, uma por mim...a outra por ti. Vais desejar-me mais do que nunca, lembrar-te-ás do quão felizes fomos e do quão seremos quando eu voltar, eu voltarei, nos teus sonhos far-te-ei sorrir, e ao acordares tornarei a tua sombra o meu amante, o ar que respiras ficará frio, vais sentir-me sem me sentir, desejarás a vida, a morte, o meu corpo: tudo aquilo que te foi negado.
E eu lá dentro suavizarei os teus dias até ao do nosso casamento...será Novembro próximo, choverá de tarde, corvos carregarão o meu véu, não haverá altar, nem cúpula gótica, só tu e eu, o monte e a brisa dourada, teremos gatos vadios como testemunhas.
Além do nosso casamento celebraremos a felicidade terrestre, no nosso leito conceberemos a paz e ofertá-la-emos aos deuses para que eles a façam molhar as cabeças dos homens, adormecendo o ódio num sono profundo e amaldiçoado, escondido e aniquilado.
Faremos os outros felizes, para isso voltarei, serei feliz só por te fazer feliz.
Casa comigo. Em Novembro próximo. No monte londrino, depois da floresta, de lá ouviremos as badaladas do gigante de pedra: serão três, uma atrás da outra, uma por ti, uma por mim...a outra para que tudo seja perfeito.
Tu vais trazer-me de volta à vida.

1 comentário:

Anónimo disse...

Mas k tela tão bonita, a tua escrita é tao calma mas ao mesmo tempo tao perturbadora, cm é k fazes isso?
Por isso e k escreves freneticamente assim do nada, inspiras muita gente sabias?
Ah e sim em Novembro casas, pah mas nao morras k da mto trabalho ir buscar os mortos ao outro lado e ou mto mengano ou o S. Pedro ñ deixava tirar-te de la...

bjs*