quarta-feira, setembro 13, 2006

Marie antoinette (A Ante-estreia)

"- Estás a apreciar a alameda de Limoeiros?"
"- Não. Estou a despedir-me deles!" (diz Marie ao Daulphine a caminho da execução)
Marie Antoinette é daqueles filmes que tudo tem para dar certo..ou muito errado, é o peso Coppola assinado a cada canto do filme (realização, produção e afins..a família arranjou toda emprego), é a Kirsten Dunst que se vem a revelar uma senhora actriz, a recriação de uma época bem como de uma figura histórica polémica, e gravação autorizada em Versailles, a aposta, o orçamento, como disse atrás...tem tudo!
Aquilo que sei foi aquilo que vi, e entre tudo e o nada eu vi o tudo, achei sem dúvida esta película uma visão interessante de uma visionária também ela interessante. É a desconstrução negativa de uma personagem que tanta tinta fez escorrer nos livros de História.Aprendi eu em salas de aula que Maria Antonieta foi uma mulher maquievélica, fria, esbanjadora num período caótico da História francesa, mas Coppola acha que não..ela era no fundo uma menina deslumbrante e deslumbrada, uma austríaca capaz de seduzir todos em seu redor, todos menos o seu fiel esposo, uma menina que chorou pelas intrigas, amou a vida e não dispensava uma bela festa, amava a vida boémia e comia chocolate antes de adormecer.
Não é essa a definição de mulher casada dos nosso dias!!??
A película é toda ela um delírio visual, é burlesca, fascinante, romântica, gulosa, humorística, sensível, estes elementos estão todos presentes e Kirsten brilha numa redoma, cresce, amadurece sem nunca perder o sorriso de criança, mesmo enquanto mãe, a vida se tornou madrasta para com a Rainha de França.
A banda sonora provoca uma multiplicidade de sensações: desanuvia mas também envolve e es
bofeteia o espectador..new Order é assim...e quando se diz "I want candy!" porque não cantar!!??Uma anacronia musical e temporal que para nosso deleite não nos retira da época, acreditamos mesmo que New Order são intemporais( já não eram?) e que tocavam em praça pública em vésperas da Revlução francesa, se é que não foram eles que tomaram a Bastilha!!
Com este filme mudamos a posição das coisas, alteramos a perspectiva, os monarcas são os bons (as vítimas) e o povo faminto (os vilões), e só por isso já vale a pena ver, nem que seja para experimentar coisas novas, diferentes daquilo que a História nos diz..o cinema é isso, é uma refazer de coisas, inovar o velho, atormentar, abalar, comover, sonhar...alterar.
Marie Antoinette é a personificação de uma criança a quem tudo foi oferecido e que tão bem soube reagir a quando do momento da sua perda.
E durante a projecção deste enigmático filme, cor de rosa por sinal, ouvi comentários repletos de ignorância: "Não percebo nada deste filme..", que há a perceber, se calhar se a menina de cor de laranja não fizesse gazeta nas aulas de História e coisa dava-se, mas a menina teve a oportunidade de aprender qualquer coisa no Open Air, não soube foi aproveitar, mesmo (eu) estando ciente de que não nos podemos fiar a cem por cento numa obra de Arte, a Arte também engana, é matreira a senhora!!
Marie Antoinette boa ou má?
Vocês escolhem.
Eu acho-a humana.
" This is Stupid!"
"This is Versailles!!"

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