segunda-feira, agosto 15, 2005

Arrisquemo-nos a voar sobre o mar

Se há algo pelo qual perco o meu precioso tempo a questionar, e eu questiomo-me muito, é a razão (inconsciente?) que nos leva a desconsiderar o mundo em que vivemos, a vida que nele pisamos e que complicamos através das mais variadas formas, muitas vezes sem nos darmos conta(daí ser inconsciente). Porque todos queremos que a vida seja fantástica.E todos queremos que o sofrimento nunca nos apanhe.E todos queremos a paz mundial. Ou poupem-me... O mundo, é aquilo que fazemos dele, tal como nós somos aquilo que fazemos de nós próprios, os outros, passo a expressão:"vão-se lixar!", eles bem nos tentam moldar, mas não conseguem, pelo menos aparentemente, dizem-nos o que vestir, o que comer, o que dizer, mas o que sentir ou pensar...isso bem eles querem, mas o Homem, se há coisa que o define é a sua insatisfação face à vida, e isso nunca nos será tirado. Podemos pensar conhecer as pessoas pelo que dizem, pelo que nos dizem, embora muitas vezes elas só o digam porque sabem exactamente que é isso que queremos ouvir. E é tão fácil perceber, chega a ser ridículo...infantil. O mundo piora a cada dia, e consequentemente como que numa maré de azar e porque existimos, a nossa vida degrada-se também, tal como a pedra que é dura sofre, graças à força da erosão provocada pelo mar, também nós sofremos...somos limados, têmo-lo sido com o passar do tempo, tornamo-nos pessoas mais lisas, macias, bonitas? Ou vejamos, amamos desde sempre, dizem os humanistas e filósofos, quando o mundo era simples, sem máquinas, sem facilidades, sem viagens pelo mundo em classe executiva, sim porque antes tentávamos por mar(era fácil não chegar ao destino, mas sim ao esconderijo de um tesouro de um qualquer pirata chanfrado e já em estado avançado de decomposição, não temos como regressar porque o barco destruiu-se na tempestade e agora somo ricos e vivemos no máximo 36 horas). Deste modo e para não nos arriscarmos reduzimos a área de conquista ao nosso território, à nossa aldeia, sabemos que nos podemos apaixonar pelas nossos vizinhos e afins, qualquer coisa humana. E somos felizes para sempre??Não me parece...sofremos na mesma, ou porque a nossa possível conquista já está comprometida ou porque simplesmente não vai com a nossa cara. E acabamos sós, a escrever poemas e textos tristérrimos a perguntar não "Porquê eu?" mas sim "Porque não eu??". Hoje: telefone, internet, viagens (podemos viajar 2 vezes ou mais por dia)??Sem falar das cartas escritas à la pata, mas essas ninguém escreve, dão trabalho, gastam tinta e antes que nos arrependamos de mandar pelo correio ou colocar na mala do destinatário sem que ele note, preferimos a sms ou o e-mail...e mesmo assim assim as coisas não são nada fáceis, os escritores frustrados continuam na linha da frente, os criadores de blogs amontoam-se, a música pop vende como nunca, já sem falar nos programas de televisão que se comprometem a nos arranjar o par ideal. Sejamos realistas, encaremos a vida, desfrutêmo-la, brindemos aos nossos sucessos bem como aos nossos fracassos, e se ela não nos corresponder( aquela pessoa) continuemos a tentar, a sonhar, peguemos no papel, no telefone,no computador... que seja. Não sejamos como aquele que descobre o tesouro do pirata, com tanto para dar e gastar e tão pouco tempo para o fazer, o relógio...tique taque...as folhas flutuam no ar, e nós só temos o tesouro e nenhuma maneira de sair do esconderijo. Arrisquemo-nos a voar.

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