quarta-feira, agosto 31, 2005

And the blade runs...

Ao estrear a 25 de Junho de 1982,(1983 em Portugal no festival de cinema Fantasporto) Blade Runner não contou com as melhores críticas, pelo menos não nos EUA, porque cá a conversa foi outra. O público esse, sempre fiel às suas convicções e pouco preocupado com as opiniões dos senhores do cinema aclamaram-no desde logo, porque o verdadeiro público nunca é estúpido. Talvez este facto se deva à geração de críticos de cinema que se criava na época, deve tratar-se de uma crise de identidade pela qual os senhores passavam na década de 80, no final de contas essa é a derradeira década para muitos e muitas em que:" cause girls just wanna have fun!!!"(Go Cindy...) . Blade runner é um dos melhores se não mesmo o melhor o melhor filme de ficção científica feito até hoje, após o seu ano de estreia chegou mesmo a ser nomeado ao oscar de melhores efeitos especiais, mas na corrida ao prémio não ganhar não significa que seja mau, nunca esquecer esse pormenor e mais importante, por vezes ganha-se por razões mais obscuras que não a qualidade. A película é brindada com uma magnetizante banda sonora a cargo de Vangelis atingindo o seu expoente máximo no diálogo final entre Dukard(Harrison ford) e Roy Batty(Ruger Hauer), sendo a interpretação do segundo brilhante, a melhor talvez de toda a sua carreira. É incrível a facilidade que tenho em rever essa cena frame a frame, repetido com toda a calma que me é possível o diálogo final quase profético: "all those moments will be lost in time like tears in the rain..." e uma pomba branca voa, voa, não há imagem mais humanista que esta já dizia um professor meu de faculdade. Ridley Scott conseguiu com este filme uma proeza que poucos realizadores se podem gabar de conquistar, que é tornar um filme melhor com a idade, qual vinho do porto, que agurda o tempo necessário e as condições externas favoráveis à sua sábia apuração- é bem sabido que o que se vê hoje amanhã está desactualizado e daqui a 10 anos (e agora repito-me) they will be lost like tears in te rain...não dando qualquer fruto que popssamos colher proveitosamente. Consigo pensar em mais 2 realizadores por razões díspares que conseguiram o mesmo feito: Hitchcock e Kubrick com Psico e Laranja mecânica respectivamente, o primeiro porque mergulha nas profundezas do humanos num estilo freudiano e o outro por avaliar tão perspicazmente a humanidade do homem e da sociedade que ele criou ou criou a ele?? Nos dias de hoje em que o cinema parace tão uniforme, poucas são as ideias novas, e muitas as repetições arbitrárias de imagens já nossas conhecidas e muita falta fazia um Blade Runner em 2005, mas isso é impossível, jamais uma película desta grandeza será (re) criada e mesmo que fosse seria sempre uma réplica (quem viu o filme sabe a que me refiro). Grande aprte do misticismo que envolve esta obra deve-se ao facto da humanidade ser aqui contemplada de um ponto de vista cruel (real??), tendo como centro o Homem que se equivale a Deus (ou como o queiram chamar, mas tomando tudo do ponto de vista da religião cristã). Mas, não será esta sua criação física a destruição do seu próprio espírito? Nos dias de hoje se perguntarmos a 100 pessoas com mais de 30 anos quais os seus 10 filme de sempre, certamente para muitas Blade runner está nessa lista, trata-se de uma referência cinematográfica, um filme de culto que muitos ainda hoje tentam elevar e compreender através de sites na internet que montam e desmontam cenas e diálogos de modo a desodificar os seus símbolos, alimentando a obra e conferindo-lhe vida. Muitos mistérios ficam por desvendar, nem sei ao certo se Ridley Scott(autor de pequenas pérolas e muitos flops) tinha em mente o furor que BR ainda hoje provoca, nem sei bem se as cenas de culto do filme são propositadas ou simplesmente falhas humanas (do realizador entenda-se). Se bem que para Harrison Ford na época a sua escolha não se deveu a outro factor que não o monetário(há senhores com muita certo, indeed), o que fica para a História é que ele encabeça aquele que é O FILME, que vagueia hoje e sempre no imaginário de milhões de pessoas, sim milhões não é um exagero. Escravizar a vida humana por uma duração limitada de tempo para que depois possa ser destruída quando a sua existência deixa de ser necessária, parece ser uma ideia horripilante, que provocaria decerto escândalo por toda a parte, mas se se tratasse "apenas" de um clone, então a conversa seria outra, não seria um acto assim tão condenável...pelo menos essa é a opinião das sociedades do mundo de BR. Aqui os clones não sabem que o são, pensam ser tão ou mais humanos que qualquer humano, porque esse deixou de o ser há muito, e tudo isto num mundo escuro(como que se de um pesadelo se tratasse) pois os Sol, essa estrela magnífica, essa está em plena fuga, como se nem ela quisesse compactuar com a dita criação humana. Blade Runner é um filme tão à frente no seu tempo, que só hoje pode ser comprendido na íntegra, num mundo actual governado por sociedades vazias de humanidade. Ao assistir a BR percebemos que os mais de 20 anos pelos quais passou formaram o momento propício a uma total análise de um tema tão actual como a clonagem humana. Qual o papel de Deus na criação afinal? Quer o Homem adiantar-se ao seu criador? E a criatura, terá ela algum valor para o Homem? Terá a criatura o direito à vida? Terá ela o direito a viver mais do que aquilo a que o seu criador a condenou? Será a sua memória real? Terá a criatura o direito a sonhar? Terá o criador o direito e o poder de impôr o sonho à criatura? E os unicórnios serão reais ou simplesmente uma velha imposição do criador? É sem dúvida uma pena não existir uma edição portuguesa de Blade Runner...já nem falo de uma edição especial disponível no nosso país. Com: Harrison Ford, Rutger Hauer, Sean Young, Daryl Hannah que entra numa das cenas de luta mais memoráves da História do cinema, entre outros.

sexta-feira, agosto 26, 2005

Eu acredito

Sábio é o que se contenta com o espectáculo do mundo, E ao beber nem recorda Que já bebeu na vida, Para quem tudo é novo E imarcescível sempre. Ricardo Reis, Odes Sonho todos os dias que vagueio em filmes. Filmes que vejo, que relembro, os quais não me saiem da cabeça e me consomem como nada mais o consegue fazer. Acontece-me de tal maneira que me sinto sufocar tal como me está a acontecer agora. Acredito que perco em cada momento, parte da minha personalidade ainda tão embrionária.Admiro-me por não saber do que gosto realmnte, tudo o que sei são fragmentos frágeis,e receio perder o tempo, esse bem essencial e precioso, que só se renova com novo sangue e me escorre entre os dedos como se da água mais límpida se tratasse. Tenho que fazer, visões, acções, a minha vida para viver...mas depois penso nos filmes. Penso no tempo que levam a serem feitos, nos infímos pormenores a levar em conta e perco-me finalmente, sem encontrar ninguém que me diga que está tudo bem e que vou ser feliz o resto da minha vida. Depois vem outro e outro,e ainda mais outro,e a minha existêcia afunda-se num rio calmo porém profundo. Não há nada pior do que sentir não ter pé. A vida acena, os que gosto surgem na íris, os feitos passeiam em camara lenta e não realizei sequer parte do que planeei. Não quero chegar ao fim da vida e lembrar-me que não tenho nada para me lembrar, que não salvei nenhuma vida que não a minha, essa se tivesse chegado a tempo, que não me ajudei, que não corri atrás dos meus sonhos...qual menina de rede em punho à caça de borbuletas...não realizei... E pensar que tudo isto dava um filme, Meu Deus lá estou eu outra vez a pensar nisso.Não consigo parar, é o meu vício e não há nada melhor que um vício. Não me quero ver livre desse companheiro, que ele me sugue todo o meu ser, porque ao fazê-lo sentirme-ei completa, por mais ideal, surreal ou incopreensível que pareça. O processo é simples, inicialmente é aquele formigueiro que percorre todo o corpo, as imagens nascem, os sons libertam, os aromas despertam, e o momento que se segue por mais fugaz que seja é uma plenitude trémula mas impossível de aprisionar. Tão depressa como surge desaparece e eu sinto-me pior do que quando inicialmente, por saber que da próxima vez o momento será tão súbito que a dor gritante se desvanecerá num suspiro lento e gelado. A mente esvazia-se depois do turbilhão que quase a fez explodir e a vida continua a rolar tal como uma bobina, não digo que de um modo infeliz mas melancólico, produzindo um som pesante e compassado tal como o bater do meu coração. Uma melancolia que eu percebo e preservo, que faz já parte de mim. a ela devo estas palavras que não magoam porque não passam de palavras, mas que traçam as linhas da minha vida, do meu guião num código indecifrável e inantigível, guião que talvez nunca venha a lwr apenas o viverei. Ao acordar quando vislumbro os primeiros raios de sol, já não há nada mais a fazer, o meu primeiro pensamento é uma questão...o porquê ninguém começar assim um filme e o terminar com a lua ao fundo do escuro oceano do céu... Agora que acabei não me sinto melhor nem nada que se compare. A sensação é a mesma que tinha ao começar, a diferença é que agora está tudo igual e não há maior diferença que essa, os momentos irrepetitíveis são uma ilusão porque eu vivo-os todos os dias. Acredito piamente nas minha palavras.

segunda-feira, agosto 22, 2005

Charlie and the chocolate factory(spoilers ahead)

Por onde começar...é que com tantas voltas e rodas, cores e sabores, sorrisos e lágrimas, gargalhadas e dejà vous fiquei assim como que tonta. Este é sem dúvida um filme com a cara de Tim Burton espelhada em qualquer canto de um cenário irreal e fantasioso e por isso mesmo tão facilmente imaginado nos nossos sonhos. Não só porque the man é Johnny Depp e isso diz tudo, embora quase irreconhecível(porque Depp faz a delícia de muitos sonhos de muitas meninas) ,aplausos para caracterização e guarda roupa. A personagem de Willie Wonka faz-nos pensar num palhaço de circo, que aparentando toda a felicidade possível, esconde a sua própria tristeza por detrás de maneirismos e quantidades desmesuradas de base e blush!! Todos os pormenores do filme são deliciosos permitindo aos mais novos sonhar e os mais crescidos sonharem em serem novos, era ver famílias na sala de cinema, pais a acompanharem os filhos que deliravam com os cenários e com os esquilos, e os pais que se riam com a maior das facilidades nas cenas mais simples como uma simples ida ao cabeleireiro ou ao psiquiatra*coug,cough*. Desde o início temos noção de um Burton algo nostálgico que nos deixa vislumbrar cenas e detalhes já conhecidos do público, não que o público não goste, mas o senhor insiste em recordar-nos que já nos ofereceu todo um banquete majestoso ao longo dos anos, composto pelas histórias mais fantásticas adaptadas ao cinema, as personagens mais divertidas, mais trágicas e memoráveis, que por detrás de toda a sua mágoa possuem sempre um passado negro marcado pela incompreensão da família ou da sociedade( recordo-me do senho Pinguim de Batman Returns abandonado pela sua própria família e agora claro o próprio Willie Wonka na relação com um membro da sua família). A música que abraça a película é memorável, desta ves Danny Elfman opta por coros infantis que se misturam com sonoridades circenses (algo de Big Fish que ficou) aliados ainda a uma entrada em qualquer feira popular(não a de Lisboa). É como se abríssemos uma caixa de música e acelerássemos a sua rotação e voilà temos a banda sonora do filme! Qualquer humano se identifica com as notas musicais e com as vozinhas das criancinhas que não são o forte de Wonka, talvez por lhe lembrarem a sua infância e o seu próprio entusiasmo relativamente aos doces. Quando li algures que Depp se tinha baseado no rei do Pop, caí 2 vezes para a esquerda( o meu lado mais fraco já que sou destra) e 3 vezes para trás...é que não achei nada, não sei se ele próprio o admitiu, ou é especulação por parte dos jornalistas, mas se o objectivo é tentar comparar a fábrica do Charle*cough* quero dizer do Wonka com Neverland...façam um favor a vocês mesmos: CUREM-SE. O enlenco é todo ele formidável não só por serem fantáticos actores, como a musa de Burton Bonham Carter, mas porque o senhor os dirige para lá do humano, não sei que palavras é que ele lhes diz mas deve ser fornidável, imagino algo como "Agora têm 10 anos e não vos apetece ir à escola!!". As crianças são muito boas, refiro-me ao quarteto fantástico( as 'vítimas' de Wonka, ou melhor dos seus próprios defeitos, incutidos pela própria família ou pior, pela sociedade e pela Televisão). E o menino que faz de Charlie bem esse agora só não pode crescer no mundo como o de Hollywood, porque se não lá se vai outro talento!! Não posso dizer que este é o meu filme preferido do realizador, porque o meu coração tomba sempre para o Eduardo e as suas mãos de tesoura, mas a surpresa é...e para mim foi espantosa, se calhar poucos notam, mas eu vislumbrei o Eduardo numa cena do filme (pequena) quando o nosso Wonka tem na sua mão direita uma tesoura gigante. Não pude deixar de pensar nisso e fazer essa analogia, e que a mim ninguém me tira da cabeça que aquela tesoura é propositada... Erva comestível, xupa-xupas com sabor unstopable, trabalhadores que cantam e dançam sem cobrarem mais por isso, esquilos esforçados, rio de chocolate batido por uma cascata...rendo-me! Esta obra visa bem a sociedade tem um efeito moralizador. Porque as máquinas substituem as mãos humanas. Porque a ganância dos capitalistas 'entortam' casas. Porque a televisão manipula em excesso. Porque o acesso às coisas triviais anula a beleza a tudo o que não é trivial. Porque a luta pelos sonhos não pode ceder. Porque a bondade não pode adormecer nos nossos corações. Porque a maldade existe e deve ficar com aqueles que a sentem. Porque a família é o mais importante. Porque a pobreza pode ser uma riqueza incalculável. Porque a partilha deve ser uma constante. Porque a sorte pertence a todos e a cada um num determinado momento. Porque o amor esse, nem todo o chocolate do mundo o compra. Porque Wonka aprendeu isso com Charlie. Porque agora é Wonka que lhe deve algo. Porque agora é a vez dele retribuir. E por mais estranho que seja, quando saí da sala de cinema, não me apetecia nada empaturrar-me de chocolates, foi estraho. A acompanhar esse não desejo por chocolates (algo extremamente invulgar na minha pessoa) ficou uma tristeza pelo mundo não ser como Burton realiza e como Depp interpreta. Dei por mim a descer umas escadaria de cimento calculo que fria, uma carruagem de metro a correr a toda a velocidade, um som que nunca tanto me havia incomodado, numa tarde de Verão quentíssima sem oompa loompas. Restou-me ir para casa a sonhar com 1 hora e 46 minutos de película a que havia assistido. E pensar que Johnny Depp nem gosta de chocolates...nem sabe o que perde...

sexta-feira, agosto 19, 2005

O estranho

Starry night over the Rhone Dizem os sábios que antes de amarmos nunca sentimos nada igual. Por mais que me esforce não me lembro de semelhante coisa ter acontecido com a minha pessoa... A imagem é de facto poderosíssima, ou então imaginemos: Um estranho. E de repente tudo o que nos é exterior deixa de fazer sentido, sentimo-nos intrigados de tal modo que até o luar consegue reflectir os nossos pensamentos, e este é o mesmo luar que pensámos conhecer toda a nossa vida, mas não, este é o luar que olhamos todas as noites mas nunca vemos realmente. E dizem eles que esta é a mais velha lição ensinada pelo Amor. Apesar de tudo isto, não deixo de ficar triste e incrédula. Então antes de amarmos não conseguimos admirar a verdadeira beleza do mundo?? Será que tudo fica assim tão diferente depois de conhecermos o "estranho"?? Se isto acontece, a vida sem amor não faz mesmo sentido, para quê viver se não conseguimos apreciar o que de melhor os astros nos podem iluminar... Quero ser folha e voar no vento do Outono, ser estrela e brilhar de dia, ser luz e desaparecer na noite, ser a escuridão que mata o dia, ser graciosa e fazer "sapinho" no mar (private joke), ser "cobrinha" e serpentear-Te a existência (private joke again, I can't help it), ser aquela que não morre porque a morte não a assusta apenas a imortaliza.

segunda-feira, agosto 15, 2005

Arrisquemo-nos a voar sobre o mar

Se há algo pelo qual perco o meu precioso tempo a questionar, e eu questiomo-me muito, é a razão (inconsciente?) que nos leva a desconsiderar o mundo em que vivemos, a vida que nele pisamos e que complicamos através das mais variadas formas, muitas vezes sem nos darmos conta(daí ser inconsciente). Porque todos queremos que a vida seja fantástica.E todos queremos que o sofrimento nunca nos apanhe.E todos queremos a paz mundial. Ou poupem-me... O mundo, é aquilo que fazemos dele, tal como nós somos aquilo que fazemos de nós próprios, os outros, passo a expressão:"vão-se lixar!", eles bem nos tentam moldar, mas não conseguem, pelo menos aparentemente, dizem-nos o que vestir, o que comer, o que dizer, mas o que sentir ou pensar...isso bem eles querem, mas o Homem, se há coisa que o define é a sua insatisfação face à vida, e isso nunca nos será tirado. Podemos pensar conhecer as pessoas pelo que dizem, pelo que nos dizem, embora muitas vezes elas só o digam porque sabem exactamente que é isso que queremos ouvir. E é tão fácil perceber, chega a ser ridículo...infantil. O mundo piora a cada dia, e consequentemente como que numa maré de azar e porque existimos, a nossa vida degrada-se também, tal como a pedra que é dura sofre, graças à força da erosão provocada pelo mar, também nós sofremos...somos limados, têmo-lo sido com o passar do tempo, tornamo-nos pessoas mais lisas, macias, bonitas? Ou vejamos, amamos desde sempre, dizem os humanistas e filósofos, quando o mundo era simples, sem máquinas, sem facilidades, sem viagens pelo mundo em classe executiva, sim porque antes tentávamos por mar(era fácil não chegar ao destino, mas sim ao esconderijo de um tesouro de um qualquer pirata chanfrado e já em estado avançado de decomposição, não temos como regressar porque o barco destruiu-se na tempestade e agora somo ricos e vivemos no máximo 36 horas). Deste modo e para não nos arriscarmos reduzimos a área de conquista ao nosso território, à nossa aldeia, sabemos que nos podemos apaixonar pelas nossos vizinhos e afins, qualquer coisa humana. E somos felizes para sempre??Não me parece...sofremos na mesma, ou porque a nossa possível conquista já está comprometida ou porque simplesmente não vai com a nossa cara. E acabamos sós, a escrever poemas e textos tristérrimos a perguntar não "Porquê eu?" mas sim "Porque não eu??". Hoje: telefone, internet, viagens (podemos viajar 2 vezes ou mais por dia)??Sem falar das cartas escritas à la pata, mas essas ninguém escreve, dão trabalho, gastam tinta e antes que nos arrependamos de mandar pelo correio ou colocar na mala do destinatário sem que ele note, preferimos a sms ou o e-mail...e mesmo assim assim as coisas não são nada fáceis, os escritores frustrados continuam na linha da frente, os criadores de blogs amontoam-se, a música pop vende como nunca, já sem falar nos programas de televisão que se comprometem a nos arranjar o par ideal. Sejamos realistas, encaremos a vida, desfrutêmo-la, brindemos aos nossos sucessos bem como aos nossos fracassos, e se ela não nos corresponder( aquela pessoa) continuemos a tentar, a sonhar, peguemos no papel, no telefone,no computador... que seja. Não sejamos como aquele que descobre o tesouro do pirata, com tanto para dar e gastar e tão pouco tempo para o fazer, o relógio...tique taque...as folhas flutuam no ar, e nós só temos o tesouro e nenhuma maneira de sair do esconderijo. Arrisquemo-nos a voar.

domingo, agosto 14, 2005

Harry is back! (contém spoilers)

Dark and difficult times lie ahead Harry. Soon we must all face the choice between what is right... and what is easy. O orfão cresceu, encontrou alguém que é agora o mais parecido com um familiar que ele podia ter(já que os tios e o primo não estão para aí virados), e aos 14 anos prepara-se para defrontar um magnífico e díficil torneio em que rivaliza com os escolhidos das melhores escolas de magia...mas para variar, Harry não deveria ser o escolhido...uma nova cilada está à sua espera. O filme é já um dos grandes aguardados do ano, os fãs estão espectantes, pois finalmente veremos a cara de Voldemort interpretado pelo interessantíssimo Ralph Fiennes (Monte dos Vendavais e O paciente Inglês) que surgirá só no final( e talvez no início) mas alimentando já os ódios crescentes do grande público. A realização cabe a Mike Newell conhecido por 4 casamentos e um funeral, O sorriso de Mona Lisa, Donnie Brasco entre muitos outros, sim porque este senhor já realiza dese os anos 60, ou seja, já cá anda há muito tempo e tem mais do que a obrigação de saber, que adaptar um livro ao cinema é difícil, vive-se de escolhas como é sabido, há que omitir factos que não contradigam ou destabilizem a narrativa, mas também não é preciso acrescentar detalhes e cenas descabidas para tornar o filme mais isto e aquilo. Vamos dar um voto de confiança a este senhor, ele pelo menos fez um dos meus filmes preferidos de todo o sempre: o 4 casamentos. Os actores já se sabe, são os mesmos, o trio maravilha brilha como sempre parecendo serem moldados para a coisa, sendo a estrela claro Daniel Radcliffe que eu só espero que quando crescer não se torne num Macauly Culkin, crescer?...ele já cresceu mais do que devia, só sei que em 2008 quando estrear the half-blood prince o menino deverá aparentar aí uns 20 aninhos mas os fãs não se importam e devem repudiar a ideia de se trocar o actor, eu também acho a ideia horrível, perderia toda a piada o jovem Daniel é já mais do que simplesmente Harry Potter, ele é também a alma da magia universal desta obra. O resto do cast é já o de sempre, o grande Alan Rickman e o de sempre Michael Gmbon para não mencionar todos. Os próximos filmes serão sempre também muito aguardados claro, com o"acordar" da adolescência de Harry, com todas as implicâcias que o seu comportamento pode despoletar, todas as suas crises de bom e mau humor, as suas revoltas e a sua dor física( a cicratiz que nunca o deixa) e espiritual ( a morte daqueles que ama), mas esse ainda falta A ordem de Fénix só chega em 2007, pelo menos é essa a previsão, com realização de David Yates. É fácil gostar dos livros de Harry Potter, mais difícil pode ser gostar dos filmes que nem sempre são grande coisa, não sou grande fã dos 2 primeiros, mas vi o terceiro há coisa de uns dias e gostei mesmo muito. Sabemos que é um filme sobre magia e seres espectaculares, mas os efeitos especiais nem sempre são os mais desejáveis. Gostava de ver um Peter Jackson a realizar um Harry...naa...acho que o senhor não é lá um grande aficionado da saga. Temos pena. Veremos então em Novembro o que nos espera, mais não poso contar mas também não preciso, está tudos nas centenas de páginas de Harry Potter and the goblet of fire.

sábado, agosto 13, 2005

Partida

E porquê voltar? Será pela fantástica sensação que é o regresso, só comparável ao entusiasmo proporcionado pela partida??Talvez. A viagem é sinónimo de viragem (as palavras até são parecidas), esquecemos aquilo que ainda não fizemos, afugentamos problemas, varremos para debaixo do tapete aquelas vozes desagradáveis e opinadoras que só nos oprimem, enfim, é apenas uma fuga com data de regresso que nos prende numa rede fina e intrasponível...aos nossos próprios olhos. Mas o regresso é inevitável, rara é a pessoa que parte para não mais voltar(invejo essas). O regresso traz consigo uma nova pessoa que é a mesma, que se acha agora capaz de lutar encontrando forças nos menores detalhes do seu espírito (os mais grandiosos). Entretanto o dia a dia instala-se, a pessoa que partiu regressa a si, não tem para onde ir(porque as próximas férias ainda vão longe), e o máximo que faz é seguir em frente e procurar ser feliz. Partimos porque nos apetece, regressamso porque tem de ser, porque não temos para onde ir, e sentimos falta daquilo a que não damos valor...a saudade é algo terrível, o mundo afinal não é assim tão grande que nos faça esquecer. Por isso quero tanto voar, ver o mundo de onde mais niguém o faça, percorrer todas as terras, ver todas as caras, sorrir em todas as paragens, falar em todas as linguas. Não peço muito. Só quero ser Deus.

segunda-feira, agosto 08, 2005

2046 só em 2005 (para alguns)

Então não é que 2046 só chega agora ás salas norte americanas??? Por isso é que os tipos têm tanto dinheiro...fazem filmes muita maus nos quais gastam fortunas, e o resultado é:MAIS E MAIS DINHEIRO...são esses os filmes que fazem esta indústria viver e tornar-se cada vez mais poderosa. Por isso não há espaço para filmes estrangeiros, ou mesmo norte americanos que tratem assuntos sérios com grande mestria. 2046 é daqueles a que ninguém fica indiferente, pode não o perceber na íntegra, se é que é esse o grande propósito do realizador, mas quem vê sonha, imagina, divaga,comove-se, questiona-se... O mítico número já existente naquela a que podemos chamar uma prequela de In the mood for love, ganha agora uma nova consistência que sendo tão concreta acaba por tornar-se vaga e motivo para que nos possamo perder nas mãos que guiam a câmara de Wong. Claro que a crítica norte americana trata e bem este novo (para eles) de Wong Kar Wai, porque sabem que as críticas estrangeiras foram estrondosamente favoráveis a este senhor e eles não querem ficar mal vistos, porque cultura é cultura e eles assim sempre podem tirar mais umas ideiazitas. Já é sabido que o box office deste filme não é estrondoso, mas também não é isso que interessa ao senhor, os mestres não precisam disso(embora eu ache que crítica e dinheiro não deviam ser opostos). 2046 vive por si no imaginário daqueles que o viram e confunde aqueles que se deixam apaixonar pela forma humana, pela mente humana, pela humanidade em si.