quinta-feira, julho 14, 2005

O Homem sonha, o Homem realiza

Realizar??Quem me dera... Em vez de realizarem bons filmes, os portugueses limitam-se a tirar partido das obras já existentes e a incluirem-mos nos circuitos europeus que é algo de cultural e superior, dizem os europeus. Já aqueles que vêem os filmes portugueses, os poucos, afirmam tratarem-se de autênticas obras de Arte. Obras que não são mais do que histórias que tentam estar muito à frente do seu tempo, sem as mínimas condições para que isso se concretize. Os nossos filmes ou são obras filosóficas/didácticas, ou filmes de acção que não lembram nem ao Jesus...até ele quando se aventurou na sua obra autobiográfica, aquela com o Pilatos, a cruz, e tal, numa odisseia de baixo orçamento, se saiu melhor com a destruição do templo dos fariseus. A isso chamam os americanos filmes de série B; mas ateñção: não tentemos comparar o nosso universo cinematográfico com o desse gigante. A meu ver, o cinema e a Arte em si, devem preencher dois requisitos, a aceitção da crítica e a aceitação das massas, porque se um grupo restrito pode dizer que sim senhora, é uma obra de arte, porque é que nós - multidão- não temos esse direito?? Se é Arte tem que agradar e vender, se isso não acontece, quer dizer que há algo que não está correcto, e o criador ainda não foi desta que acertou em cheio, talvez ainda não tenha expressado realmente o que lhe vai na alma. Não me venham com aquela do Manoel de Oliveira' o Mestre do Cinema português'...acho no mínimo estranho e revoltante para todos aqueles que não têm a oportunidade nem os subsídios necessários para tentarem também eles se expressarem, e tentarem a sua sorte no cinema. Voltando ao Manoel pois bem, é o Mestre . Mas quantos portugueses veêm os seus filmes?Quantos?Sem contar com os Vip's que vão ás estreias porque é à borla, há cocktail, e fica bem nas fotografias, mostrarem o quanto apoiam a cultura e o cinema português! '...there's a lady who's sure, all that glitter is gold...' Um filme deve ser encarado não como um espelho da vida, mas sim como uma continuação, a tela deve deixar o espectador sonhar, voar, respirar com as personagens, e quando abandona a sala, o sonho deve persistir, na multidão, no vento, nos pingos de chuva arrepiantes, nos edifícios que nos circundam. As deixas mais importantes devem ser relembradas...deve haver um alívio, uma escapatória...e perdoem-me mais uma vez, mas quando saio de uma sessão 'à la Oliveira' as únicas coisas que sinto são as lágrimas a escorrerem-me pela cara, por causa do dinheiro que gastei no bilhete, e as pernas dormentes dadas as três horas mínimas de duração da película do senhor. Por favor não o encorajem, lá porque os outros dizem que o senhor é o melhor não corram atrás só porque os outros percebem muito disto...o cinema não é complicado, normalmente está lá tudo, de uma maneira ou de outra. Por falar de filmes ( não que eu faça outra coisa), por favor vejam estas três raridades completamente distintas entre si: Crash qué é simplesmente brutal, Donnie Darko the director's cut ainda melhor que o anterior, e Batman Begins porque este felizmente não é só mais uma adaptação da BD ao cinema, não, esta é uma história como poucas de um realismo extremo. Se quiserem alguma opinião sobre algum filme em especial, aqui a cinéfila de serviço adorava dá-la, se quiserem discordar de alguma coisa, por favor: Be my guests... E já agora, como uma pessoa que eu muito gosto e admiro sempre costuma dizer: 'Façam-me o favor de serem felizes!'.

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