Desejou o destino que nos desejássemos,
envoltos numa brisa de cor feita de luz,
antes do quente da língua e do arrepio na pele.
Antes da tarde cair em noite,
e o livro caído no banco de trás do carro
pular das tuas, para as minhas mãos.
Foi há um ano.
Lembras-te?
Há um ano, ou tantos mais.
Não me lembro bem do que era antes de te saber por perto
Não me lembro bem do que sentia falta, porque agora só sinto a tua.
Apenas sei que nos conhecemos no dia em que os nossos corações
ganharam força suficiente para bater um pelo outro.
Como se já nos beijássemos em sonhos.
Como se já tivéssemos contracenado no mesmo palco.
Como se já soubéssemos tudo o que queríamos dizer
UM AO OUTRO.
A cena que recriamos hoje, mais não é que um quadro de amor.
A cena que recriamos hoje, nada tem de teatral.
A cena que recriamos hoje é sentarmo-nos no meio dos outros,
mais sós, e apaixonados que nunca.
Trezentos e sessenta e cinco dias.
O tempo medido nas horas, relógio que bate ao compasso do coração.
Trezentos e sessenta e cinco dias.
Juntos, abraçados, sorridentes, esperançosos, sonhadores.
Cativos, maravilhados, atentos, viajantes, amantes.
Sedentos, faladores, compreensivos, e felizes.
Tanto que construímos, tanto para te dizer, e em paz
por saber que tenho toda uma vida para o fazer.
Trezentos e sessenta e cinco dias em crescendo.
Tal como um poema que trata de nos arrebatar
nos seus últimos versos, e nos faz beber o mundo de um trago só.
Trezentos e sessenta e cinco dias de plenitude.
No meu coração e na minha alma.
Uma paz que sinto todas as noites no entrelaçar dos nossos braços.
Trezentos e sessenta e cinco dias,
em que voei contigo estrada fora, aninhada nas asas
fortes e corajosas dos nossos sentimentos.
Trezentos e sessenta e cinco dias que me completam,
me fazem acreditar no divino e afirmar que:
A perfeição existe quando nos deitamos e os nossos
corpos, sem querer, se moldam como ferro ardido.
Por tudo o que existe, e por tudo o que falta escrever.