segunda-feira, abril 04, 2011

Uma tarde como outra qualquer

Uma luz seca que força uma amena sensação.
Raios chuvosos que nos refrescam entre batimentos de coração.
Uma manhã sonolenta que desemboca numa refeição terna e doce e num deitar quente e prolongado. E amamo-nos, como se a janela do quarto estivesse virada para o Paraíso. E amamo-nos como se as estações do ano nascessem e morressem em algumas horas. E amamo-nos como se os nossos corpos entrassem e saissem do nosso ser. E amamo-nos por longas horas em movimento e em progressão, em luz e escuridão. E amamo-nos como se as nossas vidas disso dependessem. E amamo-nos como se o Universo entrasse dentro de nós enraizado nos nossos cabelos, nas pontas dos dedos, nas línguas ávidas. E amamo-nos sem medo, sem reservas e sem rivalidade. E amamo-nos mais e mais, sempre mais, sempre mais do que ontem e menos que amanhã, sempre mais e mais fundo. E amamo-nos sem dar tréguas. E amamo-nos sempre porque sempre nos parece pouco demais.

1 comentário:

DVS disse...

E amamo-nos impelidos pelo girar do mundo e pelo bater dos nossos corações.

E amamo-nos porque não existe outra opção para o que sentimos. E amamo-nos como se o mundo acabasse hoje, assistindo entrelaçados ao seu último pulsar.

E amamo-nos, como visceralmente afirmas, hoje mais do ontem mas menos do que amanhã.

E amamo-nos com as palavras de Emily Dickinson para te ajudar a adormecer. Eu estou aqui e não vou a lado algum.

"the world is not conclusion
a sequel stands beyond
invisible as music
but positive as sound
it beckons and it baffles
philosophies dont know

if I can stop one heart from breaking
I shall not live in vain
if I can ease one life the aching
or cool one pain
or help one fainting robin
unto his nest again
I shall not live in vain"

Emily Dickinson