segunda-feira, outubro 03, 2011

Aguarela

Começa por ser uma mancha de cor, difusa à espera de contorno.
É criação no vazio, e atribuo-lhe significado quando está prestes a chegar ao seu fim.
A mancha é ausência de corpo, ausência no gesto e ausência de coragem.
A ponta dos dedos ajuda a espalhar a ideia que se quer margem de um mar calmo e espumoso, da mancha nasce um traço, do traço uma figura sem pretensão de ser imortal.
E do que se faz, nasce a inspiração. É nisso em que acredito.
Não nos deixemos guiar pelo vazio.
Nunca deixemos de percorrer um caminho por recear o lugar onde podemos ser levados.
Não abandonemos os fantasmas, porque vamos precisar deles se queremos ficar mais fortes.
Não os expulsar todos os vícios do nosso dia a dia.
Não nos limitemos a obedecer a regras, as regras nem sempre são claras.
Não deixemos de dizer o que sentimos, e principalmente o que não sentimos.
Não nos esqueçamos que a ousadia, permite que o nosso coração se inflame.
Não paremos de correr, quando estivermos perto de perder algo importante para nós.
Não nos esqueças de nos dar à Vida, e ao outro.
Não nos esqueçamos de colorir a vida com aguarelas que são cheiros, emoções, palpites, memórias, batalhas perdidas, barcos à vela, altares de flores, poemas sem palavras e gostos apurados.
Flutuemos no rio, sem deixar a vida passar no vazio.

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