sexta-feira, janeiro 22, 2010

Nove

às vezes o gato é morto pela curiosidade (ahaha tão bom trocar os complemetos directos, pelos indirectos)!
Foi um dia imenso, longo, de leituras e descobertas, redescobertas e no final apeteceu-me um filmezinho, o musical foi a escolha.
Começa a preto e branco, com um close up de Guido Contini, interpretado pelo Daniel Day Lewis, um realizador de cinema que está a atravessar uma grave crise de criatividade.
A premissa: inicar as gravações do seu filme já anunciado à comunicação social "Itália"...o guião, não existe, a musa não sabe o que dizer, a pessoa responsáel pelo guarda roupa não sabe o que costurar, os produtores não sabem a quem ligar e Guido não sabe onde se inspirar. Tenta em todas as mulheres da sua vida, a esposa, a amante, a musa, a prostituta que lhe ensinou os valores de um bom italiano, a mamma, e a sua costureira..nisto vem também atrelada a jornalista da Revista Vogue americana! E Nove é sobre elas.
Rob Marhall diz-se inspirar no cinema de Fellini, no filme uma das personagens fala em "Neo- realismo", mas este musical é pobre em magia. Vive de pequenos momentos aqui e ali engraçados, mas que não passam disso mesmo, nenhuma sequência musical é genial, não há uma abertura como em Chicago ao som de "All that jazz" e às vezes tudo o que se precisa é de uma boa entrada. Não existem grandes interpretações, porque todas as aparições são demasiado curtas e todas as personagens demasiado estereotipadas. Falta o magnestismo do musical, falta um final electrizante e nisto bato na mesma tecla, o final de Chicago é de arromba cheio de energia, e Nove não.
Porém Nove é uma homenagem ao cinema, em forma de musical, é o modo encontrado para dizer que o Cinema nasceu para ser visto e que as palavras só servem para o matar, Nove é sobre a busca mais do que da inspiração, a busca pelo equlíbrio e pela adrenalina de sentar numa cadeira de realizador.
É comovente o final, desprovido de imagens magnetizantes, apenas o criador na sua cadeira lá do alto, acompanhado pela sua alma de criança que não quiz crescer.
As cenas memoráveis ficam a cargo do emotivo desempenho de Marion Cottillard ao cantar "Take it all" e de Nicole Kidman em "Unusual way", a decepção vem do momento musical de Fergie, que canta como ninguém o tema mais forte de toda a obra e é tão pouco encenada, tão pouco aproveitada. Melhor é mesmo a parte da cena a preto e branco em que vemos Saraghina a brincar com os "little italian devils" que depois serão veemente castigados...e a lufada de ar fresco é a luz de Kate Hudson com "Cinema italiano" que embora mais pareça um videoclip realizado pelo mesmo senhor que faz os anúncios da Martini, possui energia e empenho por parte da actriz.
De resto, Penélope não deslumbra a fazer o papel da amante burra, espalhafatosa e pouco desembaraçada (se bem que parece inspirar-se na mandona da Anna Magnani), e há depois as senhoras donas da palavra Mulher: Judi Dench e Sophia Loren, que são como as grandez actrizes do cinema mudo, nem precisam dizer uma palavra.
Nove...torna-se o nome de "Itália" E MAIS NÃO DIGO.
Vejam :)

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