sexta-feira, novembro 02, 2007

Um Capricho Chamado Elizabeth

Se há sensação maravilhosa nesta vida é a de ver as nossas expectativas para lá de correspondidas, sim, porque este Elizabeth the golden age é simplesmente luxuosamente envolvente, como que um sonho que visto numa tela nos aprisiona e lá ficamos, e por lá queremos ficar.
Shekar Kapur não precisava de fazer este filme, havia feito o já tocante Elizabeth, mas esta nova aventura revela-se um capricho requintado e ainda mais esteticamente apurado que o seu antecedente, um verdadeiro filme de época, um hino à beleza e ao simbolismo históricos. Visioná-lo é como sentir que Bollywwod entra no período isabelino pela cor empregue e, que as forças do Bem e do Mal existem de facto e que figuras incontornáveis da História são mesmo pessoas inalcançáveis, prisioneiras de uma liberdade deveras controlada pelos deveres e obrigações
São notáveis as gigantescamente arrebatadoras cenas em que Cate Blanchett exprime culpa, hesitação, amor e ódio, ou as cenas em que a mesma actriz emprega toda a sua força em discursos precisos e concisos, carregados de humor e sentimento, uma verdadeira musa esta Cate capaz de fazer sobra a todo o restante elenco, muito menos presente. Este realizador, revela-se soberbo ao roubar as cores, a luz, a nitidez do nosso imaginário e aprisioná-lo na tela, e faz deste filme uma obra esmagadora, hipnotizante capaz de secar a fonte das palavras. Notas máximas para todos os elementos técnicos deste filme, fotografia, guarda roupa, caracterização, banda sonora, todos eles conjugados na recriação de uma tela que ganha vida com as captações de imagem sejam elas fruto de movimemtos circulares em torno das personagens, sejam elas à distancia abrindo campo a um mundo para que este se transforme num majestoso universo. Desta vez Shekhar Kapur entra ainda mais no interior desta figura, abrindo o seu filme a umuniverso mais alargado espacialmente, porém a falha sente-se na composição das restantes personagens. Outro ponto a seu favor é a boa gerência do factor tempo, e não há nada melhor do que ver um filme sem nos sentirmos minimamente cansados por díálogos, ou cenas de guerra, ou cenas ternas, ou planos simplesmente feitos para nos deixar repousar. Esta obra entra ainda num jogo simbólico, entre religioso e profano, entre sagrado e terrível, entre luz e escuridão, Elizabeth chega a vencer Deus, ganhando contornos icónicos. De notar ainda a maravilhosa alusão ao culto mariano do qual a figura da rainha é portadora, do início ao fim da obra. Se Elizabeth tem defeitos, é possível, mas existem filmes feitos para nos deixar levar, este sonho é prova disso.

1 comentário:

Daniela Lopes Moura disse...

Digam o que disserem, eu gosto muito deste filme, está no meu top particular. Gosto mesmo muito, muito. O filme é grande, as interpretações são grandes, a banda sonora é extraordinária... I just like it!!!