sábado, setembro 01, 2007

Um ultimo abraco e podes ir

O tempo tudo destroi. O tempo tudo destroi. O tempo tudo destroi.
E nao porque me faz esquecer,
e nao porque nos deixa morrer,
e nao porque o tempo demora muito tempo.
O tempo tudo destroi porque nos faz chegar depois de outro alguem ter chegado e ocupado o nosso lugar " um feroz adeus".
O tempo tudo destroi porque mente, distorce, inverte,
o tempo tudo destroi porque se deixa desfazer na chuva sem que o possamos contabilizar.
O tempo tudo destroi porque numa noite fria num lugar quente, um olhar nao bastou para que fosse trocado adoradamente.
O tempo tudo destroi porque porque e com Ele que aqueles de quem gostamos partem, e e com eles que passamos o tempo quando eles estao ao nosso lado.
O tempo tudo destroi porque o tempo fez o carro dele andar mais depressa quando eu corria a pe, implorando-lhe que ficasse comigo "so hoje, so hoje", implorando-lhe que pusesse o pe no travao e deixasse de me ver cada vez mais longiqua no retrovisor.
O tempo tudo destroi porque numa tarde de fim de Verao fi-lo prometer-me que nao olhasse para tras enquanto se afastava de mim e seguia na direccao oposta a do meu corpo tremeluzente e gelido, porque assim eu saberia o quanto "ele me amava" e eu estava a ama-lo ainda mais por deixa-lo ir passar o seu tempo com aquela que chegou antes de mim.
O tempo tudo destroi,
e por mais violinos que toquem ao vento,
e por mais pianos pregados ao chao que eu escute presa por fios,
ficarei sempre a sos com o tempo,
eternamente abracada a ele, eternamente afastada daquilo que ele prometeu aproximar.

3 comentários:

Prometheus disse...

Time never go back...

Antes de destruir, constrói. É nesse tempo que temos que incidir e é nele que queremos viver.

beijo de boa noite*

Princesa

Anónimo disse...

o tempo nem tudo destroi!

Princess Aurora disse...

A proposito da frase "o tempo tudo destroi", esta nasce do visionamento do filme Irreversible, tudo o resto e nao uma experiencia vivida, mas relatos descritivos de situacoes mais ou menos sentidas.

"O poeta e um fingidor", eu limito-me a tentar ser as duas coisas!!