E porque tudo o que vejo, vejo como nos filmes. E porque tudo o que fazemos e sentimos pode ser recordado nas asas de um caleidoscópio em pleno movimento. Se há "acção" eu revelo por aqui.
sábado, abril 15, 2006
A beleza ao nascer do dia
...e eu não me lembro do meu nome.
Vivo porque escuto o bater do coração, essa preciosíssima caixa de música (in)quebrável, essa melodia para ouvidos meus, essa calma...
...e eu não...
E o rio segue o caminho lenta e sanguinariamente, enquanto rasga a terra profunda e esquecida.
E eu sigo o rio por pensar que ele me leva onde quero ir, mas não...ele sem querer sabe para onde vai, eu querendo não sei para onde sou levada.
Quero ser vermelho e banhar de sangue as caras feias do mundo, incomodar as almas dos melévolos, aliviar a dor dos que sofrem em silêncio(porque em silêncio não se faz sofrer mais ninguém).
... me lembro do meu nome...
Quero ser como ela, morrer a tempo de me ver (re) nascer, quero arder...melhor quero que me vejam arder e (re) erguer-me das cinzas ardidas que alguma coisa purificaram.
Quero ser tela, sentir o artista a vislumbrar-me por entre as linhas do pano branco, ver-me em noites acordado porque o enfeitiço, o confundo, o transtorno, o satisfaço.
Quero ser manhã e amanhecer na beleza dos sentidos, na exactidão dos raios de Sol, no amarelo da aguarela que ao se misturar com água se amantiza com o toque e se esvai sofregamente.
Quero esgotar-me, sentir exaustão, e continuar porque esgotamento e exaustão acalmam.
...e eu não me lembro do meu...
Esquecer.Esquecido. Esquecimento.Esquecida.Esquecidamente.
...nome...que chamam, que não é meu, que não sou eu, que sou outro que choro por dentro (em silêncio)...porque toda a beleza tem um fim.
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