E porque tudo o que vejo, vejo como nos filmes. E porque tudo o que fazemos e sentimos pode ser recordado nas asas de um caleidoscópio em pleno movimento. Se há "acção" eu revelo por aqui.
sexta-feira, abril 28, 2006
(entre) tanto
(Entre) tanto fico sem perceber se sou uma força do Mal ou se sou apenas uma vítima dele?...
Tanto (entre) as luzes que se escondem por entre os véus da deusa obscura que não me deixa ver e adormecer, porque eu vejo em sonhos, e nós nunca daríamos certo porque eu sou muito ganaciosa e tu cioso da minha ganância, não te deixas dormir.
Eu não quero dormir, apenas adormecer, não quero ser a continuidade da inexistência, os suspiros lamentosos de uma cria ensaguentada, o uivo de um vulto esbranquiçado que se esquece de soprar e vive para me ver chorar. Eu quero matar para não morrer, embora ao fazê-lo estou também eu já morta, se é que alguma vez vivi.
Quero?
A vontade é-me estranha, por vezes perco-a, alimento-me da dos outros, renego os sentidos e deixo-me absorver pela manifestação física do corpo. Confusão? Não. Perfeição.
Na noite, a vida torna-se morte. E apraz-me, seduz-me a ideia de inexistência mantida por breves longos momentos, como se algo de dentro de mim deixasse de ser, como se o ar deixasse de me entrar nos pulmões, um sussurro, um arfar, um momento breve, longo, rápido, lento, frio, morno, um coração...qual?
Um, dois, nenhum, será preciso o coração?Já ninguém o usa.
O perfume intoxicante começa a fazer efeito, vejo tudo de uma cor nova, é tudo feito de um amarelo gelado...e eu voltei a abrir os olhos. Que vejo eu? Tudo. Nada.O gelo do amarelo.
Que vês?
Não responde.
Não vê?
Não quer ver.
Não sinto. Não o sinto. Perdida.
Entretanto volta, mas a cor essa mudou.
Já não gosto dela. Tanto entre ela e eu que já me esqueci de que cor é o amarelo gelado.
segunda-feira, abril 24, 2006
Parabéns meu Anjo
E há dias em que me sinto positivamente feliz, sem medos, como se a sombra já lá fosse longe e me tivesse desprendido para eu poder enfim respirar, voar, desmaterializar!
Fim do desabafo...
Mas o que me leva hoje a escrever não é uma sombra, é um anjo, um anjo que como todos os anjos, caiu, mas que cedo se ergueu.
Ele sabe que é um anjo, ja lho disse, mas ainda não tinha partilhado.
A queda dos anjos é algo fundamental e miraculoso: um estrondo, uma cratera manifesta-se na escura e fria terra, um jacto de luz, e um homem, ja não é anjo porque as asas cairam, desintegraram-se, e voltam a nascer em breve rápida e docemente.
Eu já vi um anjo a cair, mas melhor que isso, vi-o a voar, e um anjo quando voa é algo de maravilhoso, tão ou mais maravilhoso do que todas as belezas deste universo.
Não chorar, não baixar os braços, lutar, lutar, é esta a mensagem que lanço ao mundo dos homens, é esta a mensagem que te deixo este dia tão feliz, que eu quero que seja feliz para ti, memorável, digno de recordação, de celebração!
Oh meu anjo querido se tiveres que cair de novo, chama pela tua aurora, grita pela Humanidade, diz o que tens a dizer, esgota as tuas forças, queima as folhas de papel, lava a tua alma, anda pelo teu caminho...porque tens um mesmo à tua frente, só tens que o descobrir por entre os arvoredos.
Se nada disto te apaziguar sussura-me que eu apareço, choras no meu ombro, mas por pouco tempo, porque quero ver-te sorrir, sempre, hoje, amanhã e por todos os aniversários da tua vida!
**Feliz vigésimo primeiro aniversário**
(a imagem escolhida não é descabida de todo)
quarta-feira, abril 19, 2006
Enquanto puder
"This is the end...
my dear friend..." já dizia Jim Morrison numa das suas noites de criação, noites altas, enfumaradas e alcoolizadas, noites de inspiração, de sonhos, de voos mais altos do que aquilo que as asas muitas vezes nos permitem alcançar. Quanto mais voamos, mais vivos nos sentimos, as crias ganham essência e independência, caiem do nosso regaço, ganham forma e libertam-se de nós, é agora delas a vez de voar.
Todos temos a isso direito, não nos deve ser negado, não nos deve ser tirado.Porque pior do que não ter é deixar de ter, não há nada de pior para o Homem do que ter algo, e no momento seguinte perdê-lo. O sentimento de perda é das piores coisas de que tenho ideia, escrevo por experiência própria, porque mentir e escrever não é uma combinação saudável, embora como já dissesse Pessoa:" O poeta é um fingidor", talvez no fundo não seja só o poeta aquele que finge, o poeta somos todos.
Todos nós somos poetas mal ou bem, todos nós sentimos, por isso de poetas todos temos um pouco, tal como de loucos. Mas não confundamos os conceitos, o poeta é quele que sente as palavras a brotar de dentro de si, acorda de noite para apontar duas ou três linhas que se vão transformar, ou não, que ficaram guardadas como que fósseis se à espera de serem encontrados por debaixo da terra e mostrar ao mundo todo o seu esplendor.
Comecei o texto com dois versos ou uma linha (consoante a métrica a adoptar) de Jim Morrison porque ele era um poeta e um louco e por ser isto não tenho dúvidas de que ele sentia (todos nós sentimos), mas Jim sentia aquilo que o mundo não o deixava espelhar. Usou a excentricidade e as modas da época (algumas que ele ditou), para revelar o seu interior, interior esse que mesmo assim se mantém preservado numa concha (outro fóssil). Jim incendiava, encadeava, renascia, bebia da vida os líquidos funestos, poetizava.
E se as asas gritam "És louca!", eu respondo "Enquanto puder..."
segunda-feira, abril 17, 2006
2006 vai já no seu quarto mês e só agora surge algo de refrescante nas salas portuguesas. Spike Lee é o culpado desta proeza, diga-se de passagem porque este não é mais um filme de mindgames (obrigado Pedro por essa), de twists, e intrigas policiais.Não senhor. Inside man ou Infiltrado como preferirem é uma comédia...a meu ver com laivos de triller e joguinhos(psicológicos...).Comédia porque não esxiste um diálogo nesta obra que não seja inteligente, não existe um diálogo que não nos faça rir, e não há um diálogo que não seja provavelmente indicador de algo. O mesmo se aplica a cenas, acções (por mais pequenas que sejam), cenários, pormenores, enfim tudo o que se possa imaginar.
A cena de abertura é genial e de facto está lá tudo, claro que o público (que nunca é estúpido) só se apercebe disso no fim, ao som da voz de Clive Owen (voz colocada e calma como convém a um assaltante de bancos) que se repete mas agora com uma linha de entendimento que o público (aquele que não é estúpido) já pode seguir e fá-lo inevitavelmente.
É sem dúvida um filme de interpretações, o incontornável Denzel Washington brilha inescapavelmente nesta obra, ofuscado em momento pelo não menos brilhante Clive Owen e pela sempre correcta e implacável Jodie Foster (como lhe ficam bem papéis de Senhora poderosa!), ah e Christopher Plummer embora um pouco "apagado" também dá as suas cartadas. Ainda relativamnete ao elenco uma pequeno achega...num papel secundariozíssimo temos Willem Daffoe...mas porque é que sempre que eu vejo este homem o imagino com uma coroa de espinhos??!!
Mas deixando esta parte de lado, falemos de música de fundo, a película brilha magestralmente aos acordes de sons meio árabes e hip-hop (uma misturada que resulta na perfeição), contrastados com sons "à la Hollywood" de suspense.
O tema de fundo que à partida é um assalto, à partida repito, tarnsforma-se numa incursão numa América (ainda) pós 11 de Setembro "we never forget", movida por forças exteriores a ela e que sobrevive graças a elas, essas forças são pessoas diferentes, mas pessoas que podem ser ladrões ou reféns...e as canetas podem ser preciosas durante 30 minutos....
Uma reflexão sobre os conflitos raciais de um país que os promove recriminado-os e os recrimina promovendo-os..uma e outra não são a mesma coisa!
Ah e não esquecer que profissionais de alta qualidade e que escolhem cuidadosamente as palavras que usam, só abandonam o local de trabalho quando o trabalho está feito.Done.
sábado, abril 15, 2006
A beleza ao nascer do dia
...e eu não me lembro do meu nome.
Vivo porque escuto o bater do coração, essa preciosíssima caixa de música (in)quebrável, essa melodia para ouvidos meus, essa calma...
...e eu não...
E o rio segue o caminho lenta e sanguinariamente, enquanto rasga a terra profunda e esquecida.
E eu sigo o rio por pensar que ele me leva onde quero ir, mas não...ele sem querer sabe para onde vai, eu querendo não sei para onde sou levada.
Quero ser vermelho e banhar de sangue as caras feias do mundo, incomodar as almas dos melévolos, aliviar a dor dos que sofrem em silêncio(porque em silêncio não se faz sofrer mais ninguém).
... me lembro do meu nome...
Quero ser como ela, morrer a tempo de me ver (re) nascer, quero arder...melhor quero que me vejam arder e (re) erguer-me das cinzas ardidas que alguma coisa purificaram.
Quero ser tela, sentir o artista a vislumbrar-me por entre as linhas do pano branco, ver-me em noites acordado porque o enfeitiço, o confundo, o transtorno, o satisfaço.
Quero ser manhã e amanhecer na beleza dos sentidos, na exactidão dos raios de Sol, no amarelo da aguarela que ao se misturar com água se amantiza com o toque e se esvai sofregamente.
Quero esgotar-me, sentir exaustão, e continuar porque esgotamento e exaustão acalmam.
...e eu não me lembro do meu...
Esquecer.Esquecido. Esquecimento.Esquecida.Esquecidamente.
...nome...que chamam, que não é meu, que não sou eu, que sou outro que choro por dentro (em silêncio)...porque toda a beleza tem um fim.
domingo, abril 09, 2006
Operação coelhinho da Páscoa (continuação)
- Daqui gatinha do matagal escuto!
- Branca de neve agente 277 escuto.
Aguardo coordenadas superiores para começar a busca, escuto.
- As coordenadas são: descida de rampa a velocidade bastante moderada a fim de visualizar o veículo suspeito de matrícula shsksskshssksksdhh....
(interferencia)
- Escuto, mensagem mal recebida, abortar missão?
- Abortar missão (era então não era?), fora de questão, as ordens foram bem claras, procurar até à exaustão, não vá o suspeito contactar com o inimigo, escuto.
- Escuto, fico então a aguradar novas coordenadas, só mudo de turno às 4 da manhã até lá há muitos mapas a analisar e situações a prever, over and out.
À vontade, gatinha do matagal agente 278, over and out!
sábado, abril 08, 2006
"...a tua alma alegre que patina no meu vapor..."
Existem dias que nascem só para nos enriquecerem, ontem fui muito rica para a cama(que de si não é nada de especial: apenas o facto de ser a minha cama).
Sabia lá eu que o encontro com uma pessoa (conhecida há tantas eternidades, que relógios comprados não serviam para contar todos os segundos), ela emprestou-me um livro que a partir de agora fica retido na minha memória por todo o devir, a obra chama-se No dia em fugimos tu não estavas em casa da autoria de Fernando Alvim...esse Senhor!
Sempre engracei com o rapaz, com o seu humor fora dos parâmetros, o seu cabelo algo desalinhado e estranho (convenhamos), as suas piadas que parecm fugir aos cânones do bom gosto mas que intimamente fazem rir o nosso âmago, mas desconhecia redondamente, ou será quadradamente(?) esta sua faceta pura e vivida.
"Quero que saibas que a minha paixão por ti é orfã de pai e de mãe mas vive feliz na casa do Gaiato." F. Alvim
Ai pessoa que me deu o livro a ler...Bem hajas, apetece-me dizer-te mil e duas coisas mas as palavras às vezes são assim marotas e parecem ter vontade própria fugindo da ponta dos nossos dedos escondendo-se nas membranas dos hemisférios do nosso cérebro...há que aguardá-las e zás usá-las e usá-las, sim porque não acredito em escrita por pré esquematização, a escrita surge, do nada e do tudo, podemos sentar-nos à frente de uma folha branca sem ideia alguma, e no segundo que se segue imediatamente, termos tantas ideias capazes de nos dar uma valente senhora dor de cabeça, e aí é mau, é árduo conciliar beleza a organização...quando isso acontece é respirar fundo e contrariar as palavras, fazermo-nos de difíceis e saber dizer "Não!"...elas gostam disso!!(private joke)
Claro que não podia deixar de mencionar os 2 Cd's desse filósofo optimista céptico dos nossos tempos...ouvir aquilo que já sabemos em composições haroniosas ritmadas e esgalhadas (adoro esta palavra) com rimas e vogais que só um Deus musical poderia criar!
Sim ele é um Deus!
Mais uma vez o meu muito obrigada.
Tu minha linda pessoa, és isso mesmo linda, forte e senhora de sim mesmo, tens planos, sonhos, medos e manias, tudo isto faz de ti um ser único (ok cada ser humano é único) mas a tua unicidade não se resume a caracteristicas estereotipadas que nos habituamos a realizar mentalmente e a escrever mecanicamente nos profile comments do Hi 5..do you know what I mean??
Se agora é um momento menos bom, o que acho que está verdaeiramente no final dos seus dias, "enquanto houver estrada para andar", tu só tens que seguir um caminho seja ele qual for,"...sempre em frente não se pode ir muito longe..." seja qual for o resultado que daí nasça, pensa assim: tudo tem um propósito(cada dia penso e acredito mais nisso), talvez tenhas algo de grandioso à tua espera, aqui ou ali, ali ou acolá, se tiver que ser lá a vida encaminhar-se-á de te lá levar, tal como o vento leva o pólen de uma flor para a outra sem fazer qualquer tipo de perguntas sobre a paternidade do rebento ou sequer se ele tem condições para a sustentar!
O vento sabe por onde seguir, ninguém lhe diz nada, tu não precisas que ninguém te diga nada, segue, faz isso...já diz o outro "viver todos os dias cansa", se o faz é porque não vive, limita-se a estar e isso cansa porque não te chega!
(citações de Fernando Alvim, Jorge Palma, Pedro Paixão e Saint Exupèry)
segunda-feira, abril 03, 2006
Paragem no tempo
...o som ritmado ao compasso do bater do coração que bate, bate, cada ves mais e mais depressa.
Conegues ouvi-lo?
Retém a respiração, retém, retém...suspira, o olhar que se se fecha, o movimento que se repete, o rodopio de luzes apagadas, pára. Recomeça e pára, esvai-se e pára de novo.
O cheiro que se entranha na pele como se dela nunca tivesse saído e que teima em não desaparecer, o cheiro que fica e que recorda...ah como o faz tão bem.
O toque pausado, e suave, que se contrai e foge, escorre e harmoniza.
...eu sei que voo para cair, e que caio para voar, que me calo para cantar, que canto para me calar ( canto quando estou feliz, e estou feliz quando canto), espero para ter, e tenho para esperar, ouço para (re) agir, e (re)ajo para ouvir, dou para receber, e recebo para dar, dou para ver a felicidade nos olhos do outro e saber que sim, ele sopra-me nas pálpebras no vazio( private joke, can't help it)...e saber, tenho um plano maior do que viver.
...o início, é bom começar pelo início, parece já tão longíquo...tão vago, tão bem amado...
...os planos, as horas, os minutos, os segundos...tic-tac,tic-tac..já nenhum efeito tem.
...o meio, o momento, a adoração, a alegria da hora chegada, o silêncio que tudo diz...
...o azul do céu e do mar, a inconstância do corpo, a calma aparente, o respeito, o valor...
...o fim, não até nunca mais, e pensar...
Não quero pensar, quero ficar inconsciente, quero que este seja o último dia em que penso, ou pelo menos o último em que ultimo este penasamento.
Confusão?
Algo entre...
Entre algo...
Acreditar...
Eu acredito, sim todos os dias, ao entrar em casa.
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