terça-feira, janeiro 24, 2012

Pensa pequena, pensa.

Os raios de sol penetravam as horas do dia que ainda ia a meio. Da janela avistava pessoas minúsculas que andavam rapidamente para fugir do frio, e pombos que se ajustavam ao passeio. A chávena de café libertava vapor que embaciava o vidro da janela e criava uma penumbra mortal que se desvanecia pouco depois.
Os dedos que tocavam a chávena aqueciam o resto do corpo e a franja teimava em desfigurar a paisagem com laivos morenos a pairar pelo ar. Pensava numa forma de criar o que estava por criar. Num momento antecipado, sonhou um futuro, com viagens, risos e experiências. Viu flores e o recheio de um bolo. Imaginou nomes, e viu-se perdida numa tempestade. Num momento fatídico, pensou na dor, e na alegria transbordante, no cheiro a pés de bebés, e numa sesta cálida. Há coisas que se fazem descaradamente, outras que se disfarçam, ou simplesmente não são proferidas, esta é uma delas. Navegar por águas mais tumultuosas por gosto, criar rugas de riso, alimentar a esperança com dias de plenitude. Transbordar de orgulho pelo que se sente, por aquilo a que se é fiel, e por saber que a luz de dias como este não se vão jamais extinguir.

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