quinta-feira, agosto 12, 2010

Deveres

Devemos correr atrás do que queremos. Devemos sempre prestar atenção ao que nos rodeia, a quem nos rodeia e a quem rodeamos. Devemos perdermo-nos para nos voltar a encontrar. Devemos deixar sempre a porta entreberta para que os fantasmas percebam que não os tememos. Devemos repetir sempre aquilo que já sabemos que o outro sabe. Devemos deixar que as oportunidades não escorram por entre os nossos dedos. Devemos partilhar o pouco que temos, para que o pouco se transforme em algo grandioso. Devemos morrer se queremos renascer, sem deixar morrer o calor que emana do nosso coração acorrentado à carne fria. Devemos beber do suór da Lua, cantar com as lágrimas secas do Sol, maravilharmo-nos com o odor das estrelas em noite escura e quente, devemos fechar os olhos para assim vermos toda a uma vida. Devemos contemplar o Vazio que sentimos engrandecer-se na derrota dos nossos actos. Devemos deixar o Vazio instalar-se, comprazer-se na nossa dor, deixá-lo mais um pouco. Devemos apelar às forças que já não acreditamos ter, alimentá-las do que de bom ainda possuimos, pegar na espada da Vitória e despedaçar o Vazio, deixá-lo ir com a brisa fresca da saudade e sair vitorioso no seu lugar. Devemos partir, se nunca abandonarmos o nosso lugar. Devemos ficar, se nunca tivermos vontade de partir.

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