quinta-feira, abril 03, 2008

Boas intenções

Já alguém pensou que a nossa capacidade de escrever abranda a rapidez dos pensamentos e ajuda-nos a ir de encontro aos nossos sentimentos.
Eu já.
Sejamos justos, vivemos num mundo no qual a acção se sobrepõe à intenção e ainda bem que assim é.
Ao escrevermos podemos acreditar que estamos a abrandar, que podíamos estar a fazer outras coisas, mas no fundo mais não estamos a fazer que a compreender-nos: apontar num post-it um número de telemóvel, fazer a lista das compras, escrever uma carta de amor, um apontamento na margem do nosso livro preferido, assinar um contrato. Tudo são marcas da nossa passagem, são documentos biográficos.
Quando escrevem?
Quando estão felizes, com tempo, sem ele?
Escrevem quando estão tristes, escrevem na secretária, escrevem durante uma palestra enfandonha, no vosso canto, à noite, a meio da manhã quando vão beber café a algum lado?
Gosto de escrever independentemente de todas estas condições, não sei porque o faço, mas sei que é a força de expressão que me move e talvez a expressão pela qual melhor me revelo, pelo menos a escrever sai tudo da garganta secante...tic-tac, tic-tac...claro que existe muita coisa que não se escreve, essas prefiro dizê-las para que estranhos não as leiam algures.
O que acho realmente é que não devemos escrever somente quando temos coisas para dizer, isso é errado e não foi para isso que se fizeram as palavras, as palavras sob a forma escrita servem para nos ajudar a reflectir, fazer com que a roldana do pensamento não encrave.
Nos filme, nas canções, nas obras de arte, nas cartas que são lidas silenciosmanete embora lá dentro estejamos a proferir cada sílabazinha. Nos filmes quando se lê um poema para si mesmo ouvimos a voz do actor, se tivermos de salvar a vida de alguém e esse alguém seguir à nossa frente e estiver de costas temos de falar, até gritar, pois não há tempo para escrevinhar um aviso no bloco de notas.
Ler é bom. Escrever é melhor. Falar é imprescendível.
Quero deixar esta ideia porque às vezes fico com a noção de que ao escrevermos nos escondemos por detrás de uma cortina qualquer, como se nos tivéssemos a desculpar por algo, escrever faz parte de mim e longe desta minha pessoa renegar ou tentar impedir tal acção, preciso de escrever como quem precisa de beber água quando tem sede (e já notaram que às vezes não percebemos que temos sede e no entanto o nosso organismo está sedento...)

3 comentários:

l00ker disse...

lol...acho piada às palavras que seleccionas para mostrar o que te vai na alma porque me revejo em muitas delas. A propósito da escrita e de mais este belo post, vou aqui deixar-te uma pequena história que achei curiosa, quando a li. Quando perguntaram ao Bono (vocalista e compositor de muitas das canções dos U2) donde lhe vinha a inspiração para escrever as letras que compõe, ele respondeu mais ou menos por estas palavras:

"Nem sempre há inspiração para escrever. Normalmente quando as pessoas não têm um tema e não se lhes ocorre nada, não escrevem. Eu escrevo sobre isso, sobre o nada, e às vezes temos um resultado surpreendente."

Bjinho ;)

Princess Aurora disse...

Ah o Bono sabe!
Sim concordo plenamente com essa ideia, acredito que para muitos de nós escrever tornou-se uma necessidade diária independentemente do estado de inpiração, físico ou até mesmo da alma!
Eu cá escrevo sempre, nem que seja para treinar a caligrafia, lol

Ah e por falar em Bono tenho MESMO de ir ver o U23D que ouvi dizer que é mesmo MUITO DO BOM!

BEIJOS

A Mona Lisa tinha gases disse...

Nini!
Miss you a lot.
Esta nini está oficialmente pobre e sem passe. Mas podemos sempre ver-nos na fac. Manda mail para combinarmos, cool?

Muitos beijos