Pânico. Suores frios. Susto. "Isto devo ser eu cheia de sono." Pânico renovado. " Ah isto é a brincar certo?"..." Mas afinal que m**** é esta!!??"
Foi este o desfile de reacções que deixei flutuar pela passadeira vermelha dos meus receios mais profundos ao ler notícia de tal gravidade "
A última Premiere sai a 4 de Outubro".
Sempre me disseram que quando um projecto já não tem asas para voar, é cortá-las, para que novas crescam saudavelmente e ainda mais belas e resitentes, mas aqui a parte da frase em que se lê " já não tem" é uma afirmação falsa.
Posso não ficar admirada por saber que não se trata esta a revista que mais se vendeu no nosso país, mas que p***a é a única que posso consultar de modo a inteirar-me do panorama nacional e internacional no que toca a cinema e festivais, e de grande importância: é onde leio as críticas feitas aos filmes, críticas essas que tantas vezes me enfureceram, me suspreenderam, me fizeram apreciar novos pormenores, me fizeram rever filmes para poder contestar à vontade, e me fizeram perceber que mais do que gostar de ver filmes, podemos também gostar de gostar de filmes, e agora que tenho eu?
Eu digo-vos o que é que eu tenho: RAIVA!
De facto como escrevi algures, tudo o que é bom neste país é sol de pouca dura, agora sem revista de cinema continuarei a recorrer a revistas internacionais, à internet (pois claro), mas gosto de folhear revistas, adorava o meu ritual no qual comprava a
Premiere, me sentava numa mesa de café e a folheava, uma primeira vez de relance, e depois uma segunda, uma terceira com verdadeira atenção. Agora continuarei a beber o dito café, mas vai faltar a companhia sagrada.
Tristemente será agora mais difícil ficar a par do que se faz no nosso país, do empenho luso numa indústria que ao contrário do que se pensa, é rentável por terras lusas, e que vai ganhando forma de modo lento mas preciso, incisivo e artístico.
Dificilmente lerei numa
Premiere de edição francesa, ou numa
Empire de edição inglesa o que se faz por aqui. Ironicamente, li há umas duas semanas um artigo numa
Film sobre o que conteceu ao elenco de
Pulp Fiction, sabemos tudo sobre a bela
Uma Thurman ou sobre "o meu"
John Travolta, e o que se diz sobre
Maria de Medeiros meus senhores é o seguinte, e passo a citar:
"
Before: Lots of obscure subtitled stuff (She´s Lisbon-born)"
"
After: Went fore more of the obscure subtitled stuff."
Precisam de mais?
O incentivo numa arte como a sétima tem de ser interno, e isto trata-se de um direito e não de um dever, não quero vir aqui com patriotismos de tijela meio vazia, mas não se pode esperar que outros façam coisas por nós, e se por acaso em pouco tempo se fizer outro
Alice, pode ser que eu venha a saber disso num jornal da noite, porque passará no rodapé, entretanto vou matando as saudades nas minhas Premieres empoeiradas que tantas vezes folheio ao adormecer dizendo para mim "olha afinal este papel acabou por ir para o tipo do Fight Club!".
O blog da revista Premiere permanece, felizmente.
Desta vez sacrifica-se o Pai em vez do Filho, a História nem semper se repete.