quarta-feira, julho 25, 2007

A aurora que nasce na cidade dos meus sonhos

Fico-me por "magicamente indescritivel" ao tentar definir o sonho de Segunda feira, nao possuindo eu simplesmente palavras para o descrever. Foi Paz, Preencimento, Alegria muda, Calor espiritamente humano, uma dor profunda ao acordar, um arrepio ao sentir que algo me abandonava, de novo a dor profunda ao aperceber-me que toda a alegria gerada foi apenas um eco vivo enquanto dormia, e desfeito ao despertar. Aquilo que sonhei, na sua importancia: fruto da fugacidade, nao consigo, nem vou tentar decifrar, desfazer o feitico seria improvavelmente discutivel, nem ha enciclopedia onirica que alcance a exterioridade do impacto interior. Talvez tenha sido somente algo que desejei ver, a minha alma ousou talvez ir mais longe do que aquilo a que eu jamais me atreverei a ir. Uma casa enorme e sombria. Um ilustre estranho conhecido. Um longo dia de palavras mudas, olhares trocados, gestos nervosos, sensacoes sobejamente acalentadas e questionadas quanto a sua reciprocidade, e confusao na porta giratoria que da para a janela do meu coracao. Foi neste estado que atravessei uma longa inexistencia de vida, ausencia de morte, um estado por compreender. Chega a noite ( o sonho), o sonho foi assim longo. Uma conversa a quatro, (que passadas duas manhas e uma noite) me parece mesmo a quatro, eu, ele e outros dois seres irrevelantes na quadricidade da tertulia. Durante a conversa entre os seres irrelevantes, ele pareceu-me pensativo (conheco-o bem, sem o conhecer), torturado, incontrolavelmente fragil, com olhos clamantes por Paz, a mesma que senti ao acoradar. Olhou-me como nunca ninguem me olhou (pelo menos que eu notasse) e saiu. E eu ali fiquei, a remoer sobre o que fazer a seguir, " Fico aqui sentada ou vou procura-lo? Mas ja passou tanto tempo. Ja nao o vou encontrar, e tarde...". Sai da mesa, os outros dois la ficaram, sem se aperceberem da nossa saida inconscientemente planejada. Chego a um corredor repleto de portas, um corredor enriquecido pelo escuridao, digna de um pesadelo enganador, e foi um pesadelo dar por mim ali sozinha... Abri a primeira porta com um medo tremendo do que para la da porta iria encontrar: uma mulher sentada a beira da sua cama expulsa-me dali, fechei a porta e abri uma outra, ninguem, abro uma terceira e entro numa sala na qual uma senhora se balanca adormecida numa rede sem dar pela minha presenca, abandono-a e abro uma ultima porta (as restantes foram ignoradas), fui trespassada, perdida por perde-lo para senpre. Mas eis que esta porta da para uma varanda, uma varanda inexplicavelmente fresca, uma varanda que fica no topo da casa (casa essa arquitetonicamente sonhada), da varanda vislumbrei a aurora que emoldurava a paisagem, o nevoeiro que subia da erva orvalhada, um misto de verde a branco azulado, aquilo sim, aquilo foi Paz. "Mas ele nao esta aqui", e eis quando me viro para a mesma porta por onde entrei segundos revolvidos pelas parcas do tempo, e ele entra, calado, sem sorrir e vem na minha direccao. E engracado e desconsolador como por mais palavras que conhecamos ou inventemos, elas parecem nunca bastar para exprimir a beleza, a tristeza parece conseguir definir-se por palavras, o mesmo nao acontece com a felicidade, e infinitamente incaracterizavel. Nao ha codigo, nao ha linguagem, apenas sentidos. Ele gagueja, diz que "ele", que "eu", que "tu", e nao o deixo terminar, ele afasta-me carinhosamente, mas ainda o sinto, diz apenas "Eu amo-te" e ali ficamos pele com pele a contemplar do alto da varanda o nascer de um novo dia, um dia que acredito ter sido concebido durante a noite so para que pudessemos ve-lo juntos, ali naquela varanda bem la no alto. Nao ousarei colocar nenhuma imagem com este texto, pois nenhuma fara jus a beleza inqualificavel do meu sonho sonhado durante uma noite sonhada. Sonho assim na cidade dos meus sonhos.

2 comentários:

Daniela Lopes Moura disse...

Como gosto de te ler :)
Beijinhos

Anónimo disse...

As saudades q eu ja tinha da minha alegre casinha tao modesta kuanto eu...tuu, nao me lembro bem da letra, mas lembro-me de ti todos os dias, ai rapariga Portugal mudou enquanto fugiste...volta, volta, volta, ou vou mesmo eu buscar-te a forca!!

Lindona
Poderosa
Leila ao poder
(volta breve brevemente)