sexta-feira, janeiro 20, 2006

Sala DeCinema

Quanto menos faz, menos o Homem quer realizar, como se se deixasse envolver num turbilhão de tédio e passividade,( porque um leva ao outro), culminando no pessimismo do ser e da espécie. É contra isto que eu luto todos os dias, nem que seja arrastando-me para uma sala escura e vazia de cinema onde me espera uma bobina gasta e pesadamente desenvolvida, cujas falhas na imagem me lembram o que é o cinema. Gosto disso. Fui há pouco levada pela corrente e não sei. Fui há pouco levada a ver algo de que gostei, não queria, não me apetecia...mas fui e hoje sou melhor. Não interessa que horas são, o relógio foi inventado para que me pudesse atrasar, tenho sono, travo uma luta sanguinárea com as minhas pálpebras,elas dominam as minhas pestanas e teimam em derrotá-las...mas elas não cedem...são como eu...levantam-se impunemente de bandeira hasteada e ânimo renovado e banhado pela lágrimas que não choro, porque não preciso, ainda. Ás vezes acho que as lágrimas não foram feitas para chorar mas para serem vistas...e eu dessas fujo, escondo-me: só quero chorar as minhas lágrimas e se possível sozinha, triste, feliz, parada, em movimento, em raiva calma e doce. A sala de cinema é o lugar ideal para o fazer, estou sozinha mas não estou, está escuro mas não está, reconheço todos mas não os conheço...que mais quero eu?? O filme é solidão, é um exercício solitário que orgulhosamente se impõe na minha vida. E eu gosto.

1 comentário:

Nuno Vasco disse...

O que seria de nos sem o cinema ?? O que seria de nos se houvesse uma total inexistencia de mundos que nos fazem sonhar , chorar , refelctir , rir , emocionar , subverter ! O que seria de nos se aquilo que mais reflecte a nossa sociedade nao existisse - O Cinema !! Muitissimo bom artigo ( e nao e para dar graixa ! ) . Byee !!