segunda-feira, abril 08, 2013

Dissecar um bolo de arroz





Desde pequenina que gosto de bolo de arroz.
O bolo de arroz, é aquele bolo, que não leva arroz, mas que se chama bolo de arroz. E é um bolo perfeito. Doce e dourado, com "rótulo" branco e letras a azul. À antiga.

Era eu uma menina pequenina e lambia-me só de pensar no bolinho de arroz que comia com perícia no café do Pinheirinho mesmo ao lado da minha casa.
Dissecar um bolo de arroz tinha muito que se lhe diga. Ou leiam só:

Primeiro retirava a película da base, com cuidado para não perder nem uma migalhinha do bolo. Quando esta tarefa era terminada com sucesso, passava à segunda etapa, etapa essa que me poderia vir a proporcionar de seguida o momento mais aguardado: a prova. O invólucro que envolve o bolo era também ele retirado com calma e carinho, devagar, devagarinho.

Momento de sedução. A menina a olhar para o bolo desnudado à espera da sua primeira dentada. Mas não pensem vocês que o bolo de arroz (que não leva arroz) se come assim, do pé para a mão. Não, não e não. Agora é o momento em que se parte o bolo de arroz em dois: "capacete" dourado e açucarado para um lado e "corpo vegetante" do bolo para o outro.

E está feita a operação. Primeiro come-se o corpo, depois a cabeça. Não costuma ser assim entre os adultos também? Segundas interpretações ao vento, é assim que se prova um bolo de arroz. E eu ando mortinha para meter a minha boca ao barulho com um, e de preferência com o meu velho à minha frente para eu te explicar como se faz ao vivo a cores.

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