domingo, março 14, 2010

Fogo gelado

Um quente que gela. Uma luz que se une a outra no escuro e que se iluminam em compassos ritmados de tempo, que de tão longo parece curto. Saber que nada se quer desperdiçar, absorver cada poro, cada gota de suór, cada cheiro, entrar na catedral e sentir a magia da contemplação profetizada, sentida, inspirada, realizada, vivida e sorvida. Um calor frio, que arrepia, que junta e afasta os corpos, que os remete para a dança dos sentidos e os faz abraçar numa queda doce e macia. Nisto, nasce a liberdade feita e refeita numa doce manifestação física. Lembramo-nos das coisas que realmente importam e nos faltam, das que nos fazem rir quando o riso é preciso, dos primeiros instantes, da imprevisibilidade da vida, da fruição dos encontros "energéticos" e "vibrantes", das horas que passam depressa demais quando o tempo parece querer fugir, da hora que termina e adormecemos aninhados para as aproveitar melhor. Porque tudo o que é bom acaba, e assim damos-lhes mais valor e queremos mais, mais e mais, como se o "mais" fosse humanamente impossível. (Porém, nunca o é) Querer o toque astuto, a língua ávida, o sopro uivante, o gesto majestoso, o elogio marcante e não temer o silêncio, não temer o silêncio que se gera entre os seres no intervalo das horas, quando o dia começa!

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