Diz-lhes que a chama se extinguiu - por saberes que é agora mais forte que nunca- que o corpo deixou de lutar - por saberes que a luta só agora começou- e diz-lhes que és Estrela e não Universo, és margem e não rio, parte e não todo.
Eternizemos o Ontem na cascata das memórias puras - que não são puras porque já estamos a pensar nelas e eu até já as estou a escrever, dá-me algo de real que eu possa explorar ou ignorar, dá-me e eu mostro-te tudo aquilo que já vi, dá-me algo que tenhas e não saibas e dá-me ainda tudo aquilo que te faz falta.
Quanto tempo dura um momento fugaz?
Um dia, um segundo, uma ausência...quanto mais simples, mais particular, quanto mais perto mais trascendente, e sempre no seu devido lugar, no seu lugar de sempre, no seu novo lugar, já não é o mesmo lugar, notaste? Mas não deixa de ser o seu lugar.
Porque HOJE as palavras perdem o significado, fogem-me da boca habituada a pronunciar, se me perguntares porquê , não te preocupes porque eu calo-me.
Sejamos parte do Todo, e não Todo, porque no Todo não há lugar para nós, e na parte ele está sempre à nossa espera, com ou sem palavras, com ou sem expectativas, com ou sem presença, é mais fácil perder-me numa casa que no Universo.
De facto somos a Luz que viaja por entre os poros da malha da atmosfera.
Diz-lhes que tens um coração sempre disposto, que a trizteza é coisa de velhos, que fazes sesta como peixes, que caminhas por entre searas em fins de tarde de Verão, sozinho contigo mesmo, tendo os assobios do vento como companheiros longíquos, diz-lhes que passas as pontas dos dedos pelas superfícies moles, que as absorves como língua quente e viva, repleta de sangue invisível, o mesmo sangue que corre nas veias das tuas mãos que estendes a alguém que não sabes se existe.
Escuta o som do silêncio, aprecia o bailado gratuito dos ramos de árvores, olha, olha sempre, que este mundo é feito de olhares, de palavras vãs ( e disso percebo eu bem), de momentos simples, de gelados de baunilha e bolos de chocolate, de vestidos rodados e normalidade feita folha de papel amachucada.
Sonho que durmo profundamente, e ao acordar percebo que ainda sonho- fecho os olhos - sinto o corpo que está em contacto com algo, adormeço, volto a sonhar, acordo depois do sono profundo e dou comigo a perceber que não me cheguei a deitar.
E como não sei explicar ou justificar algumas coisas que faço, escondo-me por detrás disto: escrever ajuda-me a abrandar os meus pensamentos que querem ir de encontro aos meus sentimentos.
Acho que não serve, que nada justifica, não chega eu sei, mas prometo crescer em breve.
Sem comentários:
Enviar um comentário