sábado, março 10, 2007

É difícil nomear coisas

Se se procurar ao longo de toda uma curta vida o caminho mais fácil, encurtamos ainda mais a nossa passagem por esta Terra desavergonhadamente atraente.
Escolhe-se o menos sinuoso, por vezes o menos sombrio...e tudo isto na esperança de alcançá-la num curto fragmento temporal, tanto quanto um pássaro leva a bater uma asa frágil e pequena, bela e fina...como se a felicidade fosse trivial. Encontro-a em pequenas insignificâncias, mas não é por isso ninharia, pelo contrário, tomara muitos perceber o quão majestosa ela se torna quando contemplada e vivida segundo a segundo. Por vezes sinto-a chegar por entre bolhas de ar azuis claras que a brisa carrega no seu ventre inquebrável trazendo palavras sussuradas até aos ouvidos cândidos. Encontro-a no Amor, tome Ele a forma que mais lhe convir, tome Ele a forma que mais deseje, tome Ele a forma que um capricho mais caprichoso, vivido porque se quer vivo, esse agente secreto que segue as pistas mais contraditórias, ilusionista de sentidos falíveis. E se eu disser que o amor não é o caminho, nem tão pouco o destino?... Materializamo-lo ortograficamente, desenhamos símbolos virtuosos, divinizamos nomes, repetindo-os furtuitamente em linhas de cadernos já repletos de palavras vãs, colorimos folhas brancas, que agora tingidas com uma cor que nós pensamos ser a do sangue (não é tão vivo no entanto) são também elas agora escravas dum sentimento atribuido ao coração...como se ele tivesse culpa. Focar-me-ei no caminho, gosto muito de caminhos, de andar quando o Sol me beija os cabelos e o aclara sem para isso pedir permissão. Caso o caminho se torne difícil e eu não tiver vontade de desistir, levarei a bússola. O caminho solitário não tem piada, é muito silencioso, mais lento, se ao menos levar a bússola, pode ser que com sorte eu não me perca, pode ser que desfrute mais por ao menos me sentir descansada, sem pressões e com tempo, todo o que o mundo me quiser oferecer... E se a bússola for a outra metade a tal que tanto procuramos desviando-nos do caminho?? Talvez só com a bússola chegemos a tempo de sermos felizes (verdadeiramente felizes), talvez com ela tracemos uma rota que nos permita de facto encontrar o sentimento. Ainda estou a construir a minha bússola, peça a peça, umas compro, as outras troco com alguém que já as usou e danificou...(os que uns estragam os outros arranjam)...as outras peças encontramos por acaso, ao acaso, recolhemos de sítios abandonados já que outros não as puseram usar. Depois quando reunidas durante o caminho, tentamos astuta e secretamente que se encaixem umas nas outras. Estamos todos a fabricar as nossas bússolas, umas são mais perfeitas que outras, mais ricamente compostas, mais funcionais, mais enganosas, e outras por mais que arranjemos, precisam sempre de revisão. E como qualquer apetrecho fabricado, nem sempre funciona, por vezess com uma abanão...mas não muito forte que se estraga para sempre. Sei sabiamente que a bússola levar-me-á "tempo e dinheiro" a construir, podemos pedir a outros para a fazer, mas não tem o mesmo valor, disso estou segura. E quando miraculosamente construída pelas mãos da princesa incansável, bafejada pelo sopro celestial das fadas, a bússola funcionará, o coração indecifrável no centro espalhará as vértices da rosa, o caminho surgirá claro como lágrima percorrendo a face alva da figura feminina... ........a Norte e a Sul, Tu......a Este e Oeste, Eu.....

1 comentário:

Anónimo disse...

Oh e eu que pensei que tu estavas sempre a Leste??

To
(beijinho lançado ao vento)