sábado, fevereiro 24, 2007

Diário de um tal Jesus

A premissa:
Nas profundezas das terras arídas de Jerusalém foram descobertos manuscritos intocados. Alguns suspeitam que se trata de uma verdadeira "aldrabice" outros afirmam ser a prova que faltava no puzzle. Transcrever-se-ão aqui algumas passagens do diário encontrado, sabemos que se trata de uma liberdade assegurada, não pretendemos ferir quaisqueres susceptibilidades, não pretendemos brincar com nenhuma fé. A verdade: Trata-se de um exercício livre, uma combinação imaginativa daquilo que poderia ter sido, e se calhar foi. Qualquer crítica, por favor batam na consciência desta pobre alma que escreve ao sabor da insatisfação e cujos dedos se movem involuntariamente guiados apenas pelas leis da ortografia. Os autores destes texto são uma e uma só pessoa, o uso da segunda pessoa do plural exige-se por um qualquer capricho da autora, talvez uma vontade de se sentir "universal". Se existe uma bíblia que se diz regedora de leis e moralidades, porque não um diário aladrabado e sentido, se o Vaticano pode dizer como devemos viver e aquilo em que devemos acreditar desde que o façamos de consciência limpa, pois bem, a minha consciência está imaculada, escrevo sem reservas e medos de represálias. A fé essa está intacta e não serão palavras que a minimizarão, se pensarmos assim, então a liberdade deixa ser condicionada, e encontramos o verdadeiro caminho para a felicidade. 27 de Dezembro de 0000 Nasci há dois dias! Parece que no dia 25 vieram 3 senhores que exigiram um teste de paternidade à minha mãe, mas ela pôs-se a dizer que o que interessa é o que está no coração. Mulheres!! Ela continua a dizer-se "virgem" e o meu pai, esse passa o dia a adorar-me e a limpar o estábulo. O Baltasar diz que eu puxei à mãe, o Belchior diz que eu ao José não saio de certezinha, e os vizinhos dizem que eu tenho mas é cara de terrorista... Parece também que têm todos grandes planos para o menino: "Salvador" e blá blá blá. Eu só sei é que toda a gente me quer fazer favores, e oferecer-me fraldas todas limpas, vou mas é a proveitar esta maré de devoção, antes que se esgote. Por agora fico-me por aqui, a mamã já se alambazou com o baú que tinha escrito "ouro", as outras deu-as ao Zézinho ( é como ela chama o meu papá) alegando que ele não tinha carregado nada durante 9 meses que não sabia bem o que era, ele disse baixinho "não sabias não". É engraçado ver como funcionam as relações amorosas, o Amor é uma coisa muito bonita de se ver, e é impressionante como percebo aquela coisa do " ler nas entrelinhas" acho que isso define qualquer ligação entre humanos. Bem vou mas é pedir o almoço, que isto de ser o "tal" é espiritualmente esgotante.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

É tempo!

(não é um prado de daffodils, mas um lago de Monet. Entusiasmo: a Arte existe!)
Em dias de consumismo desenfreado como o dia dos Namorados, acontecem imprevisbilidades previsíveis, frustrações apelativas, dramas "arrufados", o amor (ah) o amor também acontece: ao virar da esquina, nas escadas rolantes de uma qualquer centro comercial, na fila na loja do cidadão, na sala de aula, na paragem do autocarro, na sala de espera do dentista, enfim tanto lugar, tanto amor!!
Num dia como este é de esperar que o nosso "mais que tudo" nos brinde com um sorriso especial, um swatch horroroso comemorativo da data, um peluche detestável da Bunny's, uma caixa de chocolates em tons vermellhos e em forma de coração. Já não se oferecem cd's (sacam-se), dvd's (sacam-se), cartas de amor (messenger, e sms estão cá para quê?), jantar à luz das velas (McDonald's please!!), romantismo moderno?
Pena que já não possamos ler livros a falar do amor( correspondido ou não), em que amantes se conhecem sem nunca se ter visto, que se procuram inconscientemente, misto de desenganos, bilhetes entregues por conhecidos, uma flor "esquecida" à nossa porta, um beijo roubado numa carruagem de terceira, um reino repleto de "daffodils" amarelas (para quem viu Big Fish faz sentido).
Num dia como este espero sempre caras alegres nas ruas, mas deparo-me com pessoas FEIAS e SOMBRIAS, saídas de uma obra de Munch, e porquê ?
Estava eu numa fila da florista, sim havia uma grande fila na florista, (eles não podem passar o dia com elas mas ofererecem umas rosas jeitosas) a fila era um desânimo para qualquer monge de nome Valentim ou para qualquer Cupido barroco, não vi uma expressão de felicidade, de emoção...nada, e nisto olho para a beira do passeio e vislumbro uma pomba branca e etérea num universo tão pouco lírico, a pomba esse símbolo estava lá, agora aquilo que ela simboliza longe, longe e ela ali tão perto!
Não espero que se amem mais no dia de São Valentim, eu própria o que amo faz mais sentido num "dia normal", espero que continuem felizes como nos outros dias, e se não o são, comecem a fazer por isso, é tempo!
E se por acaso "meninas" algum moço excitar os vossos neurónio afectivos, não se façam de desentendidas, aquela de ah "fazer-se de difícil" é um jogo astucioso, mas meninas astutas essas são poucas, acham-se mas enfim...!! E meninos não se ponham já a pensar que "está no papo" porque não está..nunca está!

sábado, fevereiro 10, 2007

Pietà

(Michelangelo, Pietà)
Texto surdo a um comentário audível
Há coisas para o qual estamos preparados, outras para as quais nunca nos prepararemos, só vivendo essas mesmas situações "recolhidas na tranquilidade", como já dizia um tal de William Wordsworth.
Afirmar hoje que se tem pena de alguém é já um lugar comum, tivesse eu a capacidade, a oportunidade, a vontade sequer de sentir pena de alguém, mas não consigo.
Acredito que "ter pena" de alguém é simplesmente algo que nos protege...e muitas vezes o que dizemos não é o que sentimos...protege-nos fazendo com que não tenhamos mais pena de nós próprios, e isso sentimos mas nunca dizemos.
Vejo fome, guerra, morte e não sinto pena, aliás ninguém sente, segue o seu caminho, desses ninguèm diz "tenho pena" ou então diz, mas só porque se não o fizer foge aos cânones morais da boa educação.
Eu não sei sentir pena de ninguém, não preciso de o fazer para me sentir superior, porque no fundo trata-se de um jogo de equilíbrios, dois pesos desiguais em dois pratos da balança, o mais forte tem pena, o mais fraco é aquele sobre a qual a piedade é exercida.
Ponhamos mão nas nossas consciências, e percamos essa necessidade mesquinha e trivial, porque a vida é mais do que isso, muito mais...pena (e uso agora a palavra propositadamente) que só consigamos ver aquilo que queremos ver, e aquilo que mais nos convém. Triste, é vermos más caras por entre a multidão, como se o mundo fosse nosso inimigo. minha vontade faço por segui-la, quero "voar mais, e mais alto", nem que para isso esse voo seja sobre terras mais altas!
Bem hajam