
A premissa:
Nas profundezas das terras arídas de Jerusalém foram descobertos manuscritos intocados. Alguns suspeitam que se trata de uma verdadeira "aldrabice" outros afirmam ser a prova que faltava no puzzle. Transcrever-se-ão aqui algumas passagens do diário encontrado, sabemos que se trata de uma liberdade assegurada, não pretendemos ferir quaisqueres susceptibilidades, não pretendemos brincar com nenhuma fé.
A verdade:
Trata-se de um exercício livre, uma combinação imaginativa daquilo que poderia ter sido, e se calhar foi.
Qualquer crítica, por favor batam na consciência desta pobre alma que escreve ao sabor da insatisfação e cujos dedos se movem involuntariamente guiados apenas pelas leis da ortografia.
Os autores destes texto são uma e uma só pessoa, o uso da segunda pessoa do plural exige-se por um qualquer capricho da autora, talvez uma vontade de se sentir "universal".
Se existe uma bíblia que se diz regedora de leis e moralidades, porque não um diário aladrabado e sentido, se o Vaticano pode dizer como devemos viver e aquilo em que devemos acreditar desde que o façamos de consciência limpa, pois bem, a minha consciência está imaculada, escrevo sem reservas e medos de represálias.
A fé essa está intacta e não serão palavras que a minimizarão, se pensarmos assim, então a liberdade deixa ser condicionada, e encontramos o verdadeiro caminho para a felicidade.
27 de Dezembro de 0000
Nasci há dois dias!
Parece que no dia 25 vieram 3 senhores que exigiram um teste de paternidade à minha mãe, mas ela pôs-se a dizer que o que interessa é o que está no coração. Mulheres!!
Ela continua a dizer-se "virgem" e o meu pai, esse passa o dia a adorar-me e a limpar o estábulo.
O Baltasar diz que eu puxei à mãe, o Belchior diz que eu ao José não saio de certezinha, e os vizinhos dizem que eu tenho mas é cara de terrorista...
Parece também que têm todos grandes planos para o menino: "Salvador" e blá blá blá.
Eu só sei é que toda a gente me quer fazer favores, e oferecer-me fraldas todas limpas, vou mas é a proveitar esta maré de devoção, antes que se esgote.
Por agora fico-me por aqui, a mamã já se alambazou com o baú que tinha escrito "ouro", as outras deu-as ao Zézinho ( é como ela chama o meu papá) alegando que ele não tinha carregado nada durante 9 meses que não sabia bem o que era, ele disse baixinho "não sabias não".
É engraçado ver como funcionam as relações amorosas, o Amor é uma coisa muito bonita de se ver, e é impressionante como percebo aquela coisa do " ler nas entrelinhas" acho que isso define qualquer ligação entre humanos.
Bem vou mas é pedir o almoço, que isto de ser o "tal" é espiritualmente esgotante.