domingo, março 12, 2006

Aurora no crepúsculo

E os primeiros raios de Sol escorrem por entre o fino véu de água que me cobre os olhos. Não estranho a ausência da felicidade, estranho-a quando a sinto, porque por mais que a queira ela obriga-me a flutuar no futuro, como seu eu soubesse secreta e ocultamente que lá acaba e que se vai rir de mim por pensar que não, porque todos pensamos que não. Isto é tao real. Quando estou infeliz sou a primeira a perguntar "Porquê?", mas quando feliz é o meu estado de alma, não me recordo de me questionar a mim ou o que quer que seja, o porquê...o Homem é tão inexplicavelmente explicável. Nao deveríamos ser o grande segredo da humanidade. O cofre da vida, a questão inquestionável, a prisão num Hades imaginado? Talvez não. O Homem é simples...demasiadamente simples, ele não se considera, mas é. A complicação descende da nossa mente, essa cortina de veludo vermelho que insiste em nos obrigar a viver num mundo que não percebemos, porque somo nós que o criamos, somos nós que o complicamos e somos nós que nos escondemos por entre as cortinas, enviando apenas mensagens indecifráveis para quem as quiser ouvir, quem as quiser decifrar...quem as quiser esquecer. Hoje sou feliz, por quanto tempo não sei. Sigo as passadas da minha sombra que inadvertidamente caminha à minha fente antecipando todos os meus movimentos. Tudo é mais fácil quando temos uma sombra, tudo é mais fácil quando somos só nós, e a nossa sombra. Hoje tenho sombra. Hoje é um dia feliz, amanhã espero ao acordar, vê-la sentada ao meu lado a contemplar-me, qual deusa do Olimpo no seu trono branco a coroar heróis com coroas de folha de oliveira. E eu fujo da Terra, Como se não houvesse mais Fogo Como se não houvesse mais Ar Como se não houvesse mais Água Como se não houvesses mais Tu. Obrigada, por saber que um dia pararei de fugir.

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