Há uma
pessoa lê as linhas dos livros que não escrevo. Que ilumina os dias mais
sombrios. Esta pessoa deita-se numa cama mal feita, ou até mesmo por fazer,
porque há alguém (não vou dizer quem) que não tem gosto em tratar disso. Há uma
pessoa que ouve as palavras mudas e as devolve em desejos realizados. Uma
pessoa que passa os dedos por entre os meus fios finos de cabelo e diz que eles
cheiram bem, duas, três vezes por hora. Uma pessoa que respira o meu ar, que
bebe a minha água e que partilha o meu guardanapo. A pessoa que me ilumina, me
resguarda, me engrandece e me segue sempre até ao encontro enamorado. Essa
pessoa és tu. Sim, tu.
E porque tudo o que vejo, vejo como nos filmes. E porque tudo o que fazemos e sentimos pode ser recordado nas asas de um caleidoscópio em pleno movimento. Se há "acção" eu revelo por aqui.
sexta-feira, junho 07, 2013
quinta-feira, junho 06, 2013
As suas penas mexiam ao sabor do
vento febril da manhã de Junho. Olhei-o de cima, como os olhos de Deus penetram
no mundo. Senti-me tudo. Tudo, menos Deus. Aquela criatura fria e dura teve um
fim triste e o mais certo é acabar no fundo de um contentor do lixo. Está só, e
deu o último sopro entre buzinas e carros, transeuntes de passagem apressados e
sem tempo para compaixões de início de dia. Por segundos, vi-me naquele chão
sujo e cinzento, por minutos imaginei-me morta e fria a ser espezinhada pelos
demais, por uns segundos apenas porque tive de seguir em frente com os olhos
postos no futuro.
Imagem retirada daqui: http://browndresswithwhitedots.tumblr.com/page/9
Todos nós
Às
vezes é-se bom, outras vezes é-se mau. Tem dias em que o interesse é maior e a
fraqueza acompanha-a. Outros em que sorrimos mais, e outros em que choramos
mais. Dou por mim a subir muitas vezes a Avenida e a olhar para as expressões
das caras de quem passa por mim. Já vos deve ter acontecido certamente. Olhar
para elas, e parar para ver que as suas caras estão tristes, que as linhas que
figuram os lábios estão em sentido descendente, o mesmo sentido da linha do
olhar. Dou por mim a olhar e a ver dor, e a dor transforma-se em aperto no
coração e o coração vacila em bater. Dou por mim a pensar também que ninguém é
totalmente bom e ninguém totalmente mau. Não tenho pena delas, eu sou como
elas, não tenho pena, apenas paro para pensar nisso, porque nada posso fazer
por elas. Todos nós temos um pouco de Dr Jekyll e Mr Hyde em nós. Todos nós
somos capazes de trucidar corpos de inocentes num dia, e ter bondade no coração
capaz de transformar o mundo no outro. Todos nós.
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