A arrogância dos
sábios cansa-me. Ser dono da razão é das coisas mais chatas e aborrecidas do
mundo. Saber tudo e nem sequer querer ouvir o outro ponto de vista, mesmo que
errado, mesmo que louco. Porque é que dois mais dois terão de ser sempre e
invariavelmente quatro? Porque é que não posso pegar nos primeiro dois e
transformá-lo em andorinhas, e nos outros dois e transformá-los em gomas e
dizer que afinal dois mais dois são três, porque entretanto uma das andorinhas
decidiu voar para longe dos sábios.
Na minha perspectiva,
se continuarmos a acreditar nos sábios, e nos factos perdemos uma capacidade
maravilhosa: a de tirar os pés da terra para poder sonhar. Sonhar é a nossa
janela para o mundo em que queremos viver para o resto da nossa vida. É que nos
sonhos podemos ser
quem quisermos, sermos dotados de força ou medo irracional.
E depois aparece o
sábio e diz-me que dois mais dois são quatro e eu perco as forças. O
sábio que em vez de particularizar e se espantar com o novo, generaliza o seu
próprio conhecimento e transforma-o em banalidades repletas de verbosidades
impenetráveis.