domingo, outubro 31, 2010

Amor é o lugar de onde se parte, é o caminho que se trilha e o lugar a que se chega.

Para uns ponto de partida, para outros.. de chegada... isto se forem a tempo, e se não desistirem antes.
De onde se parte afinal? E para onde se pretende ir?
Questiono-me sobre isto sem saber muito bem o porquê. Como se durante o sono profundo sem sonhos fosse assaltada pela dúvida que mais não é energia esvaída a recompor-se.
Talvez Amor.
Será Ele construção, produto final...ou, ponto de partida?
Seja o que for deve ser na mesma proporção partilhado. Creio que o Amor vem antes de tudo, somos produtos de Amor, emanamos Amor pelas pequenas coisas, por nós próprios, amamos ainda antes de nos apercebermos e de constatarmos por palavras. Amor. Para mim, ponto de partida para algo em construção, uma aura crescente.
Esperar por amar, não é amar verdadeiramente, é simples sujeição. Para uns o Amor sente-se logo ao início, para outros o Amor é um objectivo. O Amor não se conquista, não se rouba, não se perde, não se ilude, não se vende, não se consubstancia em corpo, não se ganha, não se vitimiza, não se cansa, não se desgasta com o tempo, não colide com ideais, não.
O Amor engradece, ecoa, brilha, acolhe, perfura e liberta, sente-se na brisa do vento, na língua húmida, no bater do coração, no sorriso de uma criança, num miar de um gato, num abraço em noite de tempestade. O Amor cresce na perda, na mudança, na dor, na luta, o Amor dissolve as diferenças, o Amor é aquele momento perpetuado em câmara lenta, que com a brisa acelera o passo e se transforma no caleidoscópio dos nossos sentidos.
O amor pede apenas coerência, entre o que se diz, o que se escreve e o que se faz.
O amor pede coragem.
O amor pede menos do que aquilo que dá. E se for difícil dar, então é porque não se trata de Amor.
Amor é o lugar de onde se parte, é o caminho que se trilha e o lugar a que se chega.

domingo, outubro 24, 2010

Embalada

...pelo som da melodia feita batida do meu coração, coração que é meu, meu e de mais ninguém. Pensamento livre, livre como o pássaro que voa sem destino, sem estação de ano, sem vento, sem fome, pássaro que voa porque quer voar, porque tem asas e porque pode voar.
Apoderar-me da fome que se transforma em calor e que mata o frio no peito sedento de novo sangue. Sem muito fazer, a não ser tudo aquilo que me parecia mais coerente com o sentimento acorrentado à vontade de não despir a minha alma, porque sem ela nada seria...prossigo.
Consciente de que tudo em meu redor, nunca é presente, o presente é um instante que no final desta frase já terminou. Vivo o passado como quem atravessa um corredor remodelado pelas memórias da minha mente, estantes de conhecimento, de lágrimas e sorrisos, pilares de harmonias, de súores frios, de línguas quentes, quadros pintados a aguarela, lágrimas que não chorei, planta que não cresceu, sorte que tive em perder, porque ao perder sei que ganhei.
Que chegue o futuro no final da próxima frase, momento prestes a ecoar por entre cortinas, como as ondas do mar que recortam as rochas duras, cinzentas e em mudança eterna. Sejamos essas rochas, vivamos em constante mudança como elas, deixemos para trás as pégadas na areia que o mar tratará de desfazer, abracemos o céu estrelado, o beijo do sol ao mar pela manhã, o início do dia, do dia da nossa vida.
Da minha vida.